Linha Policial
O crime em Guerra
Capítulo 2
Luzia se
encontra mais uma vez diante de uma crise e não só isso. Há um conflito em
andamento e no meio dessa onda de violência sem controle está o população que
clama por paz. É bem verdade que a polícia vem as duras penas fazendo o
trabalho dela como: patrulhamento ostensivo vinte quatro horas. Os pontos mais
críticos da cidade foram cobertos, sem falar das buscas chefiadas por Paulo
Alves que no momento está invadindo um território hostil. Foi preciso solicitar
o auxílio da PM com carros blindados.
- A partir
desse ponto todo cuidado é pouco. – alertou um PM.
- Qual a
recomendação? – Paulo olhou para ele.
-
Voltarmos!
O local é
um bairro onde o número de prédios supera o de casas e segundo o sargento da
polícia militar, ali quem manda é Orlando Urso.
- Ouvi
dizer que há atiradores de Orlando na maioria dos prédios. – o sargento informou.
- Vou
solicitar apoio aéreo.
- Chame o
exército também, investigador.
Paulo Alves
não queria acreditar, mas o militar estava com a razão. Deitado, com os olhos
fixados na mira do rifle, um dos homens de Urso observa as viaturas seguindo
bairro adentro. Ele tem ordens para atirar, mas preferiu aguardar o melhor
momento. Via rádio ele comunica-se com seu superior.
- Estou com
uma bela visão aqui. Vou começar a festa.
Careca, moreno
escuro, barba bem feita e camisa de mangas compridas azul escuro. Orlando Urso fuma
desesperadamente seu cigarro visivelmente irritado. Lógico que ele gostaria de
ver o circo pegar fogo, mas ele tem outras prioridades. Queimar gordura com a
polícia seria perda de tempo e só ajudaria a piorar ainda mais as coisas.
- Deixe
passar. O meu negócio é com o McLaren.
- O
senhor quem sabe.
Orlando
levantou-se do sofá vermelho sob os olhares temerosos de um de seus guardas
costas.
- McLaren
pensa que a morte do meu sobrinho vai ficar por isso mesmo. – coçou a barba. –
ainda hoje ele terá a resposta.
*
De um lado
da mesa, mesa essa onde Damião costumava fazer suas intermináveis refeições, está
Maiara, Karina e Shirley e do outro, ele, o ex chefe da família Ramos, tentando
encontrar palavras. As três tem muito a dizer, porém aguardam educadamente,
segundo recomendou Shirley.
- Filha,
estou aqui para o que der e vier, por isso não guarde segredos. Certo?
Maiara deu
uma rápida olhada para o lado em direção a sua mãe.
- O que
aconteceu? – Damião entrelaçou os dedos.
Shirley
finalmente autorizou a fala de sua filha num gesto sutil de cabeça. Depois de
engolir seco por duas vezes a menina abriu a boca.
- Eu já não
vinha bem de uns tempos pra cá. Na verdade, desde a sua saída de casa.
Damião
sentiu o estômago gelar.
- Então
resolvi distrair a mente com garotos e...
Shirley pediu
a palavra.
- Vá com
calma, filha.
-
Seguindo... lembra do Marcos? O senhor não ia muito com a cara dele...
- Nem eu! –
retrucou Karina.
- Posso
continuar?
Damião
olhou para a filha mais velha com ar de reprovação.
- Então!
Tivemos uma relação intensa e...
- Você
quase engravidou. – Shirley olhou para o teto.
- E depois
do Marcos eu me lembro que, nada tinha mais sentido pra mim. Foi quando conheci
o Rogério. Me apaixonei de verdade por ele e... – voz embargada.
Ramos apertou
os olhos.
- Ele fez alguma
coisa? Tipo... – Shirley também estava emocionada.
- Ele disse
que, eu era uma gatinha, pena que sou gorda. Isso me destruiu. – desabou. – por
isso estou bebendo. No álcool eu encontro o caminho para esquecer essa realidade.
Damião
Ramos tamborilou os dedos na mesa.
- Tudo bem.
E você acha que o álcool vai te levar pra onde se continuar bebendo dessa
forma? Saiba de uma coisa, minha filha, esse tal de Rogério NÃO representa
nada em sua vida, não é ele quem dita as regras. A vida é sua, só entra nela
quem você quer. Tome uma posição.
Maiara limpou
às lagrimas.
