Prólogo
Inverno, um rigoroso inverno em
Jerusalém. Pela manhã é costume do velho Tobias fazer a contagem
de suas ovelhas, porém não suportando o vento cortante ele enviou
seu ajudante Baasa a fazer o serviço. Mesmo resmungando o jovem de
rosto marcado pelo trabalho deixou a casa enrolado num tipo de
cobertor. Olhou para o céu e depois para o campo.
-
Desse jeito irei congelar aqui fora.
Baasa caminha com dificuldade
devido o vento que bate com força em seu rosto. Até chegar onde as
ovelhas estão ele levou um certo tempo. A pequena cabana fica a
alguns metros da casa de Tobias. O jovem ajudante retira a tranca que
emite um ruido de dar nervoso. Ainda reclamando Baasa abre a porta
sentindo o odor forte que vem lá de dentro.
-
Argh! - coloca a mão na boca para evitar o vômito. - Deus!
O
menino é tralhador, mas gosta de se divertir também. Ao ver uma
vara apoiada nas madeiras ela a pega e começa a lutar com um
adversário invisível como se fosse um guerreiro.
-
Venham seus Romanos covardes, vou livrar o meu povo de suas garras.
Baasa foi deixado por seu pai na
casa do velho Tobias para que o garoto aprendesse o trabalho de
cuidador de ovelhas. Claro que o jovem magrelo odiou a ideia, tudo o
que ele queria ser era um aventureiro ou músico. Agora a realidade é
outra, Baasa precisa contar as ovelhas. Ele deixa a vara de lado e se
dirige aos animais.
-
Vamos lá!
Tobias mexe na barba branca como
neve quando Baasa entra desesperado junto com o vento frio.
-
Mestre Tobias, uma sumiu.
-
O que? - o velho se ergue.
-
Estou falando, uma de suas ovelhas sumiu, só há noventa e nove. -
diz ofegante.
-
Você contou direito?
-
Está duvidando meu senhor, claro que contei, duas vezes até.
Tobias se levanta, pega seu
cobertor.
-
Vamos procurá-la.
1
Todos estão em silêncio, menos
Pedro que aperta os dentes de raiva.
-
Pedro, pare com isso! - diz Jesus.
-
Mas, Senhor, quase foi apedrejado, como posso me acalmar?
-
Estamos correndo perigo aqui rabino. - pondera Judas. - realmente os
Judeus não acreditam no senhor.
-
Sei disso, eles não acreditam por que não são minhas ovelhas, foi
o que eu disse a eles lá no templo, minhas ovelhas ouvem minha voz.
-
Bom, o que iremos fazer agora? - pergunta João.
Jesus se adianta.
-
Vamos para além do Jordão, estão lembrados de onde João batizava?
-
Sim ,senhor! - responde Tiago.
-
Peguem suas coisas e vamos para lá. - ordena Jesus.
Tobias e Baasa procuram pela
ovelha perdida com preocupação. O velho fazendeiro olha para a
montanha e fecha os olhos.
-
Será que ela fugiu para as montanhas?
-
Se o senhor quiser posso ir até lá.- Baasa esfrega as mãos.
-
Com certeza morreras congelado antes de achá-la. - anda até o
cercado. - fora os animais selvagens que existam lá
-
Posso levar uma faca ou…
-
Nada disso, você é muito novo para mexer com armas.
-
Sei sim, ando praticando lutas de espadas.
Tobias sorrir e olha para seu
ajudante.
-
Então você queria ser aventureiro? - mexe na barba.
-
Sim, ou talvez um rebelde para matar os romanos.
-
Tire isso da cabeça Baasa, qual o futuro de um rebelde?
-
Fama, imagine o povo falando, Baasa, o libertador de nosso povo. -
aumenta o tom da voz.
Tobias meneia a cabeça.
-
O futuro de um revolucionário é prisão ou morte, essas pessoas não
são bem-vindas aqui, os romanos são implacáveis com esse tipo de
gente. Seu pai confiou seu futuro a mim.
-
Criador de ovelhas?
-
Isso mesmo, é uma profissão promissora você não acha?
