quinta-feira, 29 de setembro de 2016

O Sono dos Santos



PARTE 1




“O DESPERTAR”


  Acordei. A brisa suave percorria o lugar bastante iluminado lentamente, e a minha frente, um ser com asas gigantes me olhava com ternura e satisfação. Era um anjo lindíssimo. Olhei ao redor e vi que eu estava em um tipo de corredor totalmente iluminado e cheio de fumaça. O anjo fez um gesto com as mãos brancas e magras me chamando:
- Seja bem vindo Anselmo, segure em minhas mãos. – ao me aproximar do anjo percebi que sua face era semelhante a uma lâmpada fluorescente e suas vestes igual á de um médico. Mal o toquei e logo começamos a voar a uma velocidade média, 60 km, eu acho. Por mais que eu tentasse, eu não conseguiria ver lá em baixo. Olhei para o anjo que parecia não se preocupar com a velocidade em que voávamos. Vez por outra ele voltava o olhar carinhoso para mim com aqueles olhos grandes e negros igual á noite e sorria – já estamos chegando. – ele falou olhando para cima.
  Ao pousarmos, o ser alado me abraçou forte. Senti seu cheiro, senti o quanto era real:
- Onde estamos? – perguntei quase sem jeito.
- Fique tranquilo. Em breve outros virão lhe saudar. – falou já abrindo suas asas.
- Sentirei sua falta! – falei, e ele com sua voz pausada disse me.
- Preciso ir, um outro igual a você acaba de chegar. – subiu a uma velocidade incrível perfurando as nuvens. Andei e ouvi vozes e risos gostosos que me contagiaram. A grama em que eu pisava tinha um verde claro, molhado, e o horizonte ao meu redor exalava um aroma de um perfume que jamais senti. Caminhei rumo aos risos e vozes. Ao terminar de subir um pequeno monte gramado, coloquei as mãos na cintura e vi um grupo de pessoas cantando uma música linda e majestosa. Fiquei louco de vontade de cantar também. Acenei para chama-lhes atenção. Todos me olharam mas não pararam de cantar e com sorrisos me chamaram. Desci correndo e me ajuntei a eles. Incrível, eu sabia a letra da música e o ritmo. Cantei por mais ou menos cinco horas seguidas.
  Olhei para o jardim que estava a alguns metros de nós e um outro ser parecido com o primeiro me chamou. As pessoas uma por uma me abraçaram e me beijaram. Eram moças, rapazes, adultos, idosos e crianças. Corri feliz para o anjo que fez o mesmo e disse:
- Anselmo, venha comigo.
- Vamos andando ou voando?
- Andando. Quero que veja as belezas desse lugar. – me deu a mão fina e iluminada e andamos por uma trilha feita de pedras preciosas, diamantes e outros cristais. – está gostando? – de tão vislumbrado que estava não respondi o anjo e ele riu. – Anselmo, Anselmo. – paramos próximo de um alto monte cheio de árvores e ele me apontou para um campo repleto de pessoas brincando. – está vendo aquelas pessoas?
- Sim!
- chegaram á pouco tempo.
- Elas estão se divertindo bastante.
- Sim, cumpriram sua missão assim como você e agora gozam de seus bons frutos. – ele se virou para mim e apertou meu ombro. – desça, vá se juntar a eles também.
- Sim. Você vem comigo?
- Não. Tenho que voltar, outros estão por vim e eu preciso guiá-los. Vá em paz. – me beijou e decolou deixando seu cheiro suave no ar.

