segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Linha Policial - O crime em Guerra - Capítulo 3

 


Linha Policial

O Crime Em Guerra

Capítulo 3

 

Fabiana Urso. Quando tudo ainda era bastante incerto e seu futuro marido vivia quebrando a cara com alianças com gente que não inspiravam confiança, ela odiava ser chamada assim. Claro, Fabiana tinha lá suas razões em não gostar do vulgo. Orlando não possuía o poder e nem a fortuna que tem hoje. Orlando era apenas um marginalzinho meia-boca tentando se dar bem na vida. Mas, mesmo não acreditando muito e querendo abandonar tudo de vez e seguir um rumo diferente, Fabiana deixou o coração falar mais alto e hoje ela é a primeira dama do crime. Loira natural, 47 anos, charmosa, dona dos olhos verdes mais encantadores do mundo, ela consegue sim sentir orgulho de tudo o que ajudou ao seu esposo a conquistar. Nesses últimos dias Fabiana tem estado bem preocupada. Preocupada com os negócios do Urso e por isso ela decidiu palpitar junto ao marido numa reunião de “associados".

- Que tal um roubo? – falou sem hesitar.

- O que iremos roubar? – questionou um dos sócios.

- Eu andei pesquisando sobre o transporte de valores. Por dia eles chegam a transportar bilhões. Se queremos levantar recursos para a compra de armas e aquecer nossos negócios, eu não vejo outra alternativa.

Todos olharam para o chefe isolado na ponta da mesa. Orlando pigarreou antes de jogar para votação.

- Ok! Levantem a mão quem é a favor do roubo.

Foi unânime. Urso sorriu para sua esposa orgulhoso, o que seria de mim se ela não existisse?

- Ótimo! Não será nada fácil roubar um carro forte. Tal ação deve ser minuciosamente pensada e calculada. Não posso e não quero perder mais dos meus soldados. Todos entenderam? – o sim também foi unânime. – muito bem. Dispensados.

Assim que todos deixaram a sala de reunião Urso tinha nos olhos um brilho, o mesmo brilho de um adolescente apaixonado.

- Vem aqui!

- Fiz algo de errado, Dom Orlando Urso?

- Dom? Ainda não. Mas não devo estar tão longe disso. – Fabiana ocupou seu colo. – roubar um carro forte? Você anda assistindo muitos filmes policiais. – a beijou. – sabe quanto isso pode custar?

- Sabe quanto isso vai lhe render?

Eles se olharam.

- Posso confiar essa missão a você?

Agora foi a vez de Fabiana beija-lo.

- Deve!

*

Todas as vezes em que um casal briga, seja qual for o motivo, a volta é sempre melhor. Nada como fazer às pazes deitados numa cama ardente. Shirley e Damião já passaram por isso incontáveis vezes, mas em sua maioria terminavam sempre cada um pro seu lado. Cada um com sua razão. Talvez tenha sido esse um dos principais motivos do casamento ter ido a ruína. As vezes é melhor ter paz do que ter razão. Quando ela abriu os olhos e contemplou depois de muito tempo aquele homem enorme deitado a seu lado, aos roncos após uma deliciosa experiência sexual, foi que Shirley pode meditar e aceitar a verdade contida nessa frase.

- Oi? – Damião despertou.

- Oi! – Shirley sentia uma vergonha que não cabia nela.

A princípio, ambos não sabiam o que dizer um para o outro, porém, nada que um bom silêncio não resolva.

- Eu também estava morrendo de saudade. – Ramos acariciou seu rosto. – Posso considerar o que houve uma volta?

- Uma possível volta. – completou.

- Quantos por cento de chance disso acontecer?

Ela pôs a mão em sua boca.

- Sem números, delegado. Sem números. Vamos deixar com que as coisas fluam naturalmente.

Damião aproveitou para beija-la na palma da mão.

- E o que faremos enquanto isso?

- Vou lhe mostrar. - Deitou-se em cima dele.

*

Karina e Maiara sempre foram muito mais do que só irmãs. Entre elas há amizade, companheirismo e muita lealdade envolvida. Desde quando sua maninha caçula começou apresentar sinais de fragilidade emocional, Karina a alertou e alertou sua mãe. Aos 20 anos e cursando o terceiro período da faculdade de veterinária, Karina viu a necessidade de auxiliar seus pais – mesmo divorciados – na criação da irmã.

- O que achou das palavras do papai?

Karina parou o que estava fazendo no celular passando a prestar atenção em Maiara deitada no tapete do quarto.

- Eu sempre achei o velho Damião Ramos um bom conselheiro e naquele dia foi mais uma prova do quanto o nosso pai é um homem sábio.

Maiara anuiu.

- E o babaca do Rogério, já te ligou ou mandou mensagem?

- Graças a Deus, não. A fila precisa andar irmãzinha. Um dia eu há de encontrar alguém que valorize essas carnes.

