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O
corpo se encontra destroçado no quintal da humilde casa. A esposa é
consolada por conhecidos e filhos. Por falar em filhos, o mais velho
dos cinco está revoltado andando de um lado para outro em seu
quarto.
- Eu mesmo vou dar fim a esse
bicho. - abre o guarda-roupas. - viu o que ele fez com meu pai?
- Nada podemos fazer, o bicho é
mais forte que a gente. - disse o mais novo.
-
Essa noite, antes do corpo do nosso pai esfriar debaixo da terra,
esse animal estará morto também.
O
corpo, alias, o que sobrou dele, é sepultado. Virgínia chora
agarrada aos quatro filhos, Naldinho se encontra afastado limpando as
lágrimas que teimam em descer.
- Maldito monstro! - resmunga.
Na
madrugada fria o menino se abriga na torre da única igreja da
cidade. A espingarda carregada está apoiada próxima do sino. As
ruas estão vazias, ninguém se atreve a sair de casa. Naldinho olha
o relógio mais uma vez, 02:45h. Boceja. De repente um uivo faz seu
corpo se arrepiar. Será um cachorro? Ou o lobisomem? Ele pega a
arma, se deita e aponta a espingarda. Outro uivo. O coração
acelera. Faz o sinal da cruz.
- Acabou seu bicho maldito!
Do
nada o lobo cruza rapidamente de uma calçada para outra. Naldinho
nunca havia visto nada igual. O bicho anda de pé, tem o corpo
coberto por pêlos e focinho. Uma imagem infernal. O garoto se vê
tentado a desistir, mais o sentimento de vingança é maior. O
monstro uiva com fome. Quem seria essa criatura? Naldinho desce da
torre e ganha a rua. O suor escorre da testa, a respiração é
entrecortada. Ele vê o lobisomem pular no meio dos sacos de lixo.
Respira fundo e caminha até lá. Com passos vacilantes Naldinho fica
cerca de 500 metros do bicho que de pé alcança quase dois metros.
Ele dispara. Distraído o lobisomem tem a pata ferida. O garoto se
assusta com o olhar da fera para ele.
- Meu Deus!
Realmente
os olhos vermelhos do homem lobo é de fazer gelar. Naldinho corre e
o bicho vai atrás rosnando espalhando saliva pelo ar. Enquanto corre
ele não consegue pensar em nada a não ser sobreviver. Naldinho vira
a espingarda que era de seu pai, apoia a garruncha no ombro e
dispara. Claro que ele errou. O monstro continua de pé e com uma
fome voraz.
Naldinho
comete outro erro, entra numa rua sem saída e tropeça feio. O tombo
lhe causou alguns machucados dando uma oportunidade de ouro para o
homem lobo que voa em cima do corpo do adolescente. Apontando a
espingarda pra cima ele atira. As unhas poderosas do lobo arranham
seu peito e rosto. O garoto grita e pede por socorro. O cano da arma
entra na boca do animal, Naldinho atira explodindo a cabeça. A fera
tomba para o lado com espasmos e cuspindo sangue.
A
ronda noturna da cidade chega na rua sem saída e vê dois corpos no
chão.
- Nossa, vejam aquilo. - diz o
sargento.
Os
homens fardados descem da viatura.
- Padre Severino e o filho do
finado Agnaldo, meu Deus! - diz o cabo se abaixando. - o garoto está
vivo.
- Chame a ambulância. - ordena
o superior.
- Quer dizer que o bicho era o
padre, quem diria.
Naldinho
abre os olhos. As imagens estão desfocadas. Os ferimentos causados
pelas unhas do lobisomem ardem muito e ele sente frio, muito frio. A
ambulância chega finalmente. FIM
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirNão sei se esse conto terá uma continuação. Só terei uma resposta depois que eu terminar de escrever um conto policial.
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