PARTE 2

“COMO CRIANÇAS”


Desci correndo. Minhas pernas pareciam leves, leves demais. Cheguei perto das pessoas e elas me recepcionaram gostoso, com beijos e abraços, uma menininha de cabelos longos e dourados segurou em minhas pernas me pedindo para roda-la. Sem hesitar, a peguei pelas mãos e a rodei. Seu sorriso era contagiante. As risadas penetravam em meus ouvidos como música instrumental. Depois daquela brincadeira fomos para um pomar não muito longe dali. Era um lugar onde o cheiro das frutas maduras imperava. O ar fresco e o sol que não queimava a pele dava as árvores e suas folhas um tom sublime de cores quentes e frias.
  Comemos frutas. Frutas que jamais vi. Seu sabor é algo doce na medida certa. Depois de nos fartarmos com as frutas, andamos mais um pouco e chegamos a um riacho com suas águas cristalinas e fresca. Ali podemos beber e nos banhar. As crianças cantavam louvores infantis e nos os adultos batíamos palmas no ritmo da canção. Resolvi me deitar no gramado e fixei o céu de um azul inesquecível. Vez por outra um anjo sobrevoava cortando as nuvens com suas asas gigantes. Virei me e uma moça lindíssima me olhava meigamente, seus cabelos longos negros e a pele morena e o sorriso estampado me transmitiu uma paz que com certeza eu ficaria ali vislumbrando a luz de sua graça.
  Passamos algum tempo ali a beira do riacho cantando junto com as crianças. Um desejo enorme me bateu e eu não pude resisti:
- Qual o seu nome?
- Me chamo Alexandra, e o seu?
- Anselmo. Há quanto tempo você esta aqui?
- Sinceramente ainda não parei para contar. - ela deu uma pausa. – Veja, um anjo vem vindo, vamos perguntar a ele. – ela começou a acenar e o tal anjo pousou suavemente causando com suas asas um curto vento.
- Pois não serva do altíssimo? – sua voz era grave e firme.
- Há quanto tempo estou aqui? – ela segurou na mão do anjo.
- Há quase mil anos. – ela se virou e sorriu para mim. – mais alguma coisa?
- Não. Obrigada.- ela o beijou e o anjo subiu numa velocidade fantástica.
  Caminhamos de mãos dadas por todo o campo até que Alexandra parou e me puxou para uma brincadeira de roda. Brincamos por horas. Seu rosto transmitia paz e leveza. Suas mãos eram finas e macias e perfumadas:
- Vamos cantar juntos daqui a pouco.
- Vamos sim.




PARTE 3


“O PERFEITO LOUVOR”



  Alexandra e eu chegamos próximos a um altar onde dois anjos portando instrumentos de corda, pareciam nos aguardar. Fomos saudados. O altar era florido com um arco íris que cobria o trono com suas cores radiantes. Alexandra se ajoelhou e começou a entoar um louvor tão lindo e profundo que logo após eu também me vi ajoelhado e cantando. Os agudos que Alexandra dava, cobria aquele lugar como uma brisa fina e fresca. Os anjos instrumentistas acompanhavam gloriosamente o cântico. O louvor foi ficando intenso até que uma luz brotou do trono ofuscando nossos olhos e então caímos com os nossos rostos no chão em adoração. Os anjos pararam de tocar e também caíram com o rosto no chão e dizendo “Santíssimo somente é o Senhor”.
  Saímos dali com uma felicidade sem igual. Alexandra sorria e ria alto, continuando a cantar. Sua voz era maravilhosa, dividi voz com ela e escutei outras vozes atrás de nos e ao me virar, um grupo de quase mil pessoas cantavam a mesma canção que Alexandra. Um coral. Um grandioso coral se formou. No céu os anjos davam rasantes e cantavam também. Olhei ao redor, no alto dos montes vi mais pessoas cantando. Eram mulheres, crianças, idosos. Obedeçamos á palavra do Senhor, vamos trabalhar. Vamos.
  Em fila caminhamos numa trilha estreita mais de uma paisagem formidável. Cascatas, florestas, rios cristalinos. Eu não sabia para onde olhar, tudo era tão belo que nem senti que caminhamos durante vinte quatro horas. Quando chegamos, o jardim era simplesmente o jardim de Deus. Múltiplas cores, um perfume parecido com o do sândalo, as flores douradas refletiam o sol e no meio do jardim um anjo separava os grupos. Cada um pegava das mãos do anjo uma ferramenta, a minha foi um ancinho bastante leve. Depois ordem dada pelo anjo, começamos nossas atividades. O mesmo velho iniciou um cântico e todos foram no mesmo tom.
  O trabalho era agradável. Juntei as folhas e elas se renovavam e voltavam para suas devidas árvores. Nunca vi nada igual, parecia um balé. Alexandra me tocou no ombro e me mostrou uma menina de aproximadamente dez anos recolhendo os regadores:
- Quero que conheças Isabel. Venha.
  Isabel era uma menina linda de cabelos longos e claros, os olhos meio que puxados e de um tom de voz macio:
- Isabel. Este é Anselmo, ele ficará conosco.
- Verdade. Muito prazer Anselmo. – pulou em meu pescoço quase que me derrubando. Senti seu carinho e ternura e ao fundo a voz do anjo ordenando que parássemos de trabalhar:
- Servos do altíssimo. Agora cada um para a sua morada com seus irmãos. – formamos a mesma fila e caminhamos pela mesma trilha estreita cantando louvores.

