BALA
NEGRA
Um ano. Há um ano Marli Porto
investigadora da polícia vem numa verdadeira caçada a Nilton Lins e hoje,
finalmente hoje, ela terá o prazer de algema-lo. Dá uma resposta a sociedade é
pouco para ela. O ato criminoso de Lins custou a vida do casal de idosos e
também o casamento da detetive. Desde quando foi escalada e assumiu o caso,
Marli mergulhou fundo deixando sua família em segundo plano. Pedro, seu marido
há dez anos, não conseguia entender tal dedicação da esposa. Para ele foi
apenas mais um crime. Basta fazer os procedimentos corretamente e pronto, Nilton
estaria atrás das grades. Para um leigo como Pedro às coisas funcionam dessa
maneira, porém Nilton não é qualquer fora da lei. Ele não é um bandidinho formado
na esquina. Lins matou o casal de idosos a machadadas. Roubo seguido de morte e
não foi só uma vez. Nilton é violento, temido até por outros criminosos. O
assassino do machado precisa ser tirado de circulação imediatamente.
Marli também quer por às mãos em Lins
porque ele, de forma indireta destruiu seu casamento com o homem que ela ama.
Pedro não suportou o fato de ter sido jogado para escanteio por causa de uma
investigação. Marli não quer admitir nem mesmo para ela, mas verdade seja dita,
ela ficou paranoica. Sua mente vivia em constante ebulição devido as pressões
sofridas.
- A sociedade, a imprensa e o que é
pior, o governo precisa de uma resposta. – falou o delegado.
- Nilton é escorregadio demais. Ele
está sempre a um passo a nossa frente.
- Marli, confiamos esse caso a você.
Você já provou que é eficiente e que não está aqui para brincadeira. Se Lins
está sempre a um passo a nossa frente é porque você vem dando esse espaço a
ele. – entrelaçou os dedos. - lembre-se, Marli Porto, só avança que acha
espaço.
Porto se lembra desse dia como sendo
o pior de sua vida. Delegado Cardoso estava coberto de razão, mas ele não sabia
o que sua melhor agente estava passando dentro de casa. Ela é uma agente da lei
cumpridora de seu dever, mas por trás daquela negra alta imponente existe uma
mulher como todas às outras. Marli estava a ponto de explodir e cada vez que
uma operação falhava ela sentia vontade de chorar trancada em seu quarto, ou recostar
a cabeça no peito de Pedro e ficar ali. Mas ela não pode se dar a esse luxo.
Demonstrar fraqueza está fora de cogitação.
A prisão do inimigo público número um
agora é questão de tempo. Durante um ano Marli e sua equipe montou um esquema infalível
que certamente terminará com Nilton enjaulado. Não há como sair errado. Assim
ela espera. Essa manhã foi ainda mais atípica. Além de ter que se acostumar a
viver uma nova vida de mulher separada, acordar sem Pedro a seu lado na cama,
Marli foi notificada sobre a presença de Lins nas imediações de seu bairro. Foi preciso deixar a preguiça e o desânimo de
lado e partir. A primeira fase do plano, digamos, seria a pior. Identificação. Encontrar
Nilton seria como tentar encontrar uma agulha num palheiro. Todos da equipe
tinham plena convicção de que seria difícil, quase impossível, porém não sabiam
que seria tanto. Pra começar, Nilton Lins estava totalmente diferente desde sua
última aparição. Os longos cabelos e barba já não existem mais. Ele agora posa de
galã com cabelos bem cortados e sem barba arrancando suspiros das desavisadas.
Foi preciso um olhar microscópico para identificá-lo.
Equipe alertada. Equipe focada. Cada
um em suas posições e pronto. Resta somente esperar e aborda-lo. A segunda fase
do plano foi um pouco mais fácil. Seguir os passos do assassino, entrar em sua
rotina. Foi um trabalho fácil? Sim, foi, porém cansativo, chato e enfadonho.
Lins não é um cidadão comum, vale lembrar que ele é um foragido da polícia e rotina
para um fugitivo é sinônimo de prisão certa. Demorou, por fim conseguiram saber
o que o matador fazia todas às manhãs. Restou apenas organizar a operação para
um minucioso mapeamento de seus passos e aguardar que a fera morda a isca.