- Se estereótipos
colocasse comida na mesa, se regesse o mundo ou melhor, se resolvesse os
problemas do mundo, tudo bem, mas não resolve nada. O que vale é você. Se
conheça. Se aceite e vá em frente.
Karina
abraçou a irmã.
- Obrigada,
pai.
Karina
levou a irmã para o quarto e Shirley acompanhou o ex marido até a porta. Ela
ainda se encontrava anestesiada e porque não dizer orgulhosa pelas palavras
dele dirigidas a sua filha.
- Obrigada
por tudo. Obrigada por vir.
- Não tem
que me agradecer. Estamos exercendo nosso papel. Me ligue sempre que precisar.
– colocou o paletó.
Shirley
abriu a porta, parecia querer dizer algo.
- E como
vão às coisas no departamento?
Damião
olhou para fora.
- Nada bem.
Estamos no meio de uma guerra entre gangues rivais, você já deve ter visto nos
jornais. Está complicado o negócio.
- Mas você
vai conseguir. Sempre conseguiu. Damião Ramos, o nosso xerife, o xerife de
Luzia. – colocou a mão em seu ombro.
Eles se
olharam.
- Eu já vou
indo.
- Tchau!
*
O bar está
relativamente lotado. Em plena luz do dia, homens acotovelam-se segurando suas
tulipas de chope ou de cerveja, a fim de assistirem a partida de sinuca que
acontece na parte da frente do boteco. Cinco deles trazem na cintura pistolas ou
até mais de uma.
- Quem
ganhar essa vou patrocinar a próxima rodada. – berrou erguendo o copo da bebida
gelada.
Ainda sob
os brados de alegria uma SUV parou abruptamente na frente do estabelecimento e
do veículo preto desceram seis mascarados portando fuzis. Eles invadiram o
lugar expulsando os civis. Antes que os alvos pudessem sacar suas armas eles
foram executados sem chance de defesa. Houve corre corre, gritaria assim que o
grupo deixou o lugar.
Em fuga, a
SUV pegou a via principal da cidade. O sujeito que ocupa o banco do carona
sacou o celular sentindo o calor que emana de seu armamento.
- Deu
tudo certo? – perguntou Orlando.
- Sim! O
senhor ainda vai precisar dos nossos serviços?
- Por
enquanto é só. – desligou.
*
Paulo e
Janaína estão enrolados num edredom trocando beijos longos e molhados. No
celular dele toca uma linda canção composta pelo seu artista internacional
preferido. “The One” de Elton Jonh é sem dúvida alguma uma de suas melhores
músicas já composta. Janaína sente a mão grande do homem de sua vida invadindo
sua parte íntima lhe arrancando suspiros. Não há resistência, apenas liberdade
e entrega. O policial possui sua namorada calmamente ouvindo bem perto do seu
ouvido os seus gemidos. De repente “The One” é interrompida dando lugar o som
estridente da chamada. Paulo intensificou seus movimentos tentando acelerar o
processo, mas não adiantou. Ele saiu de cima de Janaína bastante ofegante.
- Alves
falando.
- Vá
para o endereço que irei falar, agora. – Damião falava tão alto que, mesmo
não querendo Janaína conseguia ouvir.
- Sim, mais
o que aconteceu?
- Orlando
Urso ordenou um massacre na zona Leste. Foram cinco homens de McLaren fuzilados
a luz do dia dentro de um bar.
Janaína
Lopes arregalou os olhos para Paulo Alves que se vestia.
- Jesus!
Seguindo para o local.
- Certo!
Nos vemos lá.
O zíper da
calça foi fechado sob lamentos do policial.
- Vamos
continuar logo mais a noite?
- Vou
pensar no seu caso, gatão.
*
Um bom
líder, antes de tudo é um ser humano. Não há como separar uma coisa da outra. Por
mais que você tenha poder e homens a seu dispor lhe protegendo vinte quatro
horas por dia e possua um armamento bélico gigante, ainda assim, quando as
coisas se tornam difíceis o ser mortal que habita em você gritará mais forte.
Dinho McLaren ao tomar conhecimento do massacre ordenado por seu rival, temeu e
temeu muito. E pela primeira vez em muito tempo ele sentiu que essa guerra
estaria perdida.
- E a
polícia? – perguntou a um de seus homens.