PARTE 5


“A MORADA”


 Alexandra, Isabel e eu fomos guiados por um anjo de fala pousada, suas vestes iguais a de um médico, de tão brancas, chegavam a ser quase transparente:
- A morada em que ficarão é por aqui. – andamos mais um pouco até que avistamos uma grande casa com telhas tipo colônias. As paredes feitas de pedras preciosas e a porta era algo bem trabalhado, parecia ter sido feita á mão. A primeira a entrar foi Isabel seguida de Alexandra. Quando me virei para me despedir do anjo ele já não estava mais lá, somente o teu perfume restara. Não entrei, resolvi olhar os fundos da minha morada. Dei a volta e o nosso quintal era grande. Tinha um jardim. Uma lagoa com gansos e outros pássaros. Fui até a lagoa, toquei nas águas, elas eram límpidas, consegui ver os peixes lá no fundo, parecia um aquário. Ouvi as vozes de Alexandra e Isabel cantarolando um louvor lá de dentro da mansão. Atravessei o jardim e vi outras moradas iguais a minha. Percebi que todos já haviam se recolhido. Olhei para o alto, o céu estava azul e ensolarado. Mais uma vez a paz me inundou. Me joguei no gramado e entoei um curto cântico assim:
   “Sinto sua paz, sinto tua presença aqui.
    Sua majestade, sua luz é para mim.
   Motivo de grande alegria.”
  Me levantei e entrei. Lá dentro tudo era bem iluminado e perfumado. Não havia moveis e nem quase cômodos. Um altar lindo no meio da sala onde Alexandra e Isabel adoravam ao Senhor ajoelhadas. Me juntei a elas e ali ficamos bem juntinhos de mãos dadas não sei por quanto tempo. Só sei que era muito bom. Meus lábios pronunciavam elogios a Deus e não paravam mais. Olhei para Isabel e a menina chorava e sorria ao mesmo tempo. Alexandra me abraçou e começamos a chorar e a cantar. Isabel se levantou e começou a dançar no meio da sala.
 Depois de tudo. Estávamos ainda adorando quando tocaram a nossa porta. Fui atender e um anjo de olhos vivos e grandes falou:
- Anselmo. Tome. – me deu uma caixa. Se despediu e levantou vôo. Curioso, resolvi abri-la. Isabel veio correndo querendo saber o que havia dentro da caixa que possuía duas cores. Dourada e azul com o meu nome escrito com letras garrafas. Dentro havia um papel, um tipo de telegrama. Estava escrito assim; “Parabéns servo meu,cumpriu com excelência sua carreira e hoje desfruta de meu gozo.” A emoção foi muito grande. Recebi uma carta de boas vindas escrita pelo próprio Deus. As meninas me abraçaram e me beijaram. Eu só sabia chorar de alegria.
  Saímos e encontramos com um homem aparentando ter quase a mesma idade que a minha. Ele tinha nas mãos três pastas com diversas músicas:
- Hoje vamos cantar todas as músicas que estão nestas pastas para o Rei.
- Não vejo á hora. – exclamou Alexandra.
- Quem é ele? – perguntei.
- É o nosso regente.- disse Isabel.
- Me chamo Gustavo, estou aqui á duzentos anos e você?
- Sou Anselmo, cheguei hoje. – ele me abraçou de uma forma bastante afável e me entregou uma pasta e me intimou.
- A primeira musica é sua. Você irá cantar sozinho.
- Quer dizer que eu vou cantar para o Rei hoje. – meu sorriso contagiou as meninas e a Gustavo.
- Sim. Você é um privilegiado. – Gustavo me segurou pela mão e fomos cantando rumo ao castelo do Rei.

