domingo, 21 de janeiro de 2018

EM DECOMPOSIÇÃO - O Estuprador



EM DECOMPOSIÇÃO
O ESTUPRADOR


Ela já está exausta, suada e quase sem fôlego. Renata corre driblando as árvores e o lodo escorregadio. O sol forte ajuda a fazer da fuga um verdadeiro martírio para uma mulher frágil como ela, por isso ela corre. Suas lágrimas se misturam ao suor e ao sangue que escorre de seu supercílio esquerdo. Tal ferimento foi causado pelo início desastroso de sua fuga. Renata ao passar por uma região abafada e úmida, escorrega se esborrachando com força no chão lamacento.
- Mais que droga. - diz choramingando
      Joelho ralado, mãos sujas de lodo e roupas grudadas ao corpo devido ao suor. Ela se sente podre, suja, mas o que vem atrás dela é ainda pior. Seu nome é Maurício, ou simplesmente o estuprador. Antes do mundo se resumir em mortos-vivos, Maurício já havia puxado cadeia por estuprar cinco mulheres, todas elas de forma violenta, ao ponto de perderem partes do corpo como orelhas e dentes. Maurício ficou conhecido pela forma violenta de agir. Na cadeia ele foi violentado e espancado pelos outros presos até que o surto zumbi começou e houve a fuga em massa da penitenciaria. Maurício passou a atacar mulheres desesperadas, amedrontadas e sem esperança. Nesse novo mundo, Maurício passou a matar suas vítimas depois de consumar o estupro.
       Renata volta a correr até chegar num riacho onde há alguns zumbis vagando. Ela saca seu facão cego e vai decapitando e explodindo os crânios apodrecidos. A ex vendedora de loja de perfume vai abrindo caminho até não existir mais mortos-vivos em seu caminho. Sede, ela está com muita sede. Beber da água do riacho seria suicídio já que há pedaços de mortos nele. Vida que segue. Renata atravessa o rio entrando numa mata fechada. O mato alto cortante fatia sua pele que arde feito brasa. O cansaço é mais forte e ela cai com o rosto no chão. Sua mente começa a girar quando ela sente as mãos fortes de Maurício a segurando pela cintura.
- Valeu a pena entrar nessa floresta cheia de zumbis, veja que espetáculo de mulher.
      O medo finalmente a dominou, o ódio também. Renata agora sente na carne o pânico das outras mulheres. A sensação de ter um estranho em cima dela lhe despindo é algo imensurável. Ela está paralisada, com medo, sem ação. Sua calça jeans é retirada e jogada de lado.
- Nossa, que coxas. - Maurício faz questão de lambê-las.
       É preciso reagir, Renata precisa fazer alguma coisa, se entregar desse jeito seria uma covardia com ela mesmo. Seu joelho se encontra com o escroto de Maurício que urra e fica furioso. Dois socos e Renata fica fora de combate.
- Vagabunda, só por isso vou comer sua orelha. - vocifera.
        Maurício rasgou a calcinha usando a violência enquanto Renata chora e limpa o sangue que escorre do nariz. Pela primeira vez o estuprador resolveu admirar sua pressa antes de devorá-la. Renata é realmente uma mulher bonita de rosto e de corpo, nem magra e nem gorda, na medida certa digamos. Ele a degusta com os olhos antes de violentá-la. Maurício pega o facão de Renata e o arremessa no riacho. Abaixa seu zíper e seu pênis já ereto deixa sua vítima apavorada.
- Por favor, por favor, deixe-me ir, por favor.
- Cala boca, vadia. - outro soco.
          Ela se entrega de vez. Melhor morrer logo do que ficar correndo de um lado para outro dos mortos e dos vivos. Pra ela já chega. Como uma escrava sexual ela obedece ao estuprador que ordena que Renata abra bem as pernas. A penetração acontece, lentamente e de maneira gradual vai ficando mais intensa. A respiração entrecortada da mulher mostra a violência do ato. Renata fecha os olhos marejados e volta para sua vida ao lado de Diego, seu namorado que se tornou um dos mortos-vivos. Ela o amava, planejou sua vida toda ao lado dele. Ela adorava quando ele aparecia de surpresa para buscá-la no trabalho. Sim, Diego e ela eram felizes e já pensavam em tornar o relacionamento mais sério. Até as alianças foram compradas. A epidemia tirou Diego dela, não só seu noivo, sua mãe e avó. Todos se foram.
         Com as lembranças do passado uma pressão no peito de Renata teve início. Uma pressão forte demais ao ponto de lhe tirar o fôlego até que ela abre os olhos e vê Maurício caído, morto em cima dela. Em suas costas uma flecha cravada na altura do pulmão.
- Pegamos ele. - diz um rapaz magro com uma besta.
           Um outro homem aparece atravessando o riacho.
- Você está bem moça?
- Ah, o que?
           Tal homem retira o corpo do estuprador de cima de Renata com truculência.
- Vista isso. - joga uma toalha encardida.
- Obrigado!
- Me chamo Aílton, aquele é Del, moramos numa comunidade aqui próximo, quer vir com a gente?
- Sim.
- Temos um médico que irá lhe acompanhar, vamos, levante-se.
          O corpo do estuprador é deixado para que zumbis o comam. Renata é levada no veículo de Aílton. Ela fica ao lado de Del que lhe oferece o que restou de uma velha barra de chocolate.
- Coma.
- E você?
- Tudo bem, pode comer.