-
Não sei. - coça a cabeça. - vamos procurar.
Jesus se apoia numa pedra e a seu
lado Pedro junta alguns gravetos.
-
O que acha de uma fogueira?
-
Muito bom, o frio só vai piorar daqui pra frente, estão com fome? -
Jesus aperta os braços contra o corpo.
-
Temos alguma coisa aqui, mas não vai durar muito. - Filipe abre uma
das bolsas.
Passos são ouvidos e Tomé
coloca a mão em uma pedra solta. A tensão aumenta e os corações
aceleram quando um homem maltrapilho segurando seu braço esquerdo
aparece no meio do mato alto.
-
Sou de paz, sou de paz, preciso falar com ele. - aponta para Jesus.
-
Está armado? - grita Pedro.
-
Não. Mal posso aguentar meu braço. - faz uma careta.
Jesus se levanta batendo a terra
do manto.
-
Se aproxime, o que deseja?
O
homem olha para os doze e depois para Jesus.
-
Mestre, sou trabalhador do campo, preciso dos meus braços perfeitos
para conseguir levar o sustento para minha família, porém desde a
semana passada fui a cometido de um mal nesse braço que me impede de
trabalhar, minha esposa e filhos estão passando fome em casa, me
ajude por favor.
Jesus olha para o braço esquerdo
do estranho.
-
O que aconteceu com ele?
-
Não consigo pegar uma pedra sequer. - diz o homem massageando o
membro.
Cristo anda até próximo de
Tomé.
-
Pegue essa pedra. - mostra.
Sem hesitação o sujeito a pega
e se emociona.
-
Senhor!
-
Vá para sua família e mostre que já consegue trabalhar. - se volta
para Filipe. - dê a ele alguns pães.
-
Sim senhor! - o discípulo retira da bolsa dois pães. - tome.
-
O brigado, muito obrigado, Jesus, obrigado a todos vocês. - se
afasta.
Quando o estranho se afasta de
vez Judas faz um comentário com Bartolomeu.
-
Tirou o nosso pão e deu a um estranho, as vezes não o entendo.
-
E o que você faria no lugar dele?
-
Só o milagre bastaria. - Judas se escora na rocha.
Pedro em fim consegue acender a
fogueira. Os doze se esquentam e comem ao redor das chamas quando
Jesus começa a cantar. Os apóstolos se olham e depois de alguns
minutos eles também e bem alto.
2
Baasa e Tobias continuam com as
buscas. O velho, bastante cansado respira com dificuldade e se abaixa
para descansar. Ao ver seu mestre passando mal de cansaço, o garoto
volta.
- Mestre, o senhor está bem?
- Só um pouco cansado, não
podemos parar agora, preciso daquela ovelha.
- Admiro sua disposição senhor.
- Acho que devemos ir até o
Jordão, quem sabe ela não foi beber água. - o velho se ergue.
- Sim, vamos. - passa o braço de
velho mestre por seu pescoço.
Uma família se apresenta a Jesus
com uma criança de colo que não consegue respirar direito.
-
Ela está assim desde ontem, fomos procurar o senhor, mas não o
achamos – diz o pai.
-
Deixe que eu a segure. - Jesus estende os braços e sua mãe a coloca
no colo do mestre. - ela é linda não acham? - pergunta aos seus
discípulos. - quer segurar pai? - o pai a segura e a menina está
respirando.
-
Glória a Deus. - diz o pai.
-
Nós conhecemos João o que batizava. - comenta a mãe. - ele não
fez sinal algum, mas tudo o que ele disse sobre o senhor é verdade,
nos aceite como seus seguidores, por favor.
-
Prazer em recebê-los, sejam salvos.
-
Obrigado mestre. - o pai aperta o ombro de Jesus.
Quando terminou de despedir a
família Jesus pediu para que colocassem mais lenha na fogueira.
-
Temos que ficar aqui, muitos ainda viram, aproveitem para ajudar
também, vocês conseguem.
-
O próximo serei eu rabino. - se adianta João.
