Aquele Olhar
Final
O tempo vai passando e o desespero de Sheila cresce na mesma proporção em que o ponteiro do relógio anda. Vez por outra ela olha para Augusta. A vontade de ataca-la e tentar tirar dela a arma é grande, porém é ao mesmo tempo loucura. Augusta se encontra desesperada, sem nada a perder, puxar aquele gatilho seria a coisa mais fácil para uma mulher em seu estado. Esperar. É tudo que resta no momento.
- Vai mesmo acabar comigo? Ou melhor, conosco?
Augusta não responde de imediato, ela somente caminha de um lado para outro tentando controlar sua respiração e pensamentos. A pistola 45 segue em sua mão direita.
- Pense mulher, vocês tem um filho juntos, o que será da vida dele, sem pai e nem mãe...
- Cala a boca. – grita. – o que você entende de família? Você foi a pivô da minha ser destruída, sua vagabunda. Quer tomar um tiro agora?
A arma volta a ser apontada para a cabeça de Sheila que volta a se desesperar. Nesse momento o barulho do motor do carro de Arthur é ouvido por ambas.
- Aí, graças a Deus. – une os mãos em forma de prece.
- Não fique tão feliz, sua vaca.
Arthur para o veículo abruptamente e desce da mesma forma. Suado, gravata torta e pálido. O esposo de Augusta ergueu os braços assim que teve a 45 apontada para ele.
- Guta, por favor, vamos conversar, você não precisa fazer isso.
- Fique aí. Vamos começar os negócios.
*
Mais uma vez a amante de Arthur tem o ímpeto de desarmar Augusta enquanto a mesma negocia o resgate com o marido. Loucura, claro que ela sentiria minha aproximação e atiraria. Sheila volta de seus pensamentos um pouco mais apavorada.
- Faça a transferência para aquela conta que lhe falei.
- De quanto?
- Tudo! – ela olha para Sávio que aparece logo atrás de Arthur.
- Como assim, tudo?
- Quero todo o rendimento das empresas em minha conta, agora. – olha para Sheila que esboçou um movimento.
Sávio sorrir, de orelha a orelha. Augusta de repente começa a tremer os braços. Sheila volta a chorar e mais forte e Arthur ainda tenta convencer sua esposa a desistir de tal loucura.
- Solte essa arma, vamos conversar. Você não é assim.
Ela olha para Sávio que assentiu com um gesto de cabeça. Augusta aponta para Sheila e dispara lhe acertando o braço. A morena cai se contorcendo de dor e berrando.
- Faça a transferência já. O próximo eu não erro.
Assustado, o empresário saca o celular e mesmo nervoso ele iniciou o processo de transferência. Demorou um pouco, mas ao final dos cinco minutos Augusta estava milionária. Arthur mostra na tela o comprovante.
- Satisfeita? – voz embargada. – agora me deixe levá-la para um hospital, ela já perdeu muito sangue.
Sheila rola de um lado para outro segurando o ferimento empapada pelo próprio sangue.
- Ótimo. Tire essa vaca da minha frente. Mas antes, eu vou cair fora e nem pense em chamar a polícia.
Augusta dá as costas para entrar no carro. Sávio toca em Arthur que saca uma arma escondida no cós da calça e atira. Augusta é alvejada na altura do ombro. Sávio solta uma gargalhada. Sheila volta a berrar.
- Merda! – Augusta gira o corpo já atirando e acertando o abdômen do marido que também atira. O disparo acertou o peito da mulher. Sávio bate altas palmas quando finalmente ambos caem para a morte. Arthur, Augusta e Augusto o filho, uma família destruída.
Sheila consegue vencer a dor e se levanta. Chorando copiosamente ela olha para os corpos. Seus lábios carnudos tremem e salivam. O remorso é grande.
- O que aconteceu aqui minha gente? – diz Sávio.
Sheila sente o coração vir a boca ao ver aquela figura estranha a seu lado.
- Quem é você? Como chegou aqui?
- E isso importa? Venha, vou levá-la ao hospital.
- E eles? Meu Deus. – volta a chorar.
- Sheila, não se preocupe, você prestou um bom trabalho. Entre na carro.
- Eu, prestei um bom trabalho, para quem?
Sávio a toca no braço ferido que cessa a dor na hora.
- Para mim! FIM
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