Andar
pelo pântano a noite foi uma péssima ideia. Ainda mais com pouca
munição. Os sapatos estão cobertos pelo lodo e o cheiro do gás
entope o nariz. O trio caminha a passos regulares mata a dentro a
mais ou menos uma hora. A frente do grupo está Matias segurando seu
facão afiado.
-
Tenho sede. - resmunga Carlos.
-
Temos pouca água, aguente firme. - rebate Matias.
-
Matias, onde vamos acampar essa noite? - Jorge pergunta.
Pergunta
difícil. Matias não consegue ver um bom lugar para que todos possam
dormir em segurança. Ele olha ao redor e só vê árvores.
-
Vamos em frente, acharemos um lugar.
Mais
à frente, onde passa um pequeno fio de água entre as pedras o grupo
vê um baú de caminha abandonado. Matias, Jorge e Carlos comemoram o
achado. Resta saber se é realmente seguro. O líder organiza o
pequeno grupo. Cada uma pega uma ponta do baú. Jorge saca sua
pistola e Carlos seu rifle de atirador. Matias permanece com o facão
erguido. Eles circundam o baú e tudo está limpo.
-
Ufa, graças a Deus hoje podemos dormir sossegados. - diz Jorge.
-
Temos mais um trabalho a fazer. - completa Matias. - abrir o baú e
ver o que tem dentro, em suas posições.
Carlos
aponta seu rifle para as portas do baú enquanto que Matias e Jorge
as abrem. Quando Jorge terminou a contagem de um a três as portas
foram abertas emitindo um forte ruído.
-
Droga, isso pode ter atraído os zumbis. - lamentou Matias.
A
caixa de metal está vazia. Matias saca sua pequena lanterna para
olhar o interior e tudo o que ele vê são baratas. Carlos se coloca
em posição de guarda olhando para a floresta escura.
-
Estão ouvindo isso?
-
O que? - pergunta Jorge.
-
Rosnados.
-
Deve ser um ou dois, a gente dá conta. - diz matias retirando a
mochila das costas. - eu vou ficar de guarda durante duas horas,
depois o Carlos e em seguida você, Jorge, tudo bem?
-
Certo! - Jorge confere a munição da pistola.
Nesse
momento cerca de 60 zumbis aparecem. Carlos anuncia a chegadas dos
mortos-vivos gritando. Matias engole seco e pega seu facão. A briga
é feia. Três contra um exército de mordedores. Jorge sempre foi
bom atirador. Aos poucos ele vai eliminando os mortos acertando as
cabeças. Carlos atira e se abriga entre as árvores. Matias vai
fatiando com violência todos os monstros que estão a frente. Suas
roupas já estão sujas pelo sangue negro e o cansaço começa a
bater.
O
confronto desigual segue. A munição de Jorge acabou, resta apenas
ele usar suas habilidades como lutador para destruir os mortos.
Fazendo uso do karatê ele vai derrubando, socando e quebrando. Num
pequeno intervalo entre um zumbi e outro ele consegue ver uma madeira
solta perto do baú.
-
Opa, vamos lá.
As
balas do rifle de Carlos estão perto de acabar, por isso ele utiliza
um pequeno punhal que achou. O homem é um pouco lento, mas vai dando
conta do recado.
-
Venham, seus desgraçados. - vocifera.
Matias
está visivelmente destruído, mas não se entrega. Ele precisa
sobreviver, ele precisa encontrar um abrigo melhor para ele e seus
companheiros de labuta. Matias luta com três mortos ao mesmo tempo.
Sem perceber ele vai se afastando do ponto de partida e quando se dá
conta, está perto do rio cercado por mortos-vivos furiosos. O facão
gruda no crânio do zumbi desarmando o ex gerente de banco que cai
indefeso.
-
Merda! - grita.
Sem
ter muito o que fazer, Carlos e Jorge se juntam na luta.
-
Cadê o Matias? - indaga Carlos furando o olho do morto.
-
Cara, esquece o Matias, ele já era. - responde afundando a madeira
no alto da cabeça do zumbi que desaba.
-
Vamos sair daqui, e rápido, estamos cercados. - Carlos corre em
direção as bananeiras quando um grupo de zumbis o cerca.
Sem
ter como ajudar o amigo, Jorge continua lutando. Enquanto chuta o
rosto já destruído do zumbi ele olha para ver se Carlos conseguiu
se salvar, mas, tudo o que consegue ver é o movimento das folhas das
bananeiras.
Amanheceu.
Aos poucos a porta do baú vai se abrindo e Jorge aparece olhando ao
redor da mata. O cheiro de corpos podres é insuportável. Ele cospe
duas vezes e sai com a madeira nas mãos. Sozinho, sem água, sem
comida e sem seus amigos. O sujeito vai pulando os cadáveres até
chegar nas bananeiras. O que Jorge vê é um monte de pedaços de
corpos e vísceras espalhadas. Ele limpa as lágrimas quando escuta
um grunhido. A seu lado um zumbi pela metade caído. O homem chuta
com ódio várias vezes a cara do bicho que insiste em mordê-lo no
pé.
-
Vai pagar pelo que fez com meus amigos. - o último golpe explodiu o
crânio do morto.
Depois
de algum tempo Jorge consegue achar a estrada. Muito exausto ele cai
no acostamento. Ele permanece ali quase que inconsciente quando
escuta o barulho de motor. Seus olhos estão quase fechando e uma
picape preta empoeirada para e dois homens descem.
-
Esse aqui está quase morto, vamos matá-lo logo.
-
Não. - diz o rapaz que está no volante. - coloque ele junto com os
outros na carroceria.
Jorge
é praticamente arremessado e cai em cima de outro. Criando forças
para abrir os olhos, Jorge consegue identificar Matias a seu lado
balbuciando algo. Ele olha para a parte de trás da carroceria e vê
Carlos amarrado, ferido e desmaiado.
-
Quem são esses caras? - Jorge pergunta.
-
Seremos mortos, amigo.
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