-
Nada disso. - se acomoda em uma pedra. - Judas, você vai ajudar o
próximo que vir. - Judas olha para Jesus com espanto.
-
Eu?
-
Sim, sei o que se passa em seu coração, você acha que só o
milagre é o suficiente, então se se acha capaz de operar maravilhas
sinta-se à vontade. Veja, vem vindo mais ali, vá lá. - os outros
riem.
Judas sorrir e anda na direção
da pessoa. O homem conversa, gesticula e se derrama. O discípulo o
ajuda a se levantar. Todos acompanham com atenção o desenrolar da
conversa. Depois disso o homem vai embora e Judas volta com uma
expressão séria.
-
O que houve? - pergunta André.
-
Ele tinha asma.
-
E ai? - quis saber Mateus.
Judas olha para o mestre que o
fita também.
-
Ele está bem agora. - todos comemoram.
-
Quem diria, o nosso amigo mal humorado fazendo maravilhas. - brinca
Filipe.
-
Viu, todos podem ajudar. - Jesus se levanta para aquecer as mãos na
fogueira. - então, quem será o próximo? - todos levantam a mão
começando uma pequena confusão. - tudo bem, tudo bem, João estava
na fila, vá você João.
-
Obrigado, mestre.
Tobias e Baasa se aproximam do
Jordão e avistam o grupo de homens. O velho faz uma meia parada e
olha para seu aluno.
-
Serão salteadores? - pergunta Baasa.
-
Acho que não, eles estão muito a vista de todos, vamos perguntar se
viram a nossa ovelha.
Tobias chega perto e é
recepcionado por outro jovem, João.
-
Como tem passado senhor, em que o mestre pode ajudar?
-
Sou Tobias e esse é meu aluno Baasa, estamos procurando uma ovelha,
vocês a viram?
-
Não, não vimos nada.
-
Quem é seu mestre? - pergunta Baasa.
-
Jesus, aquele ali sentado.
-
Já ouvi falar nele, por um acaso é o mesmo que deu peixe e pão
para uma multidão? - Tobias mexe na barba.
-
Ele mesmo.
-
Posso falar com ele? - Tobias continua mexendo na barda.
-
Sim claro.
Jesus termina de contar um caso e
todos riem quando João chega com os estranhos
-
Mestre, esses são Tobias e seu aluno Baasa, querem falar com o
senhor.
Jesus se levanta se ajeitando.
-
Como tem passado?
-
Não muito bem. - Tobias admira a Jesus. - sempre achei que você
seria um pouco mais velho.
-
O que o traz aqui?
-
Perdi uma de minhas ovelhas, estamos loucos a sua procura, por um
acaso não a viu?
-
Não, mas podemos ajudar a procurar. - Cristo olha para seus
discípulos.
-
Não quero atrapalhar, você deve ser um homem bastante ocupado creio
eu.
-
Que nada, será uma boa aventura. - nesse momento todos ficam
atentos.
-
Seus homens são obedientes, quem dera todos os meus fossem assim. -
olha para Baasa. - não é?
3
O
grupo estava saindo do Jordão quando um homem num cavalo para perto
deles. O cavalheiro olha para Jesus e desce do animal.
- Estava a sua procura, fui
enviado por Marta e Maria, Lázaro, seu amigo está muito doente e eu
acho que é para morrer.
Os apóstolos e os outros ficam
atônitos.
-
Essa doença não para matar a Lázaro, mas sim para que o poder de
Deus se manifeste. Vá e diga isso a elas.
-
O senhor não vem? - se espanta o homem.
-
Tenho coisas a fazer por aqui. - olha para Tobias. - diga a Marta e
Maria que está tudo bem.
O
sujeito sobe no cavalo e os deixa. Tobias em seu coração o admira
ainda mais. O vento frio continua a castigar e a passos largos os
homens andam a beira do rio. Baasa vez por outra olha para Jesus e
depois para seus seguidores “será ele um revolucionário?”
Ao chegarem a um certo ponto do
Jordão Jesus para e diz.
-
Temos que nos dividir. Pedro, vá com Tiago e João por ali.
