quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Sozinhos

Resultado de imagem para fotos de corações partidos

 A água quente escorre por seu corpo magro e com curvas. Simone deixa que cada gota lave sua alma cansada e pesada. Sem muita vontade ela fecha o registro e se envolve na toalha rosa. Devagar ela abandona o Box e tateando com o pé direito ela procura por suas sandálias. Simone cruza a cozinha em direção a sala. O lugar está às escuras, mas isso não chega a incomodá-la. Nua, completamente nua, Simone se despoja da toalha e mesmo molhando o piso ela circula pelo quarto em busca de sua peça íntima.

              Querendo ou não Simone é bastante sensual colocando sua calcinha vermelha. Mais uma vez ela se olha no espelho. Em outra época ela com certeza dançaria uma dança pra lá de insinuante. Hoje não. O clima não favorece. Ela pega sua roupinha de dormir e a coloca e se joga na cama. Olhando para o teto Simone pensa em tudo que viveu durante o dia.

              No corredor do fórum ela aguardava a chegada de sua advogada mexendo no celular. Ao olhar para o portão principal ela sente seu coração palpitar. Fernando. Ele caminha e quando seus olhos se cruzam eles disfarçam. Ela volta a mexer no aparelho e ele se acomoda no banco. Depois de algum tempo esperando finalmente sua advogada chegou. Com dois beijinhos elas iniciam uma conversa. Fernando finge que não vê. Logo em seguida um homem de terno e gravata entra e se coloca ao lado de Fernando.

              É chegada à hora. A anunciante com sua voz aguda chama por Simone e Fernando. Ambos entram à sala refrigerada na companhia de seus advogados. A audiência seguiu tranquila. Vez por outra eles trocavam olhares, mas nada além disso. Depois de quase uma hora eles saem. Fernando troca uma ideia com o doutor. Simone se despede com um forte abraço em sua advogada. Fernando entra em seu carro, um Tucson e Simone pega um táxi.

              Agora ela está ali, deitada, olhando o teto e imaginando o que Fernando estaria fazendo à uma hora dessas ali com ela. Sexo, com certeza eles estariam fazendo sexo, como faziam quase toda noite. Seu estomago reclama e avisa que ela não come desde a tarde. Depois de devorar o sanduíche ela abre a janela e observa a movimentação da cidade do décimo andar. Respira ar puro e tenta não chorar. Mas ela não consegue, a saudade é grande e machuca demais. Suas lagrimas escorrem lubrificando seu rosto bonito e jovem. Fernando, aonde você está?

             À hora de dormir é algo doloroso. Simone procura por Fernando e não o encontra. Um terror, um horror, separação é algo terrível mesmo. Logo Simone que prometeu viver toda a sua vida ao lado de Fernando. Hoje ela se encontra sozinha e apavorada pelos fantasmas das cruéis lembranças. Depois de três horas finalmente ela pega no sono.

             O sol invade o quarto a fazendo despertar. Devagar ela abre os olhos e sem muita coragem ele pega o celular e quase morre do coração ao ver o nome de Fernando na relação das chamadas perdidas. Simone verifica e vê que deixou o aparelho no silencioso.  



              Como tudo isso foi acontecer? Onde erramos? Por que estou sozinho nessa cama? Essas perguntas rondam a mente de Fernando e ele não encontra respostas plausíveis. Diante de um quadro que aparentemente parece irreversível, ele faz uma breve reflexão de sua vida ao lado de Simone nos últimos cinco anos. Tudo parecia legal, bonito, as mil maravilhas. De repente o que era não existia mais e tudo veio a baixo num piscar de olhos.

              Ele não consegue pegar no sono. Simone não atendeu sua ligação. Seu coração está partido em mil pedaços. O jeito é esquecer e tentar um rumo diferente.

              Trabalhar nunca foi tão complicado. Logo ele que precisa ter cem por cento de sua mente focada no trabalho. Hoje, sentado em sua mesa apinhada de tarefas, Fernando não encontra coragem sequer para ler os relatórios. Se pudesse ele jogaria tudo pela janela e fugiria da li voando. Com um longo suspiro ele inicia o trabalho sem a mínima vontade.

              A volta para casa é ainda mais complicada. Ter que passar em frente de onde era seu lar ao lado da mulher que amava é muito ruim. Ele tenta mais a velocidade é reduzida. Lá está o portão, o muro, a caixa de correios e a antena da Sky. Putz, que sensação horrível. Fernando pisa no acelerador e dispara estrada a fora.

              Machucado, sim, Fernando está machucado e sem forças para reagir. Até mesmo numa conversa informal com seu amigo ele não consegue relaxar:
               - O que vai fazer de sua vida agora Fernando?
               - Sei lá, tudo aconteceu tão rápido que ainda não tive tempo de pensar nisso.
               - Se precisar conversar não hesite em me ligar, certo?
               - Valeu parceiro!

               Hora de dormir. Caramba, que coisa chata, terrível. Onde está Simone com seus cremes pos banho e seu roupão rosa. Quantas vezes ele a surpreendeu retirando a força o roupão e a jogando na cama nua para mais uma noite de sexo. Nossa que lembrança incomoda. Ele se pega com ereção ao pensar no corpo de Simone. Constrangedor. O que ela estaria fazendo nesse exato momento?