PARTE 6



“UMA CANÇÃO PARA O REI”


  A caminhada foi bastante agradável. Gustavo era um homem admirável. Sua voz era sensacional, tanto falando como cantando. Gostei dele. Aqui é impossível não gostar das pessoas. Elas são simplesmente dignas de todo o nosso amor.
  Quando olhei para trás vi também outras pessoas vindo com pastas douradas e brancas nas mãos. Senti que seria um dia de grande louvor ao Rei. Os sorrisos nos lábios diziam isso. Passamos por um campo cercado. O verde da grama era tão vivo que refletia em nossas vestes. Nesse cercado haviam ovelhas, todas elas brancas. Nos misturamos a elas. Acariciei uma delas. Como eram mansas, como eram limpas. Eram milhares delas, um número incontável.
  Chegamos. O castelo do Rei tinha toda a sua estrutura feita de ouro polido. Dois anjos formosos estavam a nossa espera:
- Vamos entrando o Rei vos espera. – a entrada é algo extraordinário. O umbral da porta gigante me encantou. Tudo feito à mão com riqueza em detalhes. Tudo era de ouro. As paredes, a escada que conduz ao segundo andar. Havia pouca coisa em madeira, como as mesas, as cadeiras e o corre mão da grande escada. Subimos até o segundo andar onde se encontra o trono do Rei. Os anjos formosos vestidos como guardiões reais nos conduziram por um corredor estreito porem muito iluminado. Nas paredes do corredor havia luminárias de diversas cores e a que predominava era o azul claro, uma coisa linda de se ver.
  Chegamos a um tipo de salão onde existia um outro trono. Um único trono também feito de ouro puro polido. Gustavo organizou rapidamente o grande coral. Simultaneamente todos os coristas abriram suas pastas. Gustavo fez um sinal me chamando para o ponto mais alto do salão e de frente para o trono. Fechei meus olhos e comecei a cantar, e a cantar gloriosamente. A música tinha uma letra muito profunda. Com meus olhos ainda fechados, continuei a cantar e de repente uma força descomunal invadiu todo o salão e todos nos caímos de joelhos. Continuei cantando. Temi abri os olhos. Sabia que havia alguém sentado no trono. Cantei com mais intensidade. O nosso louvor inundou o salão e ele ficou cheio de fumaça. A pessoa no trono ficou translúcida. Mais eu ainda estava de olhos fechados. Sabia que era Jesus, o Rei dos reis, estava ali sentado no trono recebendo nosso louvor.
  Sim, eu estava frente a frente com Jesus. A emoção foi tanta que eu só sabia chorar e cantar. Gustavo se levantou e me ajudou a levantar. Seus olhos marejados brilhavam com a luz vinda de Jesus. Já de pé mais de cabeça baixa por temer olhar diretamente para o Rei, ouvi sua voz dizer:
- Maravilhoso esse louvor Anselmo. Não precisa ter medo, olhe para seu Senhor e Rei. – Ainda assim continuei de olhos fechados – meu servo, abra os olhos, você me serviu com fidelidade lá na terra, agora chegou o momento de vê como eu realmente sou. – bem devagar fui abrindo os olhos. Muito devagar mesmo. Pouco a pouco a distorção da visão causada por ficar muito tempo de olhos fechados foi passando ai então pude ver Jesus sentado em seu trono.