-
Sim senhor. - responde Simão.
-
Judas, Filipe e André, vocês darão a volta. - Tobias mexe na barba
encantado com o líder. - Bartolomeu, Tiago e Tiago, você ficarão
na cidade, Mateus, Tomé, Tadeu e Simão fiquem aqui, certo?
-
Entendido senhor. - respondem todos.
-
Vou seguir com Tobias e Baasa até a fazenda, nos encontraremos lá
ao anoitecer.
O
grupo se divide. Jesus anda lado a lado com o velho fazendeiro.
Enquanto caminham a conversa segue. Tobias gostou do jovem líder, da
maneira como conduz seus seguidores.
-
Sabe, Jesus, eu sempre fui um homem de autoridade e de palavra, o pai
de Baasa confiou o filho dele a mim, tudo isso por que sempre gostei
das coisas certas, nunca deixei faltar nada aos meus trabalhadores,
os trato como filhos e filhas, sou influente no meio do comércio,
religião e ricos, eles gostam de me ouvir.
-
Lhe admiro por isso. - Jesus caminha com suas mãos para trás.
-
Jesus. - começa Baasa. - o senhor pretende destruir os romanos?
-
Baasa, por favor.
-
Deixe-o Tobias, ele é apenas um garoto. Os romanos vêm causando dor
e desgraça a todos, mas chegará um dia em que tudo isso se tornará
uma antiga história.
Tobias olha ao redor observando o
movimento das pessoas envolvidas em seus agasalhos. As palavras de
Jesus entram em seus ouvidos com suavidade e transparência. Tudo o
que o mestre diz soa com verdade e sabedoria.
-
Posso lhe fazer uma pergunta, Jesus? - Tobias para a caminhada.
-
Até duas.
-
Como fez tudo aquilo em Tiberíades?
Jesus sorrir.
-
As pessoas estavam com fome, eu apenas as alimentei.
Baasa solta uma gargalhada.
-
Com sobra de pão e peixe!
-
Baasa, que comportamento é esse? - o puxa com truculência.
-
Calma, velho amigo, o garoto disse a verdade, era só o que tinha.
Tobias aperta os olhos.
-
Mas, havia uma multidão e até crianças.
-
Sim. - Cristo recomeça a caminhada. - meu Pai se manifestou naquele
momento, através de mim.
-
Seu pai? - volta a mexer a barba.
-
Fui enviado a esse mundo para trazer a luz de meu Pai que está no
céu.
Tobias fica constrangido.
-
Não está dizendo que é o Messias enviado, está?
Jesus apoia a mão no ombro do
fazendeiro.
-
Vamos procurar sua ovelha.
4
Judas
é o que mais reclama e questiona a decisão de Jesus. Para ele, o
mestre deveria partir imediatamente para Betânia e socorrer o amigo
que tanto ama.
-
Estamos perdendo tempo. - resmunga mais uma vez. - essa ovelha já
deve ter sido pega por outro.
-
Judas. - diz Filipe. - tem como você ser mais otimista?
-
O mestre nos deu essa missão e devemos cumpri-la.
-
Bela missão, procurar uma ovelha de um rico soberbo. - arremessa uma
pedra no rio. - sabem de uma coisa, eu as vezes acho que estamos
seguindo o homem errado.
Todos param de andar. André
segura Judas pelos ombros.
-
Irmão, você está duvidando do homem que já provou que é o
enviado da parte de Deus, que curou um cego de nascença e alimentou
uma multidão,
- Que andou sobre as águas, você
estava lá, Judas. - completa Filipe. Judas abaixa a cabeça.
- Se ele realmente é o Messias,
só o tempo dirá.
Jesus, Tobias e Baasa chegam a
fazenda. O dono do lugar convida o mestre para que entre e se abrigue
do frio que aumentou.
- Obrigado pela hospitalidade
Tobias.
- Mestre Jesus, e seus
seguidores? - pergunta Baasa.
- Eles acharão o caminho.
A
fazenda de Tobias é de médio porte, além da criação de ovelhas,
ele também cria cabras e conta com ajuda de cinco funcionários. O
trio anda até os fundos da casa de onde há uma bela vista do
Jordão.
