terça-feira, 20 de setembro de 2016

LIGA dos PODEROSOS - Grupo Naja - "O resgate"



Ele olha mais uma vez com seus olhos pequenos e apertados para a entrada do prédio. Liu tira as mãos do volante da picape e pega o rádio no banco do carona.
- Consegue ver alguma coisa, Fante?
- Nenhum movimento!
- Tudo bem, mantenha a posição, câmbio?
- Pode deixar comigo!
A espera é angustiante. Ainda mais quando não se sabe o que pode acontecer. Jamal, um dos membros da liga está nas mãos dos terroristas a quase trinta horas. Toda equipe foi mobilizada para a possível sede dos bandidos que até agora não contactaram com restante do grupo. Liu morde os lábio e volta a acionar o rádio.
- Neto?
- Neto na escuta!
- Vê alguma coisa?
- Nada, teremos que invadir o local!
- Você acha que essa é a melhor saída?
- Qual outra opção temos?
Silêncio
- Ótimo. - respira profundamente. - vamos invadir, chega desse sofrimento, Jamal pode está em perigo.
- É assim que se fala!

Liu abandona a picape e segue a pé. Vestido como um típico mestre de kung fu, o jovem chinês passa com cuidado pelo portão da casa e tenta observar pela fenda. Forçando um pouco ele consegue ver dois homens com metralhadoras no alto da varanda. O jeito é ir por trás.
Na parte de trás da casa há um segurança portando uma 45. Fácil demais para Liu. Como um animal veloz, o chinês avança acertando um chute no tórax do bandido que bate com o corpo no muro. Sentindo que seu adversário ainda o ameaça, Liu corre para desarmá-lo. Ele consegue aplicando uma chave de braço. O homem grita e solta a 45. Liu a chuta para longe.
- Vamos lá, comece a falar.
- Falar o que? - diz trancando os dentes.
- Quero saber onde está Jamal.
- Quem é Jamal?
- Está brincando comigo. - força mais a chave. - vou quebrar seu braço se não falar.
- Tudo bem, tudo bem, eu falo, droga, ai! - Liu alivia a pressão. - aquele negro está lá dentro amarrado.
- Ele está ferido? - volta a fazer pressão.
- Sim, sim, um pouco.
- Em qual parte da casa ele está?
- No banheiro, está molhado, o chefe as vezes o tortura com choque.
A raiva sobe até a cabeça deixando Liu descontrolado. Quando deu por si ele já havia quebrado o braço do sujeito que se contorce no chão. Para acabar com o sofrimento do bandido ele soco o apagando. Ofegante ele olha para o muro e resolve sozinho invadir.
É preciso agir rápido. Jamal está sendo torturado a horas. Logo Jamal, um cara que não merece passar pelo que está passando, ninguém merece. Liu consegue pular o muro e rolar para trás de uma árvore. Dali ele consegue ver mais um segurança armado. Como uma sombra o chinês vem por trás e o golpeia forte. O homem perde o ar e cai. Liu pega a pistola e segue.

Lá fora, Neto e Fante chegam perto do portão. Fante olha ao redor e nada vê.
- Liu não foi louco de entrar sozinho, não foi? - pergunta o judoca.
- Temos que esperar o contato dele.
- Sabe, as vezes me preocupo com Liu, de uns tempos pra cá ele vem agindo por ímpeto, isso não é bom.
- Quando isso tudo terminar, iremos fazer uma reunião com o mestre. - coloca a mão no ombro do gigante. - vai ficar tudo bem.
- Assim espero, cara, assim espero.

O queixo do bandido se desloca com o forte chute de Liu em seu rosto. O jardim agora está limpo. Abaixando o oriental alcança as escadas que dão acesso à varanda. Os dois seguranças fumam maconha. Hora de acabar com tudo isso. Liu pega uma pedra e a joga. Um dos homens vai olhar qual a procedência do barulho abandonando seu posto. O outro continua puxando seu baseado quando tem o pescoço quebrado. Ao voltar e ver o colega morto ele saca o rádio, mas antes de falar ele também é morto. Liu coloca os corpos lado a lado e pega o rádio entrando em contato com Fante.
- Limpei o terreno, podem entrar.
- Você o que?
- Estou na varanda da casa, vocês me darão cobertura, vou tirar Jamal dessa. - desliga.
Fante bufa apertando o rádio.
- Liu entrou sozinho, ele podia ser morto, será que não pensa! - vocifera.
- Calma, Fante, vamos entrar, depois discutiremos isso.