PARTE 7


“UM PASSEIO COM O REI”


  Jesus era um homem bastante diferente de como eu o imaginava. Cabelos nem tão longos e nem tão curtos. Bem mais novo que eu. Sua autoridade era visível, os anjos formosos o adoravam constantemente. Sua coroa era vistosa coberta de pedras caríssimas e raríssimas. Quando tudo terminou, Jesus convidou a todos para um passeio pelo seu reino de amor. Na parte de trás do castelo havia uma imensa província com diversas casas. Cristo segurou na mão de Alexandra e de Isabel e o restante veio atrás falando assim “Reis dos reis e Senhor dos Senhores”. Jesus sorria. Caminhamos pelas ruas da província. Chegamos num largo onde havia um altar. Ali Jesus pediu que formássemos um circulo. Mais que rápido o circulo se formou e o Senhor falou:
- Minhas ovelhas, es aqui o reino do filho de Deus chamado de Amor. Ficarão comigo hoje, desfrutem do reino do amor. – se tudo já estava bom, agora então estava maravilhoso. Nos sentamos no gramado junto com Jesus que vestia uma veste real de puro linho branco. Como ele se divertiu com as crianças. Corria de um lado para outro com elas. Isabel corria e se jogava no colo do mestre. O que mais me deixava admirado por Jesus é que ele era um homem simples, um Rei simples, o meu salvador, o homem que morreu por mim numa cruz estava agora ali há um metro de distancia de mim. Eu o toquei, senti seu cheiro, ouvi sua voz. Isso me motivou a me aproximar dele mais uma vez:
- Senhor! – ele com os olhos meigos me atendeu com um sorriso aberto:
- Diga filho. – acariciando os cabelos de Isabel.
- Muito obrigado, por tudo que o Senhor fez por mim. – continuava a me olhar sorridente. – o Senhor fez por mim o que mais ninguém faria. – chorei de alegria em poder falar isso pessoalmente com Cristo. Ele me segurou pelas mãos e me puxou para seu colo e bem devagar começou e alisar meus cabelos.
- Filho. Foi um prazer enorme fazer tudo aquilo por você. Todos vocês são especiais para mim, tudo aquilo valeu muito a pena, - pequei em sua mão e a beijei. Tentei ver as marcas dos cravos em seus pés. Não estavam lá.
  Todos queriam ficar perto de Jesus. Como era gostoso ouvir sua voz. Sua risada contagiante e seu brilho que iluminava toda a província do amor. Mais uma vez cantamos louvores a ele. E ele cantou junto, abraçado a uma senhora de cabelos brancos que soltava a voz docemente. Que cena linda. Que lugar de paz, onde só o amor reina. Onde podemos desfrutar da presença de Jesus. A ele toda a honra, gloria e louvor.
    
PARTE 8


“O LUGAR DOS APÓSTOLOS”



