Ele
olha mais uma vez com seus olhos pequenos e apertados para a entrada
do prédio. Liu tira as mãos do volante da picape e pega o rádio no
banco do carona.
-
Consegue ver alguma coisa, Fante?
-
Nenhum
movimento!
-
Tudo bem, mantenha a posição, câmbio?
-
Pode
deixar comigo!
A
espera é angustiante. Ainda mais quando não se sabe o que pode
acontecer. Jamal, um dos membros da liga está nas mãos dos
terroristas a quase trinta horas. Toda equipe foi mobilizada para a
possível sede dos bandidos que até agora não contactaram com
restante do grupo. Liu morde os lábio e volta a acionar o rádio.
-
Neto?
-
Neto
na escuta!
-
Vê alguma coisa?
-
Nada,
teremos que invadir o local!
-
Você acha que essa é a melhor saída?
-
Qual
outra opção temos?
Silêncio
-
Ótimo. - respira profundamente. - vamos invadir, chega desse
sofrimento, Jamal pode está em perigo.
-
É
assim que se fala!
Liu
abandona a picape e segue a pé. Vestido como um típico mestre de
kung fu, o jovem chinês passa com cuidado pelo portão da casa e
tenta observar pela fenda. Forçando um pouco ele consegue ver dois
homens com metralhadoras no alto da varanda. O jeito é ir por trás.
Na
parte de trás da casa há um segurança portando uma 45. Fácil
demais para Liu. Como um animal veloz, o chinês avança acertando um
chute no tórax do
bandido que bate com o corpo no muro. Sentindo que seu adversário
ainda o ameaça, Liu corre para desarmá-lo. Ele consegue aplicando
uma chave de braço. O homem grita e solta a 45. Liu a chuta para
longe.
-
Vamos lá, comece a falar.
-
Falar o que? - diz trancando os dentes.
-
Quero saber onde está Jamal.
-
Quem é Jamal?
-
Está brincando comigo. - força mais a chave. - vou quebrar seu
braço se não falar.
-
Tudo bem, tudo bem, eu falo, droga, ai! - Liu alivia a pressão. -
aquele negro está lá dentro amarrado.
-
Ele está ferido? - volta a fazer pressão.
-
Sim, sim, um pouco.
-
Em
qual parte da casa ele está?
-
No banheiro, está molhado, o chefe as vezes o tortura com choque.
A
raiva sobe até a cabeça deixando Liu descontrolado. Quando deu por
si ele já havia quebrado o braço do sujeito que se contorce no
chão. Para acabar com o sofrimento do bandido ele soco o apagando.
Ofegante ele olha para o muro e resolve sozinho invadir.
É
preciso agir rápido. Jamal está sendo torturado a horas. Logo
Jamal, um cara que não merece passar pelo que está passando,
ninguém merece. Liu consegue pular o muro e rolar para trás de uma
árvore. Dali ele consegue ver mais um segurança armado. Como uma
sombra o chinês vem por trás e o golpeia forte. O homem perde o ar
e cai. Liu pega a pistola e segue.
Lá
fora, Neto e Fante chegam perto do portão. Fante olha ao redor e
nada vê.
-
Liu não foi louco de entrar sozinho, não foi? - pergunta o judoca.
-
Temos que esperar o contato dele.
-
Sabe,
as vezes me preocupo com Liu, de uns tempos pra cá ele vem agindo
por ímpeto, isso não é bom.
-
Quando isso tudo terminar, iremos fazer uma reunião com o mestre. -
coloca a mão no ombro do gigante. - vai ficar tudo bem.
-
Assim espero, cara, assim espero.
O
queixo do bandido se desloca com o forte chute de Liu em seu rosto. O
jardim agora está limpo. Abaixando o oriental alcança as escadas
que dão acesso à varanda. Os dois seguranças fumam maconha. Hora
de acabar com tudo isso. Liu pega uma pedra e a joga. Um dos homens
vai olhar qual a procedência do barulho abandonando seu posto. O
outro continua puxando seu baseado quando tem o pescoço quebrado. Ao
voltar e ver o colega morto ele saca o rádio, mas antes de falar ele
também é morto. Liu
coloca os corpos lado a lado e pega o rádio entrando em contato com
Fante.
-
Limpei o terreno, podem entrar.
-
Você
o que?
-
Estou na varanda da casa, vocês me darão cobertura, vou tirar Jamal
dessa. - desliga.
Fante
bufa apertando o rádio.
-
Liu entrou sozinho, ele podia ser morto, será que não pensa! -
vocifera.
-
Calma, Fante, vamos entrar, depois discutiremos isso.