               O dia amanheceu. O cheiro do café é gostoso e perfuma toda a casa. Simone termina de passar a bebida fumegante quanto batem na porta. Ela franze a testa, seus trajes não estão adequados para visita. Antes de abri-la ela confere, seu coração quase grita:
               - Fernando?
               - Oi, quer dizer, bom dia!
               - Bom dia!
               - Passei por que acabei esquecendo de pegar dois livros que estão dentro do guarda roupas.
               - Livros? – Simone tenta ser forte, é a primeira vez em um mês que eles se falam.
               - Sim, um do Dan Brown e o outro do Harlan Coben, pega lá pra mim, por favor.
               - Tudo bem!  


              Fernando permaneceu na porta doido para entrar e enchê-la de beijos. Simone entrou no quarto a procura do tal livro. Como de sempre ela demora um pouco para achar e volta olhando a bela capa do livro:
              - Não me lembro desse!
              - O comprei antes disso tudo acontecer. – estende a mão.
              - Disso tudo o que? – apóia o corpo na parede.
              - Ah, você sabe, Simone.
              - Você pode me emprestar quando terminar de ler?
              - Ué, desde quando você é fã de livros?
              - Ah, sei lá, um dia a gente precisa mudar um pouco né?
              - Bom, eu já vou indo, thau!
              - Thau!

              Fernando entrou no carro e não pode deixar de notar Simone o observando ainda da porta, será que vale a pena um adeus? Ele arrisca e ela acena também. Será que vale a pena voltar lá e abraçá-la e levá-la para cama? Não, ai seria demais né Fernando! Ele acelera e desaparece ao dobrar a esquina.
              Simone ainda permanece ali parada na porta sentindo o perfume amadeirado de seu ex imaginando ele voltando e a abraçando e a levando para cama a deixando louca. Porém ele partiu, sumiu, será que volta? Acho que não. Ela dá meia volta batendo a porta.

              Um mês se passou, um longo e terrível mês se passou e desde aquele dia Simone não teve noticias de Fernando. Agora que está livre, ela vive indo a shows e sessões de cinema mesmo sozinha. É chato, mas, fazer o que? O pior é ter que conviver com as cantadas e convites de outros homens.
              
               Simone se abaixa para pegar açúcar e quando levanta dá de cara com Fernando:
                - Oi, tudo bom? – diz ele.
                - Tudo e você?
                - Vou bem, viajei para a casa do tio Moisés, lembra dele?
                - Sim, claro e como ele está?
                - Doente, precisando de cuidados.
                - Que chato, Fenando, mas ele vai ficar bem se Deus quiser. Fazendo compras? – ela pergunta.
                - Não, apenas algumas coisinhas para passar a noite. – aponta para a cestinha cheia de Miojo.
                - Miojo? Desde quando você come miojo?
                - Pois é. – coça a cabeça. – tenho que me virar. – Fernando dá uma disfarçada e olha para a cesta de Simone repleta de coisas para uma macarronada, aquela preferida por ele.

                Na saída do mercado eles se despedem:
                 - Bom, eu já vou indo, preparar meu miojo. – ergue a sacola.
                 - E eu preparar meu macarrão com queijo.
                 - Ótimo, vou indo então, thau!
                 - Thau!

FIM   

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Terror e Travessuras


 Os adolescentes Renato e Marcelo são típicos garotos curiosos que adorariam saber o que se passa no quarto do casal que mora ao lado de sua casa. Por várias noites eles fizeram plantão para ouvir os ruídos e gemidos da cama do casal.
     - Marcelo, venha ouvir, estão transando de novo.
     - Sério?
     Por morarem numa vila, as paredes coladas uma nas outras facilita a vida dos curiosos moleques que estão com os hormônios à flor da pele. Certamente irão se aliviar na hora de dormir.
     Mais uma noite e lá estão Renato e Marcelo com os ouvidos colados na parede ouvindo os sons emitidos pelo casal.
     Pela manhã, antes de saírem para escola, eles batem de frente com o casal. Realmente a mulher é bastante atraente.
     - Bom dia garotos!
     - Bom dia!- respondem em uníssono
     No caminho para o colégio, Renato o mais safado deles, explana sua ideia.
     - Vamos filmar a transa deles e postar na internet. – Marcelo franze a testa.
     - Isso é crime, não acha?
     - Que nada, vai ser legal.
     Eles matam o último tempo de aula e voam para casa. Ainda de uniforme, eles pegam o celular. O casal ainda não chegou.
     - E agora? Como vamos entrar e posicionar o celular? – indaga Marcelo.
     - Faremos um buraco na nossa parede, o suficiente para o celular conseguir filmar, ai então...
     - Você é louco mesmo Mano.
     O buraco e feito e por sorte, Renato conseguiu um bom ângulo para a filmagem. Basta agora esperar e conseguir imagens repletas de puro sexo.
      As horas vão se avançando e nada do casal chegar.
      - Caracas, será que vão chegar tarde, já estou com sono. – lamenta Marcelo.
      - Pois é meu irmão, vamos colocar o celular posicionado e deixar filmando a noite toda, amanhã veremos se eles transaram ou não!
      - Valeu!
      Pela manhã Renato acordou e logo se lembrou do celular. Marcelo ainda dorme e ele pega o aparelho e verifica a filmagem. Por enquanto nada, somente o quarto vazio. A filmagem vai passando e o quarto vazio permanece.
      - Puxa, não dei sorte, queria tanto gravá-los transando.
      A filmagem vai chegando ao seu final quando de repente alguém surge na porta do quarto. Não se trata do casal. Uma mulher com um vestido branco que não caminha e sim levita. Renato treme. A mulher continua circulando pelo quarto vazio até que ela vê o celular e com seus olhos apagados fica a contemplar o aparelho. Vociferando, Renato acorda seu irmão.
     - Fantasma, fantasma, fantasma!!!