sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Trem Fantasma



1

      O desespero bate forte quando a linda morena de olhos verdes, Suzana, consulta o relógio e vê que já passa das 18h e ela ainda não preparou o jantar. A cicatriz na testa a faz lembrar da última vez em atrasou o almoço. Suzana corre até a cozinha e verifica na geladeira os ingredientes para a arte que ela sabe fazer muito bem, cozinhar. Um pouco mais das sete o jantar está praticamente pronto, restando apenas à salada. Alguém bate na porta e seu coração dispara mais uma vez. Ela atende, se trata de seu filho Pedro voltando da pelada.
      - Boa noite mãe. – a beija na testa. – o que temos pro jantar?
      Pedro tem pouca idade mais já passou a mãe na altura.
      - Antes você vai tomar um banho né filho?
      - Pô mãe, to cheio de fome, a pelada foi rocha.
      - Nada disso, vá tomar um banho, o cheiro de suor está impregnando a cozinha.
      - Ta bom.
      Suzana continua a cortar o tomate quando Dias chega sem ser percebido por ela.
      - Cheguei. – dá um tapa nas nádegas da mulher que quase se corta com o susto.
      - Pô amor, quase me cortei, boa noite. – Dias coloca sua pasta no sofá.
    - Se vai começar a reclamar é melhor que eu volte para o bar. – Suzana não responde. Da sala, Dias, fica a contemplar a deusa de ébano que tem em casa. Como ela é bonita, como é gostosa, corpo na medida certa. Ele vai até a cozinha e escuta o barulho do chuveiro. Pedro está no banho. Dias agarra sua esposa por trás e inicia os carinhos calientes. De início Suzana não aceita, Dias está com hálito de cerveja e isso faz o estômago da bela morena embrulhar. Enquanto se escuta o barulho do chuveiro, os beijos continuam cada vez mais quentes. O vestido estampado é levantado deixando amostra as coxas roliças.
      - O Pedro vai terminar o banho a qualquer momento. – sussurra Suzana.
   - Então você vai me prometer que depois do jantar vamos continuar o que começamos.
      - Promessa.
      - Muito bem.

***

      Na fila do caixa Suzana e sua amiga Márcia outra morena bonita, comentam sobre os preços exorbitantes dos alimentos e Márcia observa as manchas roxas no braço da amiga.
     - Outras manchas? O que houve dessa vez? O armário caiu no seu braço? – usa de sarcasmo.
      - O armário me machucaria menos. – Suzana passa os produtos.
      - Mais o que houve dessa vez?
      - Eu prometi namorar com ele e simplesmente dormi. – Márcia franze a testa.
     - Conhecendo o marido que tenho eu vou me atrever a dormir. Justamente quando prometi uma noite de amor, você também, mais isso não justifica a violência, por mim você deveria denunciá-lo.
      - Tenho medo do que ele possa fazer.
      - Do que ele possa fazer ou do que ele já vem fazendo?
      - Dos dois.
     Suzana entra no carro de Márcia e bate com o braço machucado na porta. Márcia só assiste à amiga alisando o local.
     - Bom, a vida é sua.

***

     Dias termina de mostrar o apartamento para uma cliente extravagante na maneira de se vestir e se prepara para fechar negócio.
      - Então dona França, vai ficar com um de nossos apartamentos?
      - Sim, vamos assinar as papeladas aqui mesmo.
    Enquanto a mulher assina, Dias a come com os olhos principalmente o decote abusado da perua. Ao final de tudo ela lhe entrega os telefones de contatos e depois mais um antes de sair.
      - Esse é o meu número particular, me liga assim que puder. – Dias sente o clima e faz uma proposta.
     - Porque esperar se podemos começar agora mesmo? – França solta uma risada e aceita a proposta.

