EM
DECOMPOSIÇÃO
O
ESTUPRADOR
Ela
já está exausta, suada e quase sem fôlego. Renata corre driblando
as árvores e o lodo escorregadio. O sol forte ajuda a fazer da fuga
um verdadeiro martírio para uma mulher frágil como ela, por isso
ela corre. Suas lágrimas se misturam ao suor e ao sangue que escorre
de seu supercílio esquerdo. Tal ferimento foi causado pelo início
desastroso de sua fuga. Renata ao passar por uma região abafada e
úmida, escorrega se esborrachando com força no chão lamacento.
-
Mais que droga. - diz choramingando
Joelho
ralado, mãos sujas de lodo e roupas grudadas ao corpo devido ao
suor. Ela se sente podre, suja, mas o que vem atrás dela é ainda
pior. Seu nome é Maurício, ou simplesmente o estuprador. Antes do
mundo se resumir em mortos-vivos, Maurício já havia puxado cadeia
por estuprar cinco mulheres, todas elas de forma violenta, ao ponto
de perderem partes do corpo como orelhas e dentes. Maurício ficou
conhecido pela forma violenta de agir. Na cadeia ele foi violentado e
espancado pelos outros presos até que o surto zumbi começou e houve
a fuga em massa da penitenciaria. Maurício passou a atacar mulheres
desesperadas, amedrontadas e sem esperança. Nesse novo mundo,
Maurício passou a matar suas vítimas depois de consumar o estupro.
Renata
volta a correr até chegar num riacho onde há alguns zumbis vagando.
Ela saca seu facão cego e vai decapitando e explodindo os crânios
apodrecidos. A ex vendedora de loja de perfume vai abrindo caminho
até não existir mais mortos-vivos em seu caminho. Sede, ela está
com muita sede. Beber da água do riacho seria suicídio já que há
pedaços de mortos nele. Vida que segue. Renata atravessa o rio
entrando numa mata fechada. O mato alto cortante fatia sua pele que
arde feito brasa. O cansaço é mais forte e ela cai com o rosto no
chão. Sua mente começa a girar quando ela sente as mãos fortes de
Maurício a segurando pela cintura.
-
Valeu a pena entrar nessa floresta cheia de zumbis, veja que
espetáculo de mulher.
O
medo finalmente a dominou, o ódio também. Renata agora sente na
carne o pânico das outras mulheres. A sensação de ter um estranho
em cima dela lhe despindo é algo imensurável. Ela está paralisada,
com medo, sem ação. Sua calça jeans é retirada e jogada de lado.
-
Nossa, que coxas. - Maurício faz questão de lambê-las.
É
preciso reagir, Renata precisa fazer alguma coisa, se entregar desse
jeito seria uma covardia com ela mesmo. Seu joelho se encontra com o
escroto de Maurício que urra e fica furioso. Dois socos e Renata
fica fora de combate.
-
Vagabunda, só por isso vou comer sua orelha. - vocifera.
Maurício
rasgou a calcinha usando a violência enquanto Renata chora e limpa o
sangue que escorre do nariz. Pela primeira vez o estuprador resolveu
admirar sua pressa antes de devorá-la. Renata é realmente uma
mulher bonita de rosto e de corpo, nem magra e nem gorda, na medida
certa digamos. Ele a degusta com os olhos antes de violentá-la.
Maurício pega o facão de Renata e o arremessa no riacho. Abaixa seu
zíper e seu pênis já ereto deixa sua vítima apavorada.
-
Por favor, por favor, deixe-me ir, por favor.
-
Cala boca, vadia. - outro soco.
Ela
se entrega de vez. Melhor morrer logo do que ficar correndo de um
lado para outro dos mortos e dos vivos. Pra ela já chega. Como uma
escrava sexual ela obedece ao estuprador que ordena que Renata abra
bem as pernas. A penetração acontece, lentamente e de maneira
gradual vai ficando mais intensa. A respiração entrecortada da
mulher mostra a violência do ato. Renata fecha os olhos marejados e
volta para sua vida ao lado de Diego, seu namorado que se tornou um
dos mortos-vivos. Ela o amava, planejou sua vida toda ao lado dele.
Ela adorava quando ele aparecia de surpresa para buscá-la no
trabalho. Sim, Diego e ela eram felizes e já pensavam em tornar o
relacionamento mais sério. Até as alianças foram compradas. A
epidemia tirou Diego dela, não só seu noivo, sua mãe e avó. Todos
se foram.
Com
as lembranças do passado uma pressão no peito de Renata teve
início. Uma pressão forte demais ao ponto de lhe tirar o fôlego
até que ela abre os olhos e vê Maurício caído, morto em cima
dela. Em suas costas uma flecha cravada na altura do pulmão.
-
Pegamos ele. - diz um rapaz magro com uma besta.
Um
outro homem aparece atravessando o riacho.
-
Você está bem moça?
-
Ah, o que?
Tal
homem retira o corpo do estuprador de cima de Renata com truculência.
-
Vista isso. - joga uma toalha encardida.
-
Obrigado!
-
Me chamo Aílton, aquele é Del, moramos numa comunidade aqui
próximo, quer vir com a gente?
-
Sim.
-
Temos um médico que irá lhe acompanhar, vamos, levante-se.
O
corpo do estuprador é deixado para que zumbis o comam. Renata é
levada no veículo de Aílton. Ela fica ao lado de Del que lhe
oferece o que restou de uma velha barra de chocolate.
-
Coma.
-
E você?
-
Tudo bem, pode comer.
A
fome fala mais alto e Renata leva apenas alguns segundos para comer
aquela delícia. Del volta a olhar para Renata que retribui o olhar.
Um sorriso, uma encostadinha a mais e os corações batem mais
acelerados. FIM