terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Realidade ZUMBI



   Acordar cedo nunca foi o forte de Carlos. O relógio que fica em cima do criado-mudo marca 05:00 e ele praticamente se arrasta até o chuveiro. Segunda feira é um dia cruel. Carlos ainda tem na boca o gosto do rum. Ao voltar para quarto ele olha para a cama onde sua nova namorada dorme seminua. Amanda ronca pesadamente. Por um instante ele sente uma ligeira inveja dela. Como ele gostaria de poder voltar para a cama e logo pela manhã fazer amor com ela. Carlos boceja e vai para o banheiro.
Dentro do carro, para espantar o sono ele coloca um CD de rock pesado quase que no último volume. Hora de pegar a estrada e trabalhar. Como toda manhã na maioria das cidades existe o infernal congestionamento. Carlos soca o volante várias vezes ao ver o número de carros parado. A lentidão do trânsito é de tirar qualquer um do sério, ainda mais alguém como Carlos.
Ele desiste do rock e sintoniza na rádio.
    - A misteriosa febre que vem assombrando parte da população mundial fez mais uma vítima. - Carlos balança a cabeça negativamente. - as autoridades tentam buscar uma solução para o mal.

    Carlos chega ao I.M.L quinze minutos depois do horário. Ainda dentro do carro ele coloca seu jaleco meio encardido e desce. Na porta ele passa quase que esbarrando nas pessoas que aguardam.
     - Com licença.
Em sua sala ele joga as chaves na mesa, pega sua prancheta e sai. Ele anda pelo corredor até chegar a sala de sua assistente, Letícia.
    - Alguma coisa pra mim? - surge na porta.
    - Sim, um homem, morreu a mais ou menos cinco horas.
    - Vou dar uma olhada. - para e repara na moça negra de cabelo natural.
    - Algum problema, doutor Carlos?
    - Nada, nenhum. - sai batendo a porta.
   Carlos puxa a gaveta e lá está o corpo. Um homem mediano, pele branca, cabelos negros e lisos, boa pinta. Carlos verifica a ficha. Volta a olhar para o corpo. O doutor abre os olhos do morto e as pupilas estão apagadas. Hora de descobrir a causa da morte desse sujeito. Carlos coloca os óculos de proteção e começa a riscar o tórax do defunto com o piloto.

Letícia sai de sua sala e anda em direção a sala de autópsia quando de repente ela escuta um grito gutural.
     - Doutor Carlos! - vocifera e sai correndo.



Fim

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