***

      Pedro observa sua mãe na cozinha e também às manchas roxas pelos braços.
      - Mãe? O que é isso no seu braço? – Suzana tenta disfarça.
      - Sei lá, acho que foram mosquitos.
   - Mosquitos? De que tamanho? – Suzana rir sem graça. – Mãe, você parou de trabalhar por quê? – a mulher se mostrando impaciente em responder.
     - Fui demitida filho, foi isso. – na verdade Dias a proibiu de trabalhar. Ele achava que ela estava ganhando mais do que ele, por isso ele deu uma surra nela e exigiu que ela pedisse demissão. Suzana estava realmente ganhando mais e estava crescendo na profissão. Tudo isso deixou Dias enciumado e furioso.
       Suzana olha na dispensa que o alho está em falta e pede para que Pedro vá a venda comprar. Típico adolescente preguiçoso, Pedro se nega obrigando sua mãe ir ao mercadinho próximo de casa. Na rua, Suzana chama atenção por onde passa principalmente de Rogério o dono do mercado.
       - Dona Suzana, linda como sempre, o que deseja? – Suzana adorou o elogio.
       - Alho?
     - Só? Tem certeza? – um homem tomando cerveja confere à traseira da mulher e observa a tudo.
       - Por enquanto é só seu Rogério.
       - Rogério, pra você.
       Rogério volta com o alho e Suzana não precisou pagar por nada.
       - Sua beleza já paga tudo. – Rogério a beija na mão.
       - Obrigada, Rogério.
       - Volte sempre.

***

       É de lei Dias parar no mercado para tomar a saideira. Ele e Rogério são amigos de longa data.
      - Fala ai Roger, manda uma bem gelada. – o mesmo homem que tomava cerveja quando Suzana foi comprar alho, se encontra ainda bebendo sua cerva.
       - E ai Dias, vendendo muito imóveis? – pergunta soluçando.
       - Alguns, por quê?
     - Queria comprar um apartamento. Ra,ra,ra, até parece que eu tenho dinheiro. –      Rogério se serve da bebida e volta para os fundos da mercearia. – se liga, sua mulher veio aqui e Rogério a cantou. – Dias quase engasga.
      - O que?
      - Fale baixo cara, é isso mesmo, e sua mulher gostou dos elogios. – Dias espuma de ódio.
      - Hoje eu acabo com ela.

2

      Pedro foi para o futebol e Suzana faz o jantar quando Dias entra com sangue nos olhos.
       - Que negócio é esse de você se insinuar para o lado do Rogério?
       - Do que está falando?
       - Não vem com esse papo não sua safada, eu já sei de tudo.
       - Calma, amor, quem falou isso?
       - Não interessa, vai apanhar. – Suzana começa a chorar.
     Quando Suzana viu Dias pela primeira vez, ela achou que havia encontrado o homem de sua vida, o príncipe encantado. Alto, bonito e bem empregado, Dias era tudo o que Suzana queria para compartilhar seus dias.
        Sem defesa a mulher recebe um soco cruzado que a deixa sem norte. Antes que ela possa se recuperar, recebe outro soco que a faz cair. Uma covardia. Mulheres são espancadas por seus maridos a cada minuto no país. Suzana infelizmente está ajudando a engordar essa triste estatística. Dias continua a bater de maneira brutal em sua esposa, a mulher que um dia ele jurou no altar que a protegeria e daria a vida se preciso fosse. Quase perdendo os sentidos, Suzana é jogada contra a parede com um forte golpe no rosto. Ela cai e as agressões continuam com chutes e pisões.
      Suzana perde os sentidos. Ao ver que sua mulher se encontra desacordada, o covarde para com os chutes e vai até a sala. Ainda respirando ameaça, Dias fala alguns palavrões e volta para cozinha e verifica se Suzana ainda respira. Ao se aproximar ele vê os dedos da mulher se mexendo. Graças a Deus! Vendo que sua esposa se encontra viva, ele volta para rua. Sai de casa como se não houvesse acontecido nada.
       Dias sempre foi um homem mal, rebelde com os pais e traidor com os amigos. Sempre ostentou seu poderio por ter um porte físico forte de um boxeador. Na época de solteiro ele saia com várias garotas e ainda nos tempos de hoje ele continua com essa fama de pegador. Ao sair de casa ele vai direto a venda de Rogério tirar satisfações.
       - Rogério! – vocifera. – quero falar com você. – o dono da venda sai de trás do balcão.
         - Fala Dias? – o soco que Rogério recebe o deixa desacordado e caído na frente do estabelecimento.
          - Isso é para você aprender a não dar em cima da mulher dos outros. – cospe.