- Meu pai e eu costumávamos
observar o pôr do sol daqui. - Tobias se debruça na cerca.
- Realmente é lindo. - Jesus
sorrir.
Baasa se afasta para procurar a
ovelha perdida e Tobias aproveita para ir mais fundo nas perguntas.
-
Jesus, sendo você o Messias, como você mesmo diz que é, por que
ainda não destruiu os romanos?
Cristo hesita um pouco em
responder. Sem olhar para o velho de rosto coberto por rugas, o filho
de Maria se apoia na cerca de madeira.
- Minha missão aqui não é
destruir, meu caro Tobias e sim salvar.
- Sim, claro, salvar aqueles que
são oprimidos pelos malditos romanos.
- Eu vim a esse mundo para
libertar a todos de um mal maior que o império romano. - finalmente
Jesus olha para o fazendeiro. - a morte.
- A morte? - volta mexer na
barba.
- A morte espiritual.
O
vento bate no rosto do velho deixando seus cabelos esvoaçantes.
- Explique isso melhor!
-
Se me permite, gostaria muito pousar em sua casa, ai poderíamos usar
o tempo para que eu explique isso melhor, o que acha?
- Adoraria!
Em
outra parte, Pedro, Tiago e João se empenham em procurar a ovelha. O
lugar é cercado por pequenas casas e a pouco comércio por ali.
Tiago e João já reclamam de fome, Pedro olha para os dois com sinal
de reprovação.
-
Acho melhor pararmos para comer alguma coisa, Pedro. - sugere Tiago
-
Jesus nos deu uma missão, você se esqueceu?
-
Pedro. - começa João. - você viu e ouviu, o mestre tem uma missão
ainda maior, ir até Betânia e curar a Lázaro.
-
Jesus deve saber o que está fazendo. Cabe a nós obedecê-lo. - olha
para um minúsculo beco. - vamos por ali.
5
A
noite chega e todos estão reunidos ouvindo o mestre falar, inclusive
Baasa que presta bastante atenção a cada palavra.
-
A verdade é a única coisa capaz de libertar alguém, ela também é
responsável por escândalos, dependendo do momento, a verdade pode
causar danos, mas. - fala com o indicador em riste. - jamais podemos
deixá-la de lado.
Baasa levanta o dedo pedindo a
palavra.
-
Mestre, e se estivermos com medo, temos que dizê-la mesmo assim?
-
Sim! - Jesus é bastante categórico.
-
Jesus. - Tobias pede a palavra desse vez. - fala sobre sua missão.
Durante algumas horas o mestre
explicou sua missão a qual prendeu atenção de todos. Ele falou
sobre a fundação do mundo, qual era o propósito inicial de Deus,
falou sobre Adão e Eva, os reis, juízes e também sobre o rei Davi.
- Foi ai que meu Pai, que mora no
céu me enviou a esse mundo para salvá-lo.
Houve um silêncio naquela parte
da casa. Tobias olha para Jesus e sente seu coração acelerar,
“seria ele o messias?”. Ele também olha para seus apóstolos e
consegue ver nos olhos de cada um deles a devoção.
- Jesus, vamos descansar, venha,
vou lhe mostrar seus aposentos.
Pedro se levanta.
- Mestre, temos que partir logo
cedo para Betânia.
- Ainda não encontramos a
ovelha.
O
dia mal amanheceu e Jesus e seus discípulos junto com Baasa já
estavam em busca da ovelha. A subida até o cume do monte foi
exaustiva. Cristo e Pedro vão a frente conduzindo o restante. Lá de
cima é possível ver toda a extensão do povoado. Jesus se sentiu
inspirado e pediu para que todos se sentassem. Fechando os olhos, o
filho de Deus fez uma oração por todo o povo perdido de Jerusalém.
Depois disso começou a ministrar algumas palavras ao pequeno grupo
de homens. Baasa ficou boquiaberto com a sabedoria do santo homem a
sua frente. Seu coração se encheu de desejo de segui-lo. Ao término
da palavra os aventureiros seguiram com a missão. Lá em baixo
Tobias e mais alguns empregados também procuram a centésima ovelha.