         A fome fala mais alto e Renata leva apenas alguns segundos para comer aquela delícia. Del volta a olhar para Renata que retribui o olhar. Um sorriso, uma encostadinha a mais e os corações batem mais acelerados. FIM

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

A MALDIÇÃO do PÁSSARO





Valério, esse costumava ser o seu nome. Um nome que ao ser mencionado causava mal estar e inquietação em todos. Valério, o bruxo. Enquanto era o centro das atenções, o bruxo fez da vida dos habitantes daquela cidade um tormento, um verdadeiro inferno na terra. Todos temiam o seu nome, o seu agir. Enquanto pisava nesta terra, os dias de sol eram raros e a estação do ano não saia do inverno. Tudo era sem cor, sem fruto, tudo cheirava a morte. Isso durante décadas.
        A revolta da população era tamanha e obrigou ao prefeito da cidade a tomar medidas drásticas. Ele reuniu os melhores e corajosos homens daquela cidade e organizou uma caça por Valério. O prêmio foi uma boa quantia em ouro puro. O dia e horário foi marcado e quase vinte destemidos partiram em busca da cabeça do bruxo. Foi um dia trabalhoso e não rendeu quase nada. A caça varou a noite com a captura do bruxo. Valério conseguiu matar cerca de oito homens. Foi terrível e ao mesmo tempo doloroso ver um companheiro sendo decapitado. O prefeito da cidade ao ver tal cena, se preparou mirando na cabeça do demônio. O tiro foi certeiro. Valério caiu de um barranco atingindo as pedras já morto.
          A tropa desceu até onde o corpo do bruxo estava todo arrebentado. Uma imagem de causar nojo, não havia um osso inteiro. A expressão do bruxo piorou mil vezes. Todos simultaneamente fizeram o sinal da cruz.
- Vamos levar o corpo, prefeito? - pergunta um homem barbudo segurando uma foice.
- Sim, o queimaremos amanha na praça.
           Festa, dança, alegria. A volta dos cores e a do sol também foram comemorados juntos com a fogueira. O corpo do bruxo foi jogado nas chamas. A paz agora fará parte do dia a dia daquela cidade pobre, abandonada no meio do nada. As chamas continuam a consumir o corpo de Valério. Uma mãe mais empolgada pede ao filho para que jogue mais gravetos na fogueira. O menino usando calças curtas e sujas obedece prontamente sua mãe e mesmo sentindo o forte calor ele se aproxima ainda olhando o corpo em chamas. O menino arremessa os gravetinhos olhando fixo para a cabeça do bruxo quando de repente ele abre os olhos.