3

       O tempo passou e as surras continuaram e as traições também. Suzana coleciona em seu jovial rosto cicatrizes. Ela se tornou uma mulher amarga, infeliz. Quando Dias chega em casa começa seu inferno. Ela o teme. Tem nojo. O odeia. Logo ele que seria seu príncipe encantado.
        Pela manhã ele é o primeiro a acordar e a acordar Suzana para preparar seu café da manhã.
        - Hoje terei que ir para o trabalho de trem. – fala enquanto lê o jornal. Suzana não responde. – esses motoristas resolveram fazer greve justo agora.
       Ele termina de tomar café e sem se despedir da esposa ele pega sua pasta e dispara pela porta rumo á estação. No caminho ele topa com Rogério que o encara feio mais nada faz. Chegando a estação ele se depara com uma multidão. O terminal ferroviário está lotado e isso irrita Dias que acende outro cigarro. Vários palavrões ele solta quando a composição chega com pessoas até nas janelas.
      - Jesus! – mesmo reclamando ele entra e com muito empurra, empurra ele consegue um lugar em pé num canto abafado. A viajem a princípio é tranquila e ele mesmo em pé consegue tirar uma soneca encostado no canto do vagão. Realmente ele pega no sono sem se preocupar com quem está em volta. Algumas vezes ele abre os olhos e confere a paisagem e olhando mais ao fundo ele consegue ver o túnel e escuta quando a buzina do trem ecoa ao entrar no escuro. O vagão fica um breu só, Dias não consegue ver seus sapatos e nem sua mão. Depois de alguns segundos a claridade volta e o que Dias vê é um vagão quase vazio com algumas pessoas sentadas. Ele pisca várias vezes e senta num lugar vago ao lado de uma senhora.
         - Licença!
       - Toda! – o rosto da mulher é magro, pálido, cadavérico. Dias sente o coração bater na boca e se levanta. A mulher sorrir e seus dentes negros apodrecidos exalam um hálito nauseante. Ao lado da velha um jovem negro balbucia palavras sem nexo. Suas mãos tremem sem controle. Ele olha para Dias que se apavora. O negro não tem os dois olhos, somente os orifícios sangrando.
       - Mais que droga é essa? – o rapaz negro tenta se levantar andando na direção de Dias. – o que quer de mim? – o ameaça com sua pasta. – o que está havendo aqui? – Dias se afasta e vai para próximo do outro vagão onde há pessoas perambulando de um lado para outro. – oi, alguém sabe me dizer o que houve? – uma garotinha o olha com seu rosto chupado e olhos escurecidos. Dias quase cai com a figura andando apressada em sua direção. A menina salta e o morde no antebraço. Seus dentes afiados arrancam um bom pedaço do membro musculoso do homem. O corretor de imóveis luta com a pequena zumbi até conseguir socá-la. A menina cai e numa velocidade incrível ela volta atacá-lo. A pasta de Dias entra em ação acertando o rosto apodrecido da infante.         Dias corre e é detido por outro zumbi, dessa vez um gordo obeso. – me solte! – Dias o acerta com um soco no rosto que se desfaz como papel molhado. Os restos apodrecidos da cabeça do zumbi sujaram a mão e parte do rosto de Dias. Suando bastante o esposo de Suzana corre até o outro vagão vazio e o fecha. Os dois zumbis fazem força mais não conseguem abri-lo. A respiração de Dias é ofegante e irregular. Olhando pela janela ele vê uma paisagem funesta. Onde estou? Alguém o toca nos ombros.