Depois de uma deliciosa confraternização, Jesus nos levou a uma outra parte da província, um lugar de casas de diversos tamanhos e formatos. Descemos um pequeno vale e chegamos ao local. Havia vários homens com vestes brancas e douradas. Jesus chamou um deles e para minha surpresa era:
- Pedro, venha até aqui! – do meio da roda de doze homens, um senhor de quase sessenta anos caminhou rapidamente em nossa direção sorrindo:
- Diga mestre? – sua voz era um pouco rouca.
- Quero que conheça um irmão nosso, ele chegou hoje aqui. – olhei para ver a quem Jesus se referia e percebi que era de mim de quem Jesus estava falando.
   Recebi um forte abraço do apóstolo Pedro que chamou os outros onze:
- Venham conhecer o nosso mais novo habitante do reino de Deus. – um a um os homens me cumprimentaram. Os apóstolos eram homens admiráveis, simples mais admiráveis, não foi á toa que Cristo escolheu a dedo todos eles. Jesus caminhou sozinho até uma esquina e chamou por mais um nome:
- Paulo, venha! – olhei atentamente quem dobraria a esquina e depois de alguns segundos lá estava o autor das mais edificantes cartas das escrituras. Um homem razoavelmente baixo com postura de um governante. Sua imponência me deixou maravilhado. Ao mesmo tempo em ele passava uma certa seriedade, Paulo também Demonstrava uma doçura sem igual:
- Es me aqui Senhor. – Jesus colocou a mão em seu ombro direito e me apresentou:
- Anselmo é o nosso mais novo morador do Reino de meu Pai. – Paulo caminhou e me abraçou. Era um homem que transbordava inteligência e autoridade.
  O lugar onde os apóstolos moravam era simplesmente adorável e não era restrito somente a eles, outras pessoas habitavam ali. Gente de todas as idades e nações. Japoneses, chineses, americanos, africanos entre outros. Todos juntos num lugar onde o amor é o principal e único sentimento.


PARTE 9

“RUMO AO SANTÍSSIMO”


Isabel, Alexandra e eu voltamos para a nossa morada adorando a Deus. A felicidade estampada em nossa face nos faziam brilhar. Nos sentíamos leves. Um vento repentino nos envolveu e seu frescor era convidativo a uma canção. Olhei para o céu azul intenso e vi milhares de anjos, todos eles vestidos iguais a médicos. Eram muitos, um mais belo que o outro. Eles faziam manobras e davam rasantes deixando um aroma delicioso no ar. Percebi também que eles voavam em uma só direção. Isabel ficou empolga e quis voar junto com os anjos. Alexandra apontou para onde eles estavam indo, era distante de onde estávamos, onde o sol brilhava intensamente:
- O que tem lá? – perguntei.
- Lá é a morada do Pai, do nosso Pai. – respondeu Alexandra.
- Deus habita lá? – arregalei os olhos.
- Sim. Não percebeu que o sol que brilha vem de lá? – falou Isabel.
- Pois é. É lindo demais, e eu posso ir lá?