Ao meio dia todos estão reunidos dentro da casa do fazendeiro rico.
Tobias lamenta o sumiço de seu animal. Judas inflama a todos quanto
a Jesus demorar a ir até Betânia.
-
A essa hora Lázaro já deve estar morto e sepultado. - resmunga
perto de Pedro.
-
Fique quieto, ele sabe muito bem o que está fazendo. Agora coma.
Tobias agradece a todos pela
preocupação quanto a ovelha.
-
Jesus, muito obrigado por ficar e me ajudar, infelizmente meu animal
não apareceu.
-
Não diga isso Tobias, nunca é tarde para recomeçar.
-
Quando iras partir, mestre? - pergunta Tobias.
-
Ainda hoje, mas antes quero conversar com seu funcionário.
Baasa arregala os olhos.
-
Comigo?
-
Sim, com você, pode ser agora?
O
garoto engole o pão a seco.
-
Tudo bem.
Jesus e Baasa se retiram deixando
o restante com um ponto de interrogação.
Lá fora o vento diminuiu, mas o
frio continua. Lado a lado eles andam até o celeiro.
-
Diga, mestre!
-
Vejo em você um seguidor fiel, sabia disso? - Cristo passa o braço
pelos ombros do jovem.
-
Verdade?
-
Verdade, mas antes você precisa agir com a verdade, lembra quando
falei em ser verdadeiro?
-
Como poderia esquecer. - reponde cortando as palavras.
-
Então, não importa o que irá custar, devemos agir sempre com
verdade. - eles param na porta do celeiro. - me mostre onde escondeu
a ovelha.
-
O que? - Baasa olha para Jesus com espanto.
-
Baasa, na realidade ela não sumiu, você a escondeu, agora seja
homem de verdade e me mostre.
O
garoto cora as bochechas e faz beicinho.
-
Me perdoe, por favor, eu estava saturado dessa vida de mordomo,
queria ser revolucionário assim como o senhor, quero destruir os
romanos.
Jesus o segura pelo rosto.
-
Baasa, Tobias te ama e quer fazer de você um homem, e tem
conseguido, agora cabe a você correspondê-lo. Por isso que fiquei
aqui com vocês, eu sabia desde-o início que você tinha algo a ver
com a história, agora, se quer realmente me seguir, você precisa
dar um jeito nisso.
O
menino ergue a cabeça e olha Jesus nos olhos.
-
Pode deixar mestre, vou agir com a verdade.
-
Você é um bom garoto. - o abraça. - seja bem-vindo aos salvos, a
partir de agora você precisa converter o coração de Tobias, tudo
bem?
-
Tudo bem.
-
Vou embora agora junto com meus amigos, fique em paz.
Mais tarde, no portão principal
da fazenda a despedida é emocionante.
-
Outra vez, obrigado mestre Jesus. - Tobias aperta a mão do mestre.
-
Fique na paz. - olha para os apóstolos. - vamos.
Um pouco mais a frente Jesus faz
uma meia parada.
-
Devemos voltar para a Judeia. Nosso amigo Lázaro dorme, mas irei
para despertá-lo.
Pedro se adianta.
-
Mas, se ele está dormindo, ele está salvo, não há problema.
Cristo fecha os olhos.
-
Lázaro morreu!
Todos ficam em silêncio. Judas
olha para todos inclusive para Pedro. Jesus abre os olhos.
-
Temos que ir, ainda temos dois dias de caminhada, vamos, por aqui.
NOTA
DO AUTOR: Escrever esse conto foi muito gratificante por que sempre
gostei de criar situações. Eu sempre quis saber o que prendeu Jesus
naquele lugar antes de ir ressuscitar a Lázaro, seu amigo. Adorei os
personagens que criei, Tobias e Baasa, adorei a trama, em fim, gostei
da minha história, espero que gostem.
AS
CEM OVELHAS
Baseado
no evangelho de João 10.40 ao 11