4

     Com muito medo de se virar, Dias hesita. O toque dessa vez é mais forte. A transpiração molha sua camisa e suas pernas fraquejam. Dias resolve olhar. A figura que segura em seus ombros é alta e vestida de preto com capuz. O chicote com tiras triplas na outra mão mostram o tamanho de seu poderio. Dias se afasta e a figura sinistra continua a encará-lo com seus olhos em chamas. O carrasco ergue seu chicote o ameaçando.
       - Me deixe passar. – balbucia. O carrasco não responde e volta a ameaçá-lo. – me deixe passar seu desgraçado, senão... – o demônio não deixa Dias completara frase e o acerta no ombro com o chicote cortante. O mesmo cai e já se protege do próximo golpe. A dor é lancinante mais ele resiste. O carrasco ergue o braço e desce o chicote acertando as costas de Dias, seu grito sai agudo e ele se joga no banco da composição que não para de andar. O sangue começa a escorrer e o ódio a brotar.
      - Vou encarar esse cara de frente. – deixa sua pasta de lado e se coloca de pé na frente do demônio. – vem! – o chama para briga. Claro que ele está com medo, claro que ele não sabe o que está acontecendo. Mesmo passando por uma situação inusitada, Dias mantém sua fama, fama de se dar bem em tudo, em tudo ele gosta de tirar vantagem. Mais dessa vez ele está muito enganado. O chicote avança contra seu rosto e num ato de puro reflexo Dias consegue segurá-lo. – viu seu, mane! – imediatamente o chicote se incinera queimando a mão do corretor de imóveis. Outra vez ele grita enquanto sacode a mão fumegante. O demônio não se cansa e desfere outro golpe queimando o peito do homem. Sua camisa barata é cortada com o golpe do chicote em chamas. Dias consegue rolar e sair do anglo de visão do bicho correndo até o outro vagão. Ele entra e fecha a porta. O vagão está vazio e ele aproveita para sentar e descansar. A dor no ombro e no peito é forte, ele se encolhe, tenta entender o que está havendo. Olha novamente pela janela, o trem continua a andar a uma velocidade incrível. A paisagem agora é alaranjada, sem vida.
        Ainda sentado tentando entender o que houve, Dias se sente sozinho, abandonado. Sente falta de Suzana e daria de tudo para que ela estivesse ali. Pedro vem em seus pensamentos como um furacão. Minha família, onde está? As lembranças doem. Para Dias que nunca foi um sujeito que nunca deu prioridade a ela, a dor é dobrada.
Certa vez quando estava fechando negócio com um cliente, Dias recebeu um MSN de Suzana o lembrando do futebol de Pedro na escolinha. Dias simplesmente o ignorou e ao chegar em casa mentiu, dizendo que não recebeu a mensagem. Foi ao quarto onde o filho chorava e em vez de se desculpar, passou um sermão no garoto dizendo que choro é coisa de mulherzinha. Dias sempre foi um pai ausente, um marido violento e um filho rebelde.
       Um estrondo o faz voltar de seu devaneio e ao olhar na direção do barulho o que ele vê o faz quase urinar em si mesmo. Três figuras mascaradas esqueléticas que rosnam para ele como cães raivosos. Dias tenta abrir a porta para voltar para o outro vagão. O carrasco aparece do nada do outro lado fazendo Dias mudar de ideia. As figuras continuam lá em tom ameaçador e o corretor se vê sem saída. Uma das figuras dá um passo á frente e ergue seus braços magros e de pele cinza. As unhas das mãos e dos pés são longas e afiadas. A segunda figura retira a máscara e revela um rosto diabólico com veias negras pulsando sangue vivo.
       - O que vão fazer comigo? – pergunta choramingando. Mais uma vez, Dias, fica sem resposta. A terceira criatura também retira sua máscara mostrando seu rosto infernal com dentes pontiagudos. O desespero bate mais forte quando um dos demônios solta um urro alto, ensurdecedor. A primeira criatura salta atacando Dias com suas unhas grandes. Dias recebe um ataque preciso no rosto. O ferimento arde. Dias pede socorro. Em vão. Outro ataque e Dias tem o braço ferido pelas unhas afiadas do ser das trevas. Vendo que será morto ele chora. O ser de dentes pontiagudos o morde no ombro. A reação de Dias o deixa desequilibrado. Dias reage com socos que acertam mais o ar do que o próprio bicho.
       - Não vão conseguir me matar seus monstros. – a situação de Dias só piorou depois disso. Os três seres resolveram atacar de uma vez só deixando o homem totalmente indefeso. São mordidas, arranhões e gritos de pavor misturado aos de dor. Por mais que ele tente Dias não consegue fugir dos ataques violentos dos bichos. Realmente uma covardia. Enquanto é espancado, sua mente o faz voltar quando deu uma surra em Suzana sem motivo. Tinha bebido demais e chegou em casa furioso. Ele ainda lembra que naquela noite ela gemeu toda a madrugada o obrigando a levá-la ao pronto socorro pela manhã.
      Quase perdendo os sentidos Dias é deixado num canto do vagão sangrando bastante. Seu corpo treme e as feridas parecem brasas. Dias rasteja e sente muita sede. O trem não para. Sua visão se embaça e a secura na boca faz sua língua colar no céu da boca.
        - Quero água, onde está Suzana, Pedro, por favor, eu quero água. – uma voz rouca e alta o responde. O vagão fica escuro. Um breu.
      - Não temos águas aqui. Você não merece esse bem. – Dias tente ver quem fala com ele naquela escuridão.
        - Quem fala comigo?
      - Isso não lhe interessa, já estamos chegando ao seu destino seu miserável, agora fique quieto.
      - Por favor, eu estou com sede, muita sede. – Dias sente a respiração da figura e também quando o mesmo o pisa na cabeça.
       - Fique quieto. – a composição vai perdendo velocidade e o bicho permanece com seu pé na cabeça de Dias. – Chegamos!

