Linha Policial
O Crime Em Guerra
Capítulo 3
Fabiana
Urso. Quando tudo ainda era bastante incerto e seu futuro marido vivia quebrando
a cara com alianças com gente que não inspiravam confiança, ela odiava ser
chamada assim. Claro, Fabiana tinha lá suas razões em não gostar do vulgo. Orlando
não possuía o poder e nem a fortuna que tem hoje. Orlando era apenas um
marginalzinho meia-boca tentando se dar bem na vida. Mas, mesmo não acreditando
muito e querendo abandonar tudo de vez e seguir um rumo diferente, Fabiana
deixou o coração falar mais alto e hoje ela é a primeira dama do crime. Loira
natural, 47 anos, charmosa, dona dos olhos verdes mais encantadores do mundo,
ela consegue sim sentir orgulho de tudo o que ajudou ao seu esposo a conquistar.
Nesses últimos dias Fabiana tem estado bem preocupada. Preocupada com os
negócios do Urso e por isso ela decidiu palpitar junto ao marido numa reunião
de “associados".
- Que tal
um roubo? – falou sem hesitar.
- O que
iremos roubar? – questionou um dos sócios.
- Eu andei
pesquisando sobre o transporte de valores. Por dia eles chegam a transportar bilhões.
Se queremos levantar recursos para a compra de armas e aquecer nossos negócios,
eu não vejo outra alternativa.
Todos
olharam para o chefe isolado na ponta da mesa. Orlando pigarreou antes de jogar
para votação.
- Ok!
Levantem a mão quem é a favor do roubo.
Foi
unânime. Urso sorriu para sua esposa orgulhoso, o que seria de mim se ela
não existisse?
- Ótimo! Não
será nada fácil roubar um carro forte. Tal ação deve ser minuciosamente pensada
e calculada. Não posso e não quero perder mais dos meus soldados. Todos
entenderam? – o sim também foi unânime. – muito bem. Dispensados.
Assim que
todos deixaram a sala de reunião Urso tinha nos olhos um brilho, o mesmo brilho
de um adolescente apaixonado.
- Vem aqui!
- Fiz algo
de errado, Dom Orlando Urso?
- Dom?
Ainda não. Mas não devo estar tão longe disso. – Fabiana ocupou seu colo. –
roubar um carro forte? Você anda assistindo muitos filmes policiais. – a
beijou. – sabe quanto isso pode custar?
- Sabe
quanto isso vai lhe render?
Eles se
olharam.
- Posso
confiar essa missão a você?
Agora foi a
vez de Fabiana beija-lo.
- Deve!
*
Todas as vezes
em que um casal briga, seja qual for o motivo, a volta é sempre melhor. Nada
como fazer às pazes deitados numa cama ardente. Shirley e Damião já passaram
por isso incontáveis vezes, mas em sua maioria terminavam sempre cada um pro
seu lado. Cada um com sua razão. Talvez tenha sido esse um dos principais
motivos do casamento ter ido a ruína. As vezes é melhor ter paz do que ter
razão. Quando ela abriu os olhos e contemplou depois de muito tempo aquele
homem enorme deitado a seu lado, aos roncos após uma deliciosa experiência
sexual, foi que Shirley pode meditar e aceitar a verdade contida nessa frase.
- Oi? –
Damião despertou.
- Oi! –
Shirley sentia uma vergonha que não cabia nela.
A princípio,
ambos não sabiam o que dizer um para o outro, porém, nada que um bom silêncio
não resolva.
- Eu também
estava morrendo de saudade. – Ramos acariciou seu rosto. – Posso considerar o
que houve uma volta?
- Uma
possível volta. – completou.
- Quantos
por cento de chance disso acontecer?
Ela pôs a
mão em sua boca.
- Sem
números, delegado. Sem números. Vamos deixar com que as coisas fluam
naturalmente.
Damião
aproveitou para beija-la na palma da mão.
- E o que
faremos enquanto isso?
- Vou lhe
mostrar. - Deitou-se em cima dele.
*
Karina e
Maiara sempre foram muito mais do que só irmãs. Entre elas há amizade,
companheirismo e muita lealdade envolvida. Desde quando sua maninha caçula
começou apresentar sinais de fragilidade emocional, Karina a alertou e alertou
sua mãe. Aos 20 anos e cursando o terceiro período da faculdade de veterinária,
Karina viu a necessidade de auxiliar seus pais – mesmo divorciados – na criação
da irmã.
- O que
achou das palavras do papai?
Karina
parou o que estava fazendo no celular passando a prestar atenção em Maiara
deitada no tapete do quarto.
- Eu sempre
achei o velho Damião Ramos um bom conselheiro e naquele dia foi mais uma prova
do quanto o nosso pai é um homem sábio.
Maiara
anuiu.
- E o babaca
do Rogério, já te ligou ou mandou mensagem?
- Graças a
Deus, não. A fila precisa andar irmãzinha. Um dia eu há de encontrar alguém que
valorize essas carnes.