- Claro, é a casa de seu Pai, Anselmo. Aproveite e siga os anjos, certamente Deus os chamou até lá. – depois que Alexandra terminou de falar, corri como louco para alcançar os anjos que ainda se voavam rumo ao lugar onde Deus habita. O barulho das asas me guiavam e eu corria sem me perder.
   Passei por jardins com flores cuidadosamente plantadas e separadas por cores. Percorri por pomares espetaculares, de árvores que dão frutos que jamais vi.  Pelas cores e tamanhos pareciam apetitosos. Não havia tempo para come-los, eu tinha que seguir a rota dos anjos. Certo eu estava que eu não iria me perder. Algo dentro de mim me impulsionava para me encontrar com Deus. Com o criador do mundo onde vivi e que criou o mundo onde estou vivendo. Esse mundo de paz e maravilhas. Meu coração batia forte, eu corria com uma velocidade incrível e sem me cansar.
  Cheguei a um lugar cheio de pessoas cantando e outras de joelho adorando, senti que estava próximo, diminui o passo e as pessoas vieram ao meu encontro me abraçando e falando meu nome. Uma senhora segurou em minha mão e a beijou:
- Acabei de vir de lá. O senhor é maravilhoso vá também conhecer o Deus a quem você serviu com amor e fidelidade, meu irmão. – beijou-me a face e eu me alegrei:
- É muito longe daqui irmã?
- Continue andando e não se preocupe, você não vai se perder, Ele mesmo irá te guiar.
   Sai dali empolgado. Como a face daquela irmã estava resplandecente, realmente ela esteve com Deus, igual a Moisés naquela passagem da sarça. Subi um monte verde e alto. Desci um vale de flores amarelas com orvalhos em suas folhas. Pequei um caminho com grama rasteira e plantas raríssimas. Olhei para o céu e os anjos continuavam a voar em uma só direção. Parei para admirar a vista. Era uma vista simplesmente digna de adoração. Ao longe avistei um sol. Mais não era um sol comum. Era uma luz forte, dourada, intensa:
- Lá está Deus, eu tenho certeza. – desci até chegar próximo do sol gigantesco. Os anjos sumiam ao pousarem na esfera dourada. Mais quinhentos metros e eu chegaria ao sol de Deus. De repente uma força descomunal me puxou como o imã atrai o metal. Olhei para o chão e vi que estava flutuando, uma coisa muito gostosa, fantástica, sem igual.
    Meus olhos se enchiam com as cores daquele espetáculo proporcionado pela luz de Deus. Aquele sol, eu tinha certeza que Deus habitava ali. A força continuou a me puxar até que meus pés pisaram o chão. Minhas pernas estavam agora me guiando. Não havia calor, não havia medo, só a imensa vontade de conhecer o criador do mundo. Parei de frente para um portal onde a luz era mais forte. Toquei na porta e novamente a força me puxou para dentro do sol. Lá dentro tudo era perfeito, extremamente limpo, organizado, aromatizado, não havia moveis, nem janelas, não havia um trono como eu imaginava. Então me fiz uma pergunta. Onde estaria Deus? Eu estava dentro do sol, onde o Senhor mora, e onde ele está. Olhei para a parte de cima da esfera e perguntei:
- Deus. O Senhor está aqui? Sou eu, o Anselmo.