5

       Dias é levantado do chão bruscamente. As portas se abrem e ele é jogado para fora batendo com a cabeça num tipo de coluna.
      - Siga aquelas pessoas. – Finalmente a figura se revela. Dias perde o fôlego ao ver seu aspecto. Roupa preta e cabeça de bode. Quase se arrastando, Dias anda até a fila que segue para um abismo. Lamentos, perguntas, choros, gritos e murmúrios. Ele fica ali parado, sentido dor. A pior dor não é a física e sim a dor da saudade, do arrependimento. Quando vai se sentar para descansar, um ser o castiga com chicotadas e chutes. Dias pede água e o bicho rir. Uma mulher é incinerada por um ser. Ela ainda tenta apagar as chamas mais o demônio gargalhando a ataca com chicotadas.
       - Onde estou? Para onde vou? – Dias gagueja.
     Depois de muito tempo chega à vez de Dias. Ao olhar o abismo o corretor de imóveis treme na base. E se urina.
      - Eu não posso pular ai. – o demônio o olha friamente.
      - Você não pode pular? Claro que pode, pule!
      - Não, eu não posso, preciso voltar pra casa.
      - Você não tem mais casa seu idiota. Alias, você nunca considerou aquilo como seu lar, vivia batendo na esposa e rejeitava seu filho, agora pule, Dias, pule.
      - Mais eu estou arrependido.
      - Tarde demais Dias, tarde demais pra você. – o empurra e Dias desaparece no meio do abismo escuro.

6

       O celular toca e ainda sonolenta Suzana atende.
        - Alô? – silêncio. – meu Deus, não. – mais uma pausa. – NÃO!
Suzana chega à plataforma onde há bombeiros e uma multidão de civis querendo obter informações. Márcia de braço dado com sua amiga espera à situação se acalmar. Um bombeiro se aproxima com atualizações.
     - Houve uma colisão entre as composições na saída do túnel, felizmente houve sobreviventes mais o número de mortos ultrapassa o de feridos, ainda estamos identificando os mortos mais já temos uma lista, ela está fixada ali na parede, por favor em ordem.
       Com o tumulto formado Suzana e Márcia encontram dificuldade em chegar próximo da lista. Suzana chora e Márcia a consola acariciando sua mão. Elas vão chegando mais perto na medida em que as pessoas vão lendo e saindo. Algumas aliviadas e outras se desesperam.
        - Márcia, olhe pra mim, eu não tenho coragem, por favor, amiga.
      - Pode deixar. – Márcia vai direto à letra “A”. Por mais que ela não gostasse do marido de Suzana ela deseja não encontrar seu nome naquela lista funesta. Mais a esperança se vai quando os olhos de Márcia visualizam o nome. – André Dias. Morto! – Ela olha para sua amiga aos prantos. – Suzana, você precisa ser forte. – elas se abraçam e os soluços de Suzana são abafados.

FIM





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