- Com
certeza já devem estar no local. – respondeu meio que receoso.
- Tudo bem.
O certo agora é não perder o controle. – se levantou. – me dêem um tempo. Preciso
pensar, isso já está indo longe demais.
- O que
faremos enquanto isso, senhor? Orlando Urso já provou que está disposto a jogar
pesado...
- Urso é
problema meu. Eu sei exatamente o que fazer com alguém que se coloca em meu
caminho. Quanto a vocês, sigam trabalhando. E por favor, mantenham o foco o
tempo inteiro.
-
Entendido, senhor.
*
Damião
Ramos olhava os corpos e dentro de si havia uma batalha por dois sentimentos. Um
deles é aquela velha máxima: enquanto a guerra for entre eles e não houver
nenhum inocente envolvido tudo bem. O outro é: até onde isso pode afetar toda
uma cidade? Só quem perde com essa briga é a população. Ele deixou o interior
do bar fazendo com que sua cabeça funcione na potência máxima. Alves desceu do
carro driblando equipes de reportagens e policiais militares que fazem a
segurança do local.
- Sem
sobreviventes mesmo, não é? – Paulo media as palavras.
-
Exatamente! – colocou as mãos na cintura. – não podemos ser somente
recolhedores de corpos. Pedirei ao governador mais apoio. Vou querer homens
nosso em cada esquina, não importa o quanto isso custará. O nosso dever a
partir de hoje é a prisão de Orlando Urso e McLaren.
*
O dia não
foi tão produtivo do jeito que fora planejado, mas foi o suficiente para deixar
Orlando inspirado para um drink com sua mulher Fabiana com a noite caindo em
Luzia. Ele a serviu cantarolando a música que se tornou a trilha sonora para o
seu pedido de casamento há vinte anos.
- Hum! Pelo
visto os negócios vão indo de vento em polpa.
- Digamos
que sim. – lhe entregou o copo.
- E o merda
do McLaren? – torceu o rosto.
Orlando
ocupou a outra cadeira.
- Lhe dei
uma resposta a altura. – deu um curto gole. – agora ele sabe quem manda nessa
cidade. Não há como parar o ataque voraz do Urso. – gargalhou.
- Não
estamos indo longe demais com essa guerra? O que pode acontecer daqui pra
frente?
- Não fui
eu quem começou isso. Meu sobrinho Bruno tinha tudo para suceder os negócios e
McLaren tirou isso de mim. Não vou parar enquanto não vê-lo morto.
- E se você
for morto, o que será dos negócios?
Orlando colocou
o copo no chão e a chamou. Ela sentou-se em seu colo e logo foi sendo
acariciada nos cabelos.
- Você será
a rainha de Luzia. Absoluta. A senhora Urso. Certo? Agora chega desse baixo
astral e vamos relembrar os velhos tempos.
*
Shirley terminou
o banho e deixou o banheiro envolvida na toalha bastante pensativa. Desde
quando se separou de Damião ela só teve um relacionamento muito breve com um
tal de Jorge, um sujeito de cinquenta anos que vivia mais ocupado e preocupado
com seu comércio do que com qualquer outra coisa. Jorge era bonitão, mas tinha sérios
problemas com relação a sexo. Ele e Shirley ficaram juntos dois meses e só
conseguiram transar somente duas vezes e mesmo assim...
Shirley é
ainda muito atraente e gosta bastante de sexo. Prova disso foi que, mesmo
Damião sendo bastante gordo e grande, isso nunca foi empecilho para boas e
longas noites de amor. Ramos era e ela acredita que ainda possa ser um baita
amante na cama. O casamento acabou, porém Shirley ainda trás com ela algum
sentimento pelo seu ex e isso se intensificou com o jeito que ele solucionou a
crise vivida por Maiara. Um pai de verdade. Um homem de verdade. Inspirada por
tudo isso ela pegou o celular e ligou.
- Oi?
Shirley, aconteceu alguma coisa?
- Não, não.
Está tudo bem. É... você já terminou o plantão? - sentou-se na cama.
- O
plantão acabou sim, mas eu ainda me encontro no departamento.
Ela engoliu
seco antes de falar.
- Quer vir
aqui?
Damião
ficou em silêncio.
- Oi! Você
ainda está na linha?
- Sim,
estou. Chego ai em dez minutos.
Amigo, quantos capítulos tem livro?
ResponderExcluir