*
Nilton já havia sondado aquela casa fazia
alguns dias. Descobriu que o casal de idosos moravam sozinhos e que
dificilmente recebiam visita de filhos ou amigos. Lins também percebeu que o
velho demorava alguns longos minutos para fechar o portão depois do passeio com
o cachorro. Dai pra frente foi fácil. Certo final de tarde ele aguardou o aposentado
passar em frente a uma construção inacabada puxando o vira-lata.
- Vamos andando Pipoca.
A vítima passou. Lins se apossou do
machado recém comprado. Esperou até que seu Batista se aproximasse de seu
portão e foi atrás. Como era de se esperar, Batista demorou para fechar o
portão devido as dores nas mãos. Foi
abordado.
- Cala a boca e entre. Vamos!
- O que, como assim?
Nilton o empurrou. O idoso perdeu o
equilíbrio e caiu batendo as costas no chão. A cadela começou a latir e foi a
primeira a estrear o fio do machado.
- Santo Deus. – gemeu Batista.
- Levanta, vamos e nem tente alarmar.
– Lins o puxou pelo braço com truculência.
Lá dentro é uma típica casa de classe
média. Os móveis são poucos, porém valiosos, sem falar nos eletrodomésticos.
Mas o que realmente interessava Nilton era o dinheiro. Sim, apesar do charme,
da boa aparência, Nilton Lins não passa de um ladrão de residência barato. Aos
empurrões o dono da casa é conduzido até onde sua esposa se encontra, na
cozinha adiantando o jantar.
- Fale para ela o que está
acontecendo. – jogou o velho contra a mesa.
- Por favor, não nos faça mal, leve o
que quiser. – implorou o aposentado.
- Batista, meu Deus, o que está
acontecendo aqui? – Dora soltou a faca.
- O dinheiro, eu quero o dinheiro e
não adianta dizer que não tem porque eu sei que tem. – vociferou ameaçando-os
com o machado.
Dora olhou para o esposo que tinha no
rosto a face do pavor. Depois se voltou para Nilton que transpirava e respirava
perigo. Ele está falando sério, pensou a ex professora.
- Promete nos deixar em paz? – perguntou
Dora.
- Não posso prometer nada. – bateu no
cabo da ferramenta.
As coisas não acabaram bem para o
casal Dora e Batista. O crime repercutiu e sensibilizou a todos. O sentimento
de revolta também foi generalizado. Nilton saiu da casa dos idosos naquele
início de noite carregando a arma do crime – limpa é claro e como uma boa soma em
dinheiro. Os corpos foram encontrados três dias depois por familiares que
acionaram a polícia. Como não há crime perfeito e nem mal que dure para sempre,
Lins pecou ao não averiguar se havia câmeras de segurança na casa. Poderia não
haver na casa de Dora e Batista, mas do outro lado da rua, exatamente na
calçada do vizinho da frente existia uma e registrou tudo, inclusive a saída
ligeira do assassino. Marli Porto enquanto analisava às imagens trancava as
mandíbulas e socava a mesa sem parar.
- Eu te pego desgraçado.
Uau! Que assassino bárbaro!
ResponderExcluirParabéns Julio pela primeira parte com conto.
Obrigado pela atenção.
ExcluirA construção dos personagens é envolvente e me fez querer saber mais, especialmente sobre o assassino, que usa métodos tão macabros. Acho que ele ainda vai dar um trabalho, viu hahahaha Aguardo as próximas partes!
ResponderExcluirBellzinha obrigado querida.
ExcluirAdoro assassinos do Machado...kkkkk
ResponderExcluirIniciou a história muito bem.
Parabéns!
Muito bom, Sr Julio :)
ResponderExcluirBem interessante. Q frieza que esse Lins tem, até o pobre Pipoca! Aguardando a resolução.
ResponderExcluirFicou ótima a primeira parte do seu texto. Adorei uma mulher como investigadora. Muito bem construido.
ResponderExcluirMuito bom gostei ,ótimo pois colocou uma mulher como investigadora muito bom texto.
ResponderExcluirBem intrigante esse conto. Parabéns!!!!
ResponderExcluirMuito bom o conto! Parabéns! Aguardando o próximo capítulo!
ResponderExcluirA segunda parte? Sigo aguardando . Você é ótimo 👏👏👏
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