Karina bateu de leve na bunda da irmã.

- E coloca carne nisso.

*

Fuzis, metralhadoras e até granadas. Armados e perigosos. Divididos em cinco veículos os homens de Urso deixaram a garagem de uma empresa de fachada rumo a execução de mais uma ação criminosa. Tudo fora bem organizado, mapeado e cuidadosamente calculado como exigiu o chefe. Fabiana não quer e nem pode falhar. Ela sabe do que seu marido é capaz de fazer com quem falha mais do que ninguém.

- Eles já saíram, senhora. – informou um dos seguranças segurando o rádio.

Seu nervosismo e preocupação são tão grandes que ela não conseguiu responder. Nessa momento Orlando entrou no escritório e deu de cara com uma Fabiana de rosto pálido e olhos arregalados.

- Não tem que se preocupar se houve um bom planejamento. Não é?

- É! – engoliu seco.

- Ótimo! – se serviu de um uísque. – mais de dois milhões em cinco minutos. – ergueu o copo. – um brinde a minha rainha.

 

O carro-forte saiu da via secundária e em alta velocidade pegou a avenida que corta a cidade milagrosamente sem trânsito intenso naquele horário. Quanto menos tempo passar na rua com os valores exorbitantes, melhor.

- Poucos carros na pista. Acho melhor acelerar, não acha? – sugeriu o motorista.

- Muito bom! Vou informar os seguranças. – sacou o rádio. – fala rapaziada, o chefe aqui vai pisar fundo. Como estão as coisas ai?

Não houve resposta.

- Estranho! – franziu a testa. – chamando carro dois.

O motorista olhou pelo retrovisor.

- Não os vejo também.

- Merda! – pegou a calibre doze. – deu alguma merda lá trás...

O carro foi cercado por duas vans, cada uma de um lado e seus ocupantes atiravam sem parar.

- Já era mano. Pare o carro sem reagir. – orientou o carona. Em seguida chamou os seguranças na parte de trás do veiculo. – vocês ai atrás, vamos deixar eles levarem a carga. Fiquem calmos. Certo?

Toda ação teria que ser rápida e limpa, essas foram as a orientações dadas pela chefia. Os outros carros ao verem aquela movimentação aterrorizante na avenida aceleravam ou brecavam, mas na sua grande maioria davam ré causando um verdadeiro pandemônio naquela altura da via. Os quatro pneus do veículo de valores foram atingidos quase causando um capotamento.

- Vamos nessa, rapaziada. – falou o bandido descendo de seu carro e batendo na lataria do carro-forte. – sem resistência, só queremos o dinheiro mesmo.

Pobre do trabalhador. Além de ter que aturar a arrogância do patrão. Além de ser mal remunerado, sofrer pressão por estar lidando com algo de muito valor ele ainda corre o risco de bater de frente com criminosos que não tem nada a perder.

- Deixem as armas ai dentro e saem com às mãos na cabeça.

Os cinco seguranças ainda foram obrigados a descarregar o carro-forte  e a carregar as vans. Tudo isso em tempo recorde.

- “Bora" moleza! – gritou um deles.

Cinco minutos. Tudo ocorreu com ordenou Fabiana. Os homens correram para o acostamento da avenida enquanto que suas armas eram levadas pelo grupo. Assim que se viram fora de perigo eles fizeram contato com a empresa que aciou a polícia.

*

Fabiana é uma mulher vaidosa, por semana ela chega a gastar mais de quinhentos reais num salão de beleza. Ela estava a pinto de estragar a pintura das unhas quando recebeu um ligação a informando sobre o roubo.

- Deu tudo certo, senhora. Agora estamos a caminho do QG.

Respirando um pouco mais aliviada, Fabiana sentou-se no sofá e relaxou.

- Parabéns a todos. Mandaram bem. Guardam todo o dinheiro lá, chegaremos em seguida. – desligou.

Orlando Urso entrou no escritório com as duas mãos no bolso e ao ver a expressão da esposa ele matou a charada.

- Estou um pouco mais rico?

- Sim! Está sim.

 

Todo o prazer e loucura. Toda uma sensação eletrizante circulando por seu corpo bem definido. Com a excitação em seu nível máximo fazendo com que Dinho McLaren sofra espasmos acontece da boa ação feita por uma menina ajoelhada entre suas pernas. Mãos e boca trabalhando maravilhosamente bem.

- Não pare agora. – pediu ofegante.

O clímax foi intenso. Longo, e porque não dizer atrapalhado.

- Uau! – festejou a garota.

- Nossa! Seis minutos. Temos uma recordista aqui.

- Hum! Sério? – disse limpando o rosto.

O celular de McLaren tocou.

- Sim?

- Chefe, o Senhor vai gostar do que eu tenho a dizer.

- Diga!

- Urso acaba de roubar um carro forte com milhões.

 


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