Karina
bateu de leve na bunda da irmã.
- E coloca
carne nisso.
*
Fuzis,
metralhadoras e até granadas. Armados e perigosos. Divididos em cinco veículos os
homens de Urso deixaram a garagem de uma empresa de fachada rumo a execução de
mais uma ação criminosa. Tudo fora bem organizado, mapeado e cuidadosamente
calculado como exigiu o chefe. Fabiana não quer e nem pode falhar. Ela sabe do
que seu marido é capaz de fazer com quem falha mais do que ninguém.
- Eles já
saíram, senhora. – informou um dos seguranças segurando o rádio.
Seu nervosismo
e preocupação são tão grandes que ela não conseguiu responder. Nessa momento
Orlando entrou no escritório e deu de cara com uma Fabiana de rosto pálido e
olhos arregalados.
- Não tem
que se preocupar se houve um bom planejamento. Não é?
- É! –
engoliu seco.
- Ótimo! –
se serviu de um uísque. – mais de dois milhões em cinco minutos. – ergueu o
copo. – um brinde a minha rainha.
O
carro-forte saiu da via secundária e em alta velocidade pegou a avenida que corta
a cidade milagrosamente sem trânsito intenso naquele horário. Quanto menos
tempo passar na rua com os valores exorbitantes, melhor.
- Poucos
carros na pista. Acho melhor acelerar, não acha? – sugeriu o motorista.
- Muito
bom! Vou informar os seguranças. – sacou o rádio. – fala rapaziada, o chefe
aqui vai pisar fundo. Como estão as coisas ai?
Não houve
resposta.
- Estranho!
– franziu a testa. – chamando carro dois.
O motorista
olhou pelo retrovisor.
- Não os
vejo também.
- Merda! – pegou
a calibre doze. – deu alguma merda lá trás...
O carro foi
cercado por duas vans, cada uma de um lado e seus ocupantes atiravam sem parar.
- Já era
mano. Pare o carro sem reagir. – orientou o carona. Em seguida chamou os
seguranças na parte de trás do veiculo. – vocês ai atrás, vamos deixar eles
levarem a carga. Fiquem calmos. Certo?
Toda ação
teria que ser rápida e limpa, essas foram as a orientações dadas pela chefia. Os
outros carros ao verem aquela movimentação aterrorizante na avenida aceleravam
ou brecavam, mas na sua grande maioria davam ré causando um verdadeiro
pandemônio naquela altura da via. Os quatro pneus do veículo de valores foram
atingidos quase causando um capotamento.
- Vamos
nessa, rapaziada. – falou o bandido descendo de seu carro e batendo na lataria
do carro-forte. – sem resistência, só queremos o dinheiro mesmo.
Pobre do
trabalhador. Além de ter que aturar a arrogância do patrão. Além de ser mal
remunerado, sofrer pressão por estar lidando com algo de muito valor ele ainda corre
o risco de bater de frente com criminosos que não tem nada a perder.
- Deixem as
armas ai dentro e saem com às mãos na cabeça.
Os cinco
seguranças ainda foram obrigados a descarregar o carro-forte e a carregar as vans. Tudo isso em tempo
recorde.
-
“Bora" moleza! – gritou um deles.
Cinco
minutos. Tudo ocorreu com ordenou Fabiana. Os homens correram para o
acostamento da avenida enquanto que suas armas eram levadas pelo grupo. Assim
que se viram fora de perigo eles fizeram contato com a empresa que aciou a
polícia.
*
Fabiana é
uma mulher vaidosa, por semana ela chega a gastar mais de quinhentos reais num
salão de beleza. Ela estava a pinto de estragar a pintura das unhas quando
recebeu um ligação a informando sobre o roubo.
- Deu
tudo certo, senhora. Agora estamos a caminho do QG.
Respirando
um pouco mais aliviada, Fabiana sentou-se no sofá e relaxou.
- Parabéns
a todos. Mandaram bem. Guardam todo o dinheiro lá, chegaremos em seguida. –
desligou.
Orlando
Urso entrou no escritório com as duas mãos no bolso e ao ver a expressão da
esposa ele matou a charada.
- Estou um
pouco mais rico?
- Sim! Está
sim.
Todo o
prazer e loucura. Toda uma sensação eletrizante circulando por seu corpo bem
definido. Com a excitação em seu nível máximo fazendo com que Dinho McLaren sofra
espasmos acontece da boa ação feita por uma menina ajoelhada entre suas pernas.
Mãos e boca trabalhando maravilhosamente bem.
- Não pare
agora. – pediu ofegante.
O clímax
foi intenso. Longo, e porque não dizer atrapalhado.
- Uau! –
festejou a garota.
- Nossa! Seis
minutos. Temos uma recordista aqui.
- Hum!
Sério? – disse limpando o rosto.
O celular
de McLaren tocou.
- Sim?
- Chefe,
o Senhor vai gostar do que eu tenho a dizer.
- Diga!
- Urso
acaba de roubar um carro forte com milhões.
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