domingo, 4 de agosto de 2019

Aquele Olhar - Parte 3




Sheila na frente tentando contornar a situação, sem sucesso e Augusta com o cano da 45 cutucando na costela da amante de seu marido. Elas chegam perto do carro parado a cem metros do ponto de ônibus e Augusta ordena que ela entre em silêncio. Sheila ainda esboça uma reação tentando chamar atenção de quem passa por ali, mas é ameaçada.
      - Escute aqui, sua sem vergonha, se falar alto outra vez, eu juro por Deus que enfio uma bala na sua cabeça, entendeu? Agora entre.
      Depois de dirigir por quase dois quilômetros e em silêncio, Augusta resolveu falar.
    - Me diga uma coisa, desde quando estão se encontrando?
    - Há seis meses. – olha para fora pela janela do carona.
    - E o que você acha do Arthur?
     Sheila evita o contato visual com ela. Ela entende que Augusta está ferida e emocionalmente se encontra destruída e mais um agravante, ela tem uma arma apontada para ela.
     - Como assim?
     - Não se faça de boba, você sabe exatamente do que estou falando. Responda. – encosta o cano na têmpora de Sheila.
     - Bom?
     A resposta só serviu para acender a fúria já incandescente dentro de Augusta. A coronhada na testa não foi tão forte, mas machucou.
      - Socorro, ela vai me matar. – gritou Sheila.

*

     O lugar é afastado da cidade. Um campo de futebol improvisado e abandonado no meio do nada. Augusta desliga o veículo e olha para  morena.
     - Desce!
     - Vai me matar aqui? – chora. – como vão encontrar o meu corpo?
     - Os urubus darão conta de comer esse corpão. Agora desce.
     As pernas tremem feito varetas. As lágrimas já borraram toda a maquiagem deixando Sheila com um aspecto meio fantasmagórico. Augusta do outro lado do carro olha para ela.
      - Está horrível. – ri. – liga para ele.
      - O que?
      - Você é surda? Liga para Arthur e diga que foi sequestrada por mim. Faça isso agora mesmo.
      - Você é louca?
     Mais uma vez uma sombra negra assume o lugar dos olhos e Augusta fez a volta já agredindo com coronhadas e dessa vez com mais força.
      - Se me irritar outra vez, eu mesma terei que ligar para o safado informando onde deixei o seu corpo. Agora liga. – diz aos berros.
      As mãos mal conseguem segurar o aparelho. Quando finalmente Artur atendeu a ligação, Sheila estava em choque ao sentir o cano da arma em sua testa.
     - Mô! – ela olha para Augusta que range os dentes e toca no gatilho.
     - Tudo bem? Sua voz está estranha?
     - Ela me sequestrou. – funga o nariz.
     - Ela quem, do que está faltando?
     Augusta pressiona ainda mais a arma contra a cabeça da mulher que se desespera.
      - Sua mulher, ela me sequestrou e nesse momento ela tem uma arma apontada para minha cara. – grita e chora.
      - Meu Deus, eu não consigo acreditar, me deixe falar com Augusta.
      Sheila entrega o celular para Augusta e volta a chorar debruçada no carro.
      - Oi, amor?
      - Augusta, o que está acontecendo, o que você fez?
      - Eu ainda não fiz nada, tudo vai depender de você.
      - Guta, veja bem...
      - Arthur, já chega dessa história de Guta, entendeu? Eu quero que você venha aqui, resgatar sua piranha.
      - Resgatar? Augusta, você quer resgate?
      - É um sequestro, amor, vamos seguir os padrões. Anote o endereço e venha sozinho.(continua)


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