Liu ganha a cozinha. Não há ninguém. Ele prende a respiração. Um sujeito alto e magro entra no cômodo. O chinês se esconde do lado do armário. O bandido abre a geladeira e pega uma lata de cerveja. O tempo está passando. A qualquer momento alguém vai entrar e vê-lo ali espremido entre o armário e a parede. Liu assovia chamando atenção do vagabundo que deixa a lata sobre a mesa. Caminha para próximo do móvel. O golpe é preciso. Liu acerta o rosto esmagando o nariz. O sangue jorra. Liu aplica um mata leão apagando o sujeito. Tudo muito rápido.
Ele escuta risadas vindas do corredor. Melhor esperar.
Os dois amigos do chinês entram com cuidado. Ao longo do caminho eles viram apenas corpos caídos. Fante resmunga a cada bandido abatido. Neto se mantém em sentinela. Finalmente a cozinha. Fante olha pela pequena janela e avista Liu.
- Ele está lá dentro.
Ao se virar, o pequeno chinês esbarra no peitoral do lutador de judô.
- Sou eu!
- Deu pra perceber, cadê o Neto?
- Montando guarda lá fora.
- Ok, Jamal está no banheiro, foi torturado todo esse tempo.
- Foi loucura o que fez, você sabe disso. - fecha o semblante.
- Sei, mas…
- Liu, somos uma equipe, precisamos agir em conjunto, se continuar assim, você colocará a vida de todos em risco.
- Foi mal, amigo, você está certo, sempre esteve.
- Tudo bem, vamos pegar o Jamal.

O corredor é todo tomado pelo corpulento Fante. Liu se transforma numa formiga ao lado dele. O gigante apesar do tamanho é silencioso. Fante pega um bandido por um braço. Usando o peso do corpo ele esmaga sua vítima que vai a óbito na hora. Lá fora Neto luta violentamente com dois seguranças. O carateca é ágil e consegue derrubá-los com apenas um golpe.
Liu e Fante chegam a sala. Estranhamente não há ninguém. De repente o corpo de ambos ficam pesados. A mente começa a variar. Da saída do ar-condicionado um tipo de gás se espalha pelo cômodo.
- Ferrou! - diz Fante com a mão no nariz.
- Tente ficar acordado.
Cinco homens aparecem usando máscaras e bastão. Um deles agride Fante na perna. O gigante desaba e recebe mais um forte golpe. Liu é atingido no ombro e cai de joelhos. Um sujeito de terno e gravata aparece segurando um bastão ainda maior.
- Grupo Naja, que prazer tê-los em meu escritório, a que devo a honra?
- Max! - Liu aperta ainda mais os olhos.
- Eu mesmo. Gosto de ver a união de vocês, lutamos juntos e morreremos juntos, que patético.
- Desgraçado! - grita Fante.
- Homens, vamos dar uma surra nessa turma da pesada.

Fante e Liu se defendem como podem. Ainda sob o efeito do gás os movimentos são lentos favorecendo os adversários que batem pra valer. Aos poucos as forças abandonam os heróis. A morte é algo inegociável. Ele baterá em sua porta mais cedo ou mais tarde. Os olhos de Liu estão embaçados, coberto por nuvens. Ele começa a delirar. Fante vai caindo, ele olha para alto e vê um rosto familiar. Em seguida ele também vê os homens de Max caindo como árvores em meio a floresta. Aos poucos o gás vai perdendo sua toxina. Liu se levanta e vê um sujeito mediano, russo, tatuado, de regata preta socando com diretos, ganchos e cruzados.
- Rocha! - Liu sorrir.
- Vamos, não é hora de morrer. - diz o pugilista.
A seção de pancadaria acontece no meio da sala. Max aproveitou para fugir pelos fundos. Ao cruzar a porta da cozinha ele dá de cara com Neto.
- Já vai tão cedo? - o chuta no estômago. O sujeito dobra sem ar.

Minutos depois Fante, Rocha, Liu e Jamal deixam a casa. O negro capoeirista está enrolado num cobertor. Amarrado e amordaçado na carroceria da picape Max se contorce. Neto abre um enorme sorriso ou ver o amigo bem. Um pouco ferido, mas bem.
- Jamal, seja bem-vindo! - diz o carateca.
- Valeu cara. - agradece com sua voz grave.
Fante olha para Liu.
- Devo admitir, você é corajoso. - Fante aperta a mão do chinês. - um ótimo líder.
- Obrigado, tenho certeza de que todos aqui fariam o mesmo. - olha para todos. - somos antes de tudo uma família, vamos, o mestre está nos esperando.


FIM

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