Não sou herói, e não gosto de
ser chamado assim. Também não sou bandido e odeio ser comparado com
esse tipo de gente. Sou apenas o cara que faz a limpeza. Mato mesmo e
digo isso com orgulho. Gosto de ver o bandido implorar pela vida,
gosto mesmo. Seu conhecido como Cobra por causa da tatuagem que tenho
no peito que chega até o pescoço, uma Naja se preparando para o
bote certeiro. Se já trabalhei para bandidos? Sim, claro, envolvia
alguns reais valiosos. Tive que matar um sujeito que havia matado o
irmão de um poderoso traficante. Fui e realizei o serviço e depois
matei o tal traficante que me contratou, foi simples. Cobra, herói,
ou vilão? Isso é ridículo, não gosto disso.
Sei que a polícia anda atrás
de mim, há uma robusta recompensa para quem pôr as mãos no Cobra.
Sinceramente tenho pena dos policiais, como prender um sujeito que se
quer sabem como é, como anda, onde se esconde, que não deixa pistas
e nem rastros? Como prender um cara desse? Enquanto não me prendem,
eu sigo matando bandidos para eles, limpando as ruas desses vermes,
livrando os cidadãos de bem dessa corja. Eu sou o Cobra.
A moto está parada em frente a
um bar pé de chinelo. São quase meia-noite e dois rapazes bebem
cerveja sob os olhares furiosos do dono da birosca. Um é negro,
magro com pinta de marrento, o outro é claro e corpulento.
- Meninos, quero fechar o bar.
- diz o dono do bar.
- Qual foi tio, só mais uma. -
fala o negro.
- Eu costumo fechar as dez, já
são quase meia-noite, preciso ir embora. - fala recolhendo as
garrafas e os copos.
- Tudo bem. - o negro se
levanta e saca o 3.8. - é um assalto. - fala demoradamente.
- Meu Deus!
O dono do bar vai até o caixa
e recolhe todo o sofrido dinheiro conquistado durante todo o dia.
- Cara, relaxa, acabamos de
assaltar uma loja e viemos para cá. - diz o gordinho.
- Dinheiro nunca é demais. -
aponta a arma para o comerciante. - vamos, coloque tudo na mochila.
O dono do bar chora enquanto os
bandidos saem em disparada em cima da moto.
Finalmente ele chegou, gordo
filho da mãe, assaltantezinho de merda. Com certeza está com a
mochila cheia de dinheiro suado de trabalhador, relógio, celulares.
Chega de farra, vou por fim à festa desse cara agora.
O gordinho sobe as escadas que
dão acesso ao lugar onde mora quando é alvejado por um tiro no
ombro. Ele cai. De onde veio isso? Eu nem escutei!
Como um demônio que sai das trevas, um sujeito alto com roupas
escuras aparece e pisa em seu pescoço. Sua voz é rouca.
- Como foi tirar o pão dos
outros hoje meu amigo?
- Não sei do que está falando
– diz tentando se livrar do sapato em seu pescoço.
-Você e seu amigo vem dando
trabalho a polícia, demorei um pouco até descobrir onde vocês se
escondiam, mas hoje, finalmente encontrei o ninho dos ratos.
- Meu amigo, que amigo?
- Vai dizer que não conhece um
tal de Wallace, um negro alto, marrentão que pratica assalto com
você numa moto. Vocês até mataram uma moça que reagiu a ação
covarde de vocês.
O
gordinho não pisca. A dor em seu ombro o faz sentir frio. Seus
lábios tremem.
- Vai morrer, seu verme.
Antes de morrer, o bandido
ainda tem tempo de ver a naja tatuada no pescoço do homem que aponta
sua pistola com um silenciador para sua cabeça. Um, dois, três,
quatro, cinco tiros no meio da cara. Longe dali debruçado em cima da
moto, Wallace teve o rosto estourado por cinco tiros e antes de
morrer ele também viu a naja tatuada.
Como eu disse, estou caçando,
limpando as ruas. Hoje foi um bom dia. Acabei com esses bandidinhos
que infernizam a vida de trabalhadores. Cuidado vagabundagem, o Cobra
vai te pegar.
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