domingo, 25 de setembro de 2016

ACONTECEU no ÔNIBUS



Gilmar entra na padaria. A linda balconista o atende com um sorriso maior que o próprio rosto.
- Bom dia senhor Gilmar!
- Bom dia Rose, hoje vou levar as coxinhas que tanto você insiste para eu experimentar.
- Ai que bom, garanto que o senhor não vai se arrepender. - bate palminhas. - vai levar mais o que?
- Cem gramas de mortadela, cem de queijo e cinco pães, por favor.
- Tudo bem.
Antônio entra na padaria e ao ver seu velho amigo ali, a festa foi garantida.
- Grande Gilmar!
- Grande Antônio. - o abraça. - como tem passado?
- Fora as dores na coluna o restante vai tudo bem, e minha comadre?
- Beth tem passado por momentos complicados com a saúde também, mas, estamos acertando.
- A velhice vem chegando e com ela as dores, as chatices, reparou que todo velho é meio chato? - Antônio debocha.
- Pois é, eu faço de tudo para não ser assim, quero ser um coroa maneiro.
Rose surge no balcão com o pedido de Gilmar.
- Pronto seu Gilmar, deu 16 reais tudo!
Gilmar enterra a mão no bolso e retira uma nota de vinte.
- Aqui está!
- Vai querer troco? - brinca Rose.
- Oh se vou querer.
A conversa do dois amigos continua do lado de fora da padaria.
- Rapaz, outro dia. - começa Gilmar. - passei por uns maus bocados dentro do ônibus.
- O que houve? - Antônio cruza os braços.
- Fui ao banco, a fila dos velhos estava enorme, eu já sai de casa com vontade de mijar, pois bem, a fila estava enorme, demorei quase duas horas lá dentro, minha bexiga parecia que ia se romper a qualquer momento…
- Você não podia pedir alguém que guardasse seu lugar na fila? - Antônio coça a barba.
- Você sabe como eu sou, não confio em ninguém.
- Caramba, entra ano, sai ano, você continua o mesmo. - Antônio balança à cabeça negativamente.
- Ai, eu fiquei ali, parado, me segurando para não mijar nas calças. Quando finalmente chegou a minha vez, eu tive que ir até o caixa bem devagar, eu estava explodindo, recebi meu pagamento e vim embora.
- Agora sim você parou no bar e mijou?
- Claro que não, eu gosto de mijar no meu banheiro, na minha casa.
- Mas Gilmar, isso faz mal, segurar mijo por tanto tempo assim.
Gilmar franze a testa.
- É mesmo?
- Sim, acho que desenvolve calculo renal, não sei se é verdade.
- Melhor ver no Google. - ambos riem.
- Bom, deixa eu terminar, preciso ir para fazer o café de dona Elizabete. - pigarreia. - ai cara, meu ônibus demorou a vir, fiquei no ponto me contorcendo e me arrepiando. Do meu lado tinha uma mocinha que não parava de falar no telefone, e você sabe como isso me irrita, pessoas falando alto e sem parar. Depois de alguns longos minutos veio o ônibus, graças a Deus a menina não subiu. Cara, quando achei que tudo estava indo bem, o pior aconteceu…
- Ai, meu Deus! - Antônio arregala os olhos.
- Engarrafamento. - fala lentamente.
- Putz, que merda hein!
- Merda? Coloca merda nisso. - algo entra nos olhos de Gilmar e ele pede para que seu amigo sopre. - valeu, odeio quando um cisco entra nos olhos.
- E quem gosta?
- Sei lá, tem doido pra tudo!
- E ai, o que você arrumou, desceu pra mijar?
- Que nada, segurei firme. Cara, simplesmente o ônibus não andava, parou de vez.
- Se fosse eu, pedia o motorista para abri e eu desceria.
- Tem que ser guerreiro, Antônio, segurar firme. - pega no ombro ossudo do amigo. - pois bem, lá estava eu, com a bexiga cheia, o trânsito parado, meia hora, de repente, olho para o lado e o que vejo? Uma mulher com uma criança. A bolsa da criança estava semi aberta, logo localizei a mamadeira vazia.
- Meu pai, você não fez o que eu estou pensando? - Antônio levanta uma das sobrancelhas.
- Cara, pior que fiz. Peguei a mamadeira sem ele ver, abri, olhei para os lados, todo mundo reclamando do trânsito, abri meu ziper e me aliviei, mijei muito, até quase transbordar. Coloquei a tampinha e botei a mamadeira de volta no lugar.
- Caramba Gilmar, que maldade. - cruza os braços outra vez.
- O pior você não sabe, a criança começou a chorar e ela deu a mamadeira para o menino, ela era babá da criança, ela achou que a patroa tivesse feito chá.
- E ai?
- O moleque tomou e gostou, parou de chorar. - limpa a garganta. - muito curiosa, a babá experimentou e ainda elogiou, deu para ouvir o que ela disse, “nossa, que chazinho gostoso, né bebê, quentinho e docinho”. Cara, quando ouvi isso, não aguentei, comecei a rir, baixinho ,mas ri a valer.
Meio constrangido Antônio fala.
- Cara, se eu fosse você pararia de ri.
- Ué, porque?
- Urina doce não é bom sinal.
- Não? - diz com olhar soturno.

- Não, e quando o mijo está assim, “docinho” o nível de diabetes está altíssimo. - bate no ombro do amigo. - é Gilmar, melhor você ver isso hein, tenha um bom dia!

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