segunda-feira, 27 de abril de 2020

A Sombra do Vingador - O começo


A Sombra do Vingador
O Começo

Frigideira aquecida. Manteiga e dois ovos. No relógio na parede 7h e Bruno Junior acelera o preparo do café da manhã. Mais uma vez ele chegará atrasado no departamento de polícia. Dois pães frescos e uma caneca de café com leite. Um desjejum reforçado já que o dia promete grandes emoções. TV ligada no volume médio para não acordar Carol que ainda baba deitada de bruços na cama. No noticiário matutino o mesmo de sempre, bolsa de valores, campeonato de futebol, violência nas ruas entre outras coisas.
      Assim que terminou o seu café da manhã, Bruno foi até o quarto e observou sua namorada deitada, semi nua, exibindo sua ótima forma física. Ela é muito gata mesmo, pensou o policial. O mal de Bruno é não conseguir fazer barulho. Quando estava colocando a calça ele se desequilibrou e esbarrou no frasco de creme da namorada. Carol não se assustou, apenas abriu os olhos e sorriu.
    - Bom dia, amor. – se espreguiçou.
    - Desculpa por te acordar tão cedo.
    - Não desculpo, você atrapalhou o meu sonho. – bocejou.
    - Sério, estava sonhando com o que? – apertou o cinto da calça.
    - Sonhei que você me beijava inteirinha, começando pelos pés. – esticou as pernas.
    Bruno Junior pegou a camisa de botão e a vestiu.
     - Nossa, mais que mulher quente é essa? Transamos muito ontem a noite, acordei atrasado até.
     - E daí? Eu quero mais hoje. – esticou o braço e segurou no volume da calça do agente.
     - Carol, querida, gostaria muito de ficar e reiniciar a brincadeira, mas o dever me chama.
     - Já sei. – se levantou contrariada. – a apreensão das drogas de Enrico Montanari. – deu um selinho no namorado. – parabéns pra você, herói.
     - Hoje iremos montar uma operação em conjunto com outros departamentos. Dessa vez o Italianinho vai para jaula. Quem manda nessa cidade é Bruno Junior. – pegou a arma e o distintivo.
     - Quero ver. – foi para o banheiro.

*

Mãos amarradas para trás. Um pedaço de pano dentro da boca e uma fita ao redor dela. Os pés também estão fortemente amarrados. No chão respingos de sangue fresco e nas mãos de Caio, capanga de Montanari, uma barra de ferro maciça. O torturado, ofegante, tenta manter-se acordado, mas isso é quase impossível. Ele olha para Caio e depois para o objeto em suas mãos.
     - Vamos lá, facilite as coisas para você. Vai falar ou não?
     Balançando a cabeça negativamente o homem se preparou para outros golpes, e eles vieram, todos nas pernas. Enrico entrou no recinto. Sempre bem vestido, blazer preto e camisa azul e um papel na mão. Por um instante ele acompanhou o martírio do torturado até Caio parar.
     - Opa, será que esse último estalo foi a tíbia se partindo? – olhou para o comparsa. – jamais quero arrumar confusão com você, Caio, você é mesmo um animal.
     - Vou considerar isso como um elogio. – limpou o suor da testa. – ele não vai confessar.
     - E nem precisa. – chutou uma das pernas. – já apurei. Ele contribuiu com a polícia. – mostrou ao sujeito as imagens no papel. – por sua causa perdi milhões com a apreensão das minhas drogas. Agora chegou a hora do ajuste de contas. Vamos lá, Caio. – bateu no ombro do assecla.

*

Mapa aberto sobre a mesa. Um piloto vermelho sinaliza os pontos onde as equipes devem se posicionar. Bruno Junior tem em sua sala cerca de dez policiais trabalhando duro para tirar de circulação o chefe da maior milícia da cidade, Enrico Montanari. O italiano é acusado de ser mandante de execuções de policiais e autoridades. Tem envolvimento com tráfico de drogas internacional entre outros esquemas, sujeito barra pesada. Em cima do mapa Junior colocou as fotos de Montanari e de Caio.
     - Estão vendo esse cara. – colocou o dedo na foto de Caio. – indivíduo de altíssima periculosidade, atende pelo nome de Caio, matador impiedoso, trabalha para o canalha do Montanari.  Todo cuidado e pouco. Temos que neutraliza-lo primeiro.
     - Já ouvi falar dele. – falou um agente barbudo. – vi como deixou sua última vítima. Meu Deus.
     - Pois é, vamos nessa, não pode passar de hoje. – bradou Bruno.
     Os homens ainda estava saindo da sala quando o celular tocou, era Carol.
      - Oi, querida?
      - Estou no mercado, posso levar um vinho para mais tarde?
      - Nossa, mas essa mulher está cheia de tesão.
      - Não paro de pensar na noite passada.
      - Legal, compre um bem gostoso. A noite nos vemos. Certo?
      - Não vejo a hora. – Carol Pimentel desligou o celular e abaixou para pegar a garrafa de vinho. Assim que ergueu o corpo deu de frente com um sujeito que colocou o cano da pistola em sua barriga.
      - Venha comigo, quietinha.

*

Um, dois, três, quatro socos, diretos no rosto já machucado de Carol. Caio sacode as mãos e as coloca no balde com gelo. Enrico se levantou do sofá e a puxou pelos cabelos.
     - Seu namoradinho vai gostar do presente.
     Caroline está amarrada a uma cadeira. Seu belo corpo está coberto de hematomas e feridas abertas. Ela chora, sabe que vai morrer. A seu lado um homem faz um vídeo usando o seu celular.
      - Uma pena ter que te matar, garota, mas o bosta do seu namorado quase me faliu e eu não vou deixar isso barato. – olhou Caio. – seja rápido, não quero que ela sofra mais. Assim que terminar envie o vídeo. – saiu da sala.
*

Bruno Junior está sentado no banco do carona da viatura se dirigindo para o ponto estratégico quando o celular vibrou em seu bolso. Ao ver que se tratava de um vídeo ele riu achando ser mais uma das peripécias de sua mulher, mais um vídeo de Carol pelada no banho, ela não tem jeito.
     O policial abriu o vídeo. O rosto de Caio sorrindo mostrando o corpo de Carol, só de calcinha e sutiã, mergulhado numa poça de sangue o fez sentir náuseas.
     - Que pena, ela não resistiu. Bom velório.
     A viatura cortou para o acostamento abruptamente. Bruno mostrou o conteúdo do vídeo para o companheiro de profissão que lamentou profundamente.
     - O que iremos fazer?
     Com os olhos úmidos o investigador olhou para o companheiro e depois declarou descendo do carro.
     - A operação acabou.
     - Como assim, a operação acabou, Bruno?
     - Preciso resolver essa parada com Montanari sozinho. Volte para o DP, isso é uma ordem. FIM

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