Liu
ganha a cozinha. Não há ninguém. Ele prende a respiração. Um
sujeito alto e magro entra no cômodo. O chinês se esconde do lado
do armário. O bandido abre a geladeira e pega uma lata de cerveja. O
tempo está passando. A qualquer momento alguém vai entrar e vê-lo
ali espremido entre o armário e a parede. Liu assovia chamando
atenção do vagabundo que deixa a lata sobre a mesa. Caminha para
próximo do móvel. O golpe é preciso. Liu acerta o rosto esmagando
o nariz. O sangue jorra. Liu aplica um mata leão apagando o sujeito.
Tudo muito rápido.
Ele
escuta risadas vindas do corredor. Melhor esperar.
Os
dois amigos do chinês entram com cuidado. Ao longo do caminho eles
viram apenas corpos caídos. Fante resmunga a cada bandido abatido.
Neto se mantém em sentinela. Finalmente a cozinha. Fante olha pela
pequena janela e avista Liu.
-
Ele está lá dentro.
Ao
se virar, o pequeno chinês esbarra no peitoral do lutador de judô.
-
Sou eu!
-
Deu pra perceber, cadê o Neto?
-
Montando guarda lá fora.
-
Ok, Jamal está no banheiro, foi
torturado todo esse tempo.
-
Foi loucura o que fez, você sabe disso. - fecha o semblante.
-
Sei, mas…
-
Liu, somos uma equipe, precisamos agir em conjunto, se continuar
assim, você colocará a vida de todos em risco.
-
Foi mal, amigo, você está certo, sempre esteve.
-
Tudo bem, vamos pegar o Jamal.
O
corredor é todo tomado pelo corpulento Fante. Liu se transforma numa
formiga ao lado dele. O gigante apesar do tamanho é silencioso.
Fante pega um bandido por um braço. Usando o peso do corpo ele
esmaga sua vítima que vai a óbito na hora. Lá fora Neto luta
violentamente com dois seguranças. O carateca é ágil e consegue
derrubá-los com apenas um golpe.
Liu
e Fante chegam a sala. Estranhamente não há ninguém. De
repente o corpo de ambos ficam pesados. A mente começa a variar.
Da saída do ar-condicionado um tipo de gás
se espalha pelo cômodo.
-
Ferrou! - diz Fante com a mão no nariz.
-
Tente ficar acordado.
Cinco
homens aparecem usando máscaras e
bastão. Um deles agride Fante na perna. O gigante desaba e recebe
mais um forte golpe. Liu é atingido no ombro e cai de joelhos. Um
sujeito de terno e gravata aparece segurando um bastão ainda maior.
-
Grupo
Naja, que prazer tê-los em
meu escritório, a que devo a honra?
-
Max!
- Liu aperta ainda mais os olhos.
-
Eu mesmo. Gosto de ver a união de vocês, lutamos juntos e
morreremos juntos, que patético.
-
Desgraçado! - grita Fante.
-
Homens, vamos dar uma surra nessa turma da pesada.
Fante
e Liu se defendem como podem. Ainda sob o efeito do gás os
movimentos são lentos favorecendo os adversários que batem pra
valer. Aos
poucos as forças abandonam os heróis. A morte é algo inegociável.
Ele baterá em sua porta mais cedo ou mais tarde. Os olhos de Liu
estão embaçados, coberto por nuvens. Ele começa a delirar. Fante
vai caindo, ele olha para alto e vê um rosto familiar. Em seguida
ele também vê os homens de Max caindo como árvores em meio a
floresta. Aos poucos o gás vai perdendo sua toxina. Liu se levanta e
vê um sujeito mediano, russo, tatuado, de
regata preta socando com diretos, ganchos e cruzados.
-
Rocha! - Liu sorrir.
-
Vamos, não é hora de morrer. - diz o pugilista.
A
seção de pancadaria acontece no meio da sala. Max aproveitou para
fugir pelos fundos. Ao cruzar a porta da cozinha ele dá de cara com
Neto.
-
Já vai tão cedo? - o chuta no estômago. O sujeito dobra sem ar.
Minutos
depois Fante, Rocha, Liu e Jamal deixam a casa. O negro capoeirista
está enrolado num cobertor. Amarrado e amordaçado na carroceria da
picape Max se contorce. Neto abre um enorme sorriso ou ver o amigo
bem. Um pouco ferido, mas bem.
-
Jamal, seja bem-vindo! - diz o carateca.
-
Valeu cara. - agradece com sua voz grave.
Fante
olha para Liu.
-
Devo admitir, você é corajoso. - Fante aperta a mão do chinês. -
um ótimo líder.
-
Obrigado, tenho certeza de que todos aqui fariam o mesmo. - olha para
todos. - somos antes de tudo uma família, vamos, o mestre está nos
esperando.
FIM
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