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Foi uma viagem um tanto quanto rápida, mas no fim, Valério sabia exatamente onde aquele túnel daria. Sim, o bruxo mais temido estava a poucos minutos do inferno. De longe ele já podia sentir o calor, o cheiro, a atmosfera lúgubre quase o fez se arrepender de sua vida passada. O inferno, lugar onde ele passará toda a eternidade entre seres da escuridão e demônios. Seria esse o seu lar?
         Não havia luz no fim do túnel, somente choro e sofrimento. Aos poucos ele vai se aproximando se apoiando na parede quente da saída. Nada, ninguém para recepcioná-lo, seria isso um bom ou péssimo sinal? Valério anda mais alguns metros e pisa em algo de textura parecida com a da lama, só que quente, muito quente. Ele olha para baixo e seus pés estão chafundados naquela gosma negra.
- Não!
           Com muito esforço ele consegue se livrar da lama e pisar em terra sólida. É incrível como o cansaço já o faz arfar. Ele precisa descansa, só por alguns minutos ele precisa respirar, tentar colocar as ideias no lugar. Ainda se apoiando nas pedras mornas ele olha para distante e algo ou alguém acena insistentemente para ele, ou não seria para ele? Valério resolve arriscar devolvendo o aceno, realmente era para ele. O ser pede para que o bruxo continue andando, coisa que ele faz com bastante dificuldade. Alguns minutos depois Valério está diante de uma criatura sinistra, com parte de seu rosto de formado, derretido até os ossos.
- Valério, o temido Valério, em fim você está aqui, como você explicaria a sua partida?
- Dolorosa demais. - diz rapidamente.
- Fogo?
- Sim e também por arma de fogo, um tiro certeiro, minha gloriosa vida na terra terminou assim. - abaixa a cabeça.
- Gostaria de voltar?
- E tem como?
- Sim, mas não como você, você voltará de outra forma.
- Quem é você? - Valério olha para o aspecto do ser. - Lúcifer?
- Lúcifer não habita aqui, meu caro, eu sou apenas um sacerdote, agora me diga, quer mesmo voltar para a terra dos viventes?
- Gostaria.
- Ótimo!
            Valério é empurrado para um mar de chamas onde ele sente cada parte do seu corpo sendo cozinhada e até ser frita por completo. Valério é reduzido a um monte de cinzas incandescentes. O vento quente do inferno sopra espalhando-as até elas não existirem mais. Fim da linha para o bruxo.
             
*

Ao abrir os olhos ele percebe que a noite já encobre boa parte do céu. Seu coração está estranho, bate muito acelerado, o que está acontecendo de verdade? Ele sente uma intensa onde de alegria circular pelo seu corpo e ele sorrir, pelo menos em pensamento. “me sinto tão bem, leve e diferente, quem sou eu? Gosto dessa paisagem, desse ar, dessas árvores e tenho a impressão de conhecê-las de algum lugar, de onde? Quem sou eu, o que estou fazendo aqui? Por que estou parado aqui a uma altura dessa? Vou me esforçar em saber”
            Ele fecha os olhos por alguns minutos e de repente toda aquela alegria que sentia se desfaz como manteiga quente. Agora ele conhece seu passado e sabe como ele foi parar naquele lugar.
           “sim, agora tudo faz sentido pra mim, eu era Valério, um bruxo, e hoje, o que sou? Por que minha respiração é tão forte? Por que meu coração que sair do peito? Sinto uma vontade louca de sair por ai sem tocar o chão, e é isso que vou fazer, vou abrir meus braços e voar”
            E assim acontece. Valério, transformado num pássaro negro enorme abre suas asas com três metros de largura e voa cortando as árvores, nuvens e soltando seu canto infernal.                     

sábado, 6 de janeiro de 2018

Amor a obra de Deus e salário pastoral


Para inicio de conversa, sou totalmente a favor de que o homem de Deus tenha um salário. Certo? Dito isso vamos seguir com o artigo.

Coisa que eu não suporto é a hipocrisia de alguns pastores ao dizer do púlpito que é pastor por amor a obra, ou faço tudo por amor a obra de Deus, quando na verdade ele ganha para fazer aquilo.

Hoje em dia existem pastores com salários que extrapolam a realidade da igreja. São homens que possuem apenas o segundo grau e que ganham mais que um médico ou engenheiro.

É possível ter amor a obra ganhando 5 mil, 12 mil ou até 20 mil? Isso vai do coração de cada um. E se esse salário lhe for tirado, o amor a obra do Senhor vai permanecer? Não cabe a nós julgarmos, Deus é quem sabe.

Há quem defenda a ideia de que todo pastor precisa ter um emprego. Eu também não vejo problema nisso. Ter um pastor integral ou parcial isso depende da demanda da igreja.

Veja bem, se queremos um líder presente, abençoador, satisfeito e feliz na obra, recomendo que a igreja remunere e bem esse homem(dentro da realidade da igreja) caso contrario teremos um pastor profissional.

Pastores, não há problema algum em dizer que você depende do salário pastoral para viver, não é preciso fazer uso da hipocrisia. Mesmo que você tenha seu emprego ou empresa e mesmo assim é beneficiado pelo salário ministerial, diga isso para seu rebanho, qual o problema? Chega de hipocrisia. Um rebanho inteligente sabe se o pastor faz por amor ou pelo dinheiro.

Valeu pessoal. Em breve esse assunto será debatido no meu canal no Youtube. Forte abraço!!!