“PARTE FINAL”



“O CULTO”



   Chamei mais uma vez:
- Senhor, sou eu, o Anselmo. Permita-me estar em sua presença. – o silêncio dentro da esfera me envolveu. Lá fora não havia mais os anjos. Não seria ali o lugar? Me voltei para o portal na intenção de ir embora. Comecei a caminhar quando alguém segurou a minha mão:
- Filho estou aqui! – me virei para ver quem falava comigo e nada, não via ninguém. Somente a voz como de um trovão falava. – seja bem vindo ao meu lar. – esfreguei os olhos para ver direito e nada. A voz continuava a falar me saudando. – a sua partida da terra foi trágica mais tudo teve um propósito. – a mão que eu não conseguia ver ainda me segurava. Tomei coragem e falei:
- Senhor. Permita que meus olhos possam te ver.
- Esse é o teu desejo meu servo?
- Sim – gaguejei.
- Não precisa temer, se desejas me ver farei isso. – dentro da esfera a luz se intensificou a quase me cegar. Deus disse. – abra os olhos e veja. – ao abrir os olhos vi Isabel sorrindo vestida de branco.
- Isabel ?
- Pois é eu sempre estive contigo e você não percebeu.
- Eu te imaginava diferente.
- Todos me imaginam diferente. – a voz era de Isabel, mais eu sabia que era Deus quem falava comigo. – vamos dar um passeio. – Isabel segurou forte a minha mão e de repente nós estávamos flutuando sob o planeta terra. Foi sensacional. – veja que maravilha filho. – olhei e já não era Isabel e sim Gustavo. – tudo que criei foi perfeito. E eu sempre estive no controle de tudo.
- Sempre fui curioso para conhecer o espaço e agora, aqui estou eu flutuando sem precisar de foguete ou ônibus espacial.
- Não é fantástico. E você ainda não viu nada. Venha comigo.
  O Senhor me levou para passear nos anéis de saturno, e ali conversamos sobre varias coisas, uma delas foi sobre muitos não acreditarem em sua existência:
- É lamentável. O meu plano é que todos se salvem e crêem que eu enviei Jesus para a redenção de todos.
- E quando essas pessoas morrem sem o Senhor.
- Você sabe muito bem o que acontece. – nessa hora abaixei a cabeça. – levante a cabeça, vencedor, você é um salvo e está aqui agora comigo. Você cumpriu os meus mandamentos, me serviu com sinceridade e amor e agora desfruta das minhas maravilhas, você venceu, por isso esta aqui.
- Senhor. – me ajoelhei perante Deus na figura de Gustavo. – é muito bom está aqui, sentir o teu toque, ver a tua face, ouvir a tua voz, eu lhe agradeço por Jesus, lhe agradeço por ter enviado aquela pessoa para assim pregar ai então a minha conversão aconteceu, muito obrigado.
-Anselmo. Você sempre foi para mim uma pedra preciosa, desde o dia de sua concepção. Eu sabia que você viria para o meu reino e esse dia chegou. Venha, me dê um abraço, eu sei que você anseia por esse momento. – me levantei e, ao abraça-lo sentir o perfume de Alexandra. O abraço foi demorado e por fim era mesmo Alexandra. – vencedor. – ela disse com um sorriso enorme e quando olhei ao redor, percebi que estávamos no meio do oceano andando sobre as águas.
- Senhor permita-me perguntar só mais uma coisa?
- Pode vencedor. – a voz de Alexandra era algo agradável de se ouvir.
- Por que o Senhor não se revela como o senhor realmente é. Primeiro foi como Isabel, depois como Gustavo e agora como Alexandra.
- Eu sou Deus de amor e você amou muito a essas três pessoas, por isso me transfigurei nessas pessoas.
- Gostaria muito de ver o Senhor.
- Muito bem, vou te levar até sua morada, ao chegar lá, vá até o quintal na parte dos fundos, estarei te esperando.
   Quando pisquei, eu já estava dentro de minha morada com Alexandra e Isabel. A menina estava na janela e a moça adorando no altar. Caminhei e atravessei a porta. Contemplei o paraíso com anjos voando no céu azul. Observei também a multidão de pessoas salvas desfrutando do reino do amor. Dobrei a morada e fui rumo ao quintal na parte dos fundos. Meu coração parecia que iria saltar pela boca. A cada passo a expectativa aumentava. A luz azul que vinha dos fundos era um espetáculo a parte e antes mesmo de virar outra vez, Jesus me apareceu do nada e disse:
- Anselmo. Eu lhe apresento, meu pai. – então terminei de dobrar a morada e vi Deus num alto e sublime trono. Dois anjos vestidos de puro linho. Cada um de um lado do trono. Eu vi Deus como ele é. Maravilhoso, grande, tremendo, majestoso, poderoso, rei, altíssimo, misericordioso, bondoso...


FIM








“O SONO DOS SANTOS”
Meu primeiro dia no céu









Uma obra de JULIO SANTOS



Nota do autor


Como um bom crente que sou, sempre quis saber como é o céu. Confesso que fiquei receoso quando comecei a escrever esta obra. Temi esta escrevendo uma heresia ao invés de uma ficção. Tudo que descrevo neste livro é exatamente como imagino o nosso lar celestial. Um lugar de paz, um lugar onde a presença do Senhor é constante e a adoração é o cotidiano. Espero que essa história que não passa de uma ficção venha abrir os seus olhos e fazer você entender que o céu existe e que o inferno também. As vezes nos pegamos cometendo uma ingratidão dizendo para nos mesmo “será mesmo que há um lugar onde não haverá choro e nem dor, onde Deus vai enxugar de nossos olhos toda a lagrima”. Deus é amor e com certeza ele preparou para os que o serve com sinceridade, um lar, um lar lindo, puro onde o inimigo estará ausente para todo o sempre. Curta cada pagina e que o Senhor venha a abençoar a você e sua família.

 









 
   





 


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