Acordar
cedo nunca foi o forte de Carlos. O relógio que fica em cima do
criado-mudo marca 05:00 e ele praticamente se arrasta até o
chuveiro. Segunda feira é um dia cruel. Carlos ainda tem na boca o
gosto do rum. Ao voltar para quarto ele olha para a cama onde sua
nova namorada dorme seminua. Amanda ronca pesadamente. Por um instante
ele sente uma ligeira inveja dela. Como ele gostaria de poder voltar
para a cama e logo pela manhã fazer amor com ela. Carlos boceja e
vai para o banheiro.
Dentro
do carro, para espantar o sono ele coloca um CD de rock pesado quase
que no último volume. Hora de pegar a estrada e trabalhar. Como toda
manhã na maioria das cidades existe o infernal congestionamento.
Carlos soca o volante várias vezes ao ver o número de carros
parado. A lentidão do trânsito é de tirar qualquer um do sério,
ainda mais alguém como Carlos.
Ele
desiste do rock e sintoniza na rádio.
-
A misteriosa febre que vem assombrando parte da população
mundial fez mais uma vítima. - Carlos
balança a cabeça negativamente. - as autoridades tentam
buscar uma solução para o mal.
Carlos
chega ao I.M.L quinze minutos depois do horário. Ainda dentro do
carro ele coloca seu jaleco meio encardido e desce. Na porta ele
passa quase que esbarrando nas pessoas que aguardam.
-
Com licença.
Em
sua sala ele joga as chaves na mesa, pega sua prancheta e sai. Ele
anda pelo corredor até chegar a sala de sua assistente, Letícia.
-
Alguma coisa pra mim? - surge
na porta.
-
Sim, um homem, morreu a mais ou menos cinco horas.
-
Vou dar uma olhada. - para e repara na moça negra de cabelo natural.
-
Algum problema, doutor Carlos?
-
Nada, nenhum. - sai batendo a porta.
Carlos
puxa a gaveta e lá está o corpo. Um homem mediano, pele branca,
cabelos negros e lisos, boa pinta. Carlos verifica a ficha. Volta a
olhar para o corpo. O doutor abre os olhos do morto e as pupilas
estão apagadas. Hora de descobrir a causa da morte desse sujeito.
Carlos coloca os óculos de proteção e começa a riscar o tórax do
defunto com o piloto.
Letícia
sai de sua sala e anda em direção a sala de autópsia quando de
repente ela escuta um grito gutural.
-
Doutor Carlos! - vocifera e sai correndo.
Fim
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