domingo, 22 de maio de 2016

O EXTERMÍNIO (Um conto com Luís Souza)

Depois de um dia inteiro envolvido nos preparativos para uma singela confraternização com os amigos, finalmente João Victor pode ver o quintal de sua casa pronto para recebe-los. A pequena piscina ele fez questão de enchê-la caso alguém queira dar um mergulho. Nas paredes, nada de bolas, mais nas mesas muitas guloseimas como salgados e doces. Será uma festinha adolescente organizada pela turminha da escola de João. Eles combinaram entre si que cada final de semana iram na casa de cada um dos componentes do grupo. Chegou a vez de João e ele não que ficar por baixo,na ultima festa rolou até um DJ animando a galera. Ao vê sua mãe enrolada com a iluminação, o único filho do casal César e Paula, desce as escadas voando para ajudar:
             - Filho, vá tomar banho, daqui a pouco o pessoal está ai! – diz com uma voz cansada.
             - Valeu mãe!
             Como Paula previu, aos poucos a galera vai invadindo o quintal pouco gramado. O som pesado já rola fazendo a rapaziada se mexer. Para que tudo corra bem, mãe e filho se esforçam para que todos comam e bebam a vontade. Um certo adolescente um pouco mais descolado chama o anfitrião num canto:
             - Qual foi magrelo, só vai rolar refri?
             - Pô cara, eu não bebo! – diz um pouco intimidado.
             - Sem essa, eu trouxe algo mais quente. – mostra a pequena garrafa de Vodka.
             - Olha só, se vão beber, façam isso escondido da minha mãe senão ela acaba com a festa em dois tempos valeu?
             - É assim que se fala parcerão. – o cumprimento é estilo das gangues americanas.
             A festa rola e João Victor contempla seu quintal repleto de garotos e garotas da mesma idade que a sua dançando e bebendo. Alguns mais animados outros nem tanto e outros até trocando salivas como no caso do casal Marcos e Vanessa. É notável que os dos já passaram do beijo na boca a muito tempo. João Victor ao ver tal cena se sente o ultimo dos virgens. Ele sabe que seu aspecto não ajuda muito, magro, com o rosto coberto por acnes e muito branco, João sabe que está fora dos padrões que as meninas adoram. Marcos é alto, tem músculos salientes e dono de uma beleza peculiar. Com certeza uma menina como Vanessa iria ficar com ele. Vanessa é linda, cabelos vermelhos, só usa roupas sensuais e maquiagem capaz de deixar qualquer cueca boquiaberto. É, nenhuma garota por enquanto se mostrou interessada no magrelo João Victor.
             Ao voltar da cozinha com mais latinhas de refrigerante, João nota que uma de suas amigas se encontra sentada no sofá com as pernas cruzadas e com a cabeça apoiada na mão. A tristeza é notória. Em outras ocasiões ele jamais se aproximaria dela, João conhece a fama de dar “passa fora” nos outros de Vânia. Mais agora ela estava dentro de sua casa, ele precisa fazer alguma coisa:
             - Oi Vânia, tudo bom? – ela descruza as pernas e balança a cabeça negativamente:
             - Não, João, não está nada bom. – fala sem olhar para o garoto em pé a sua frente.
             - Posso ajudar? – pergunta se atrapalhando com as latas.
             - Bom, você não é a melhor pessoa para compartilhar mais... – João Victor sentiu vontade de arremessar todas aquelas latas na cara de nojo de Vânia, mais se controlou, afinal, apesar de metida ela é uma gatinha. Vânia contou tudo o que esta rolando e João escuta tudo com atenção – então é isso! – João não sabe o que dizer e apenas olha para a menina que espera algo que possa conforta-la:
             - Bom, é, do outro lado é bem melhor. – Vânia franze o cenho:
             - Do que está falando?
             - Sei lá, eu li, ou ouvi isso em algum lugar. Bom, deixa eu levar isso para as mesas lá fora. – João sai deixando Vânia ainda mais problemática:
             - Garoto maluco, do outro lado é bem melhor, que doidera.
             De madrugada João não consegue dormir e se revira na cama. Ele pensa no fato de mesmo aos 15 anos ainda ser virgem, tanto de boca como de sexo. Das acnes em seu rosto. Da falta de grana. Tudo isso se torna um turbilhão e ele se levanta. Abre o armário onde estão os dois únicos pares de tênis e retira os cadaços. Amarra uns nos outros e os envolve em seu pescoço fino. Sobe na cômoda e amarra a outra ponta no suporte que fixa o ventilador de teto e pula para a morte lenta. O corpo ainda se movimenta mais em questão de segundos a vida vai o abandonando.

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             O desespero do casal César e Paula é comovente até mesmo para policiais experientes como Souza e Márcia. Depois de um trabalho minucioso dos peritos o corpo enrijecido de João é levado. Márcia tenta manter os pais calmos mais é impossível:
             - Calma senhor e senhora, nos acompanhem até a delegacia por favor.
             Na delegacia, Márcia e Souza ficam sabendo que a família Guedes vivia bem, sem motivos fortes para que João Victor viesse a se suicidar. O negro policial coça o queixo coberto por uma rala barba e tenta organizar os pensamentos quando mais uma chamada o deixa em parafusos:
             - Mais um? Mais como assim. – Márcia aguarda. – esta bem já estou indo pra ai. – desliga e olha para a parceira. – Uma menina se suicidou. – o coração da policial acelera:
             - O que está havendo?
             - Isso nós veremos, venha!

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             João Victor e Vânia são sepultados no mesmo dia e horário. As famílias se unem em lamentos. O cemitério está lotado de amigos, parentes e conhecidos. Tudo ainda é muito estranho. A mãe de Vânia chora copiosamente sendo amparada pelo novo marido:
             - Ela chegou em casa dizendo palavras estranhas, sem sentido. – Souza e Márcia acompanham tudo e tentam identificar algo que possa esclarecer o caso. Mais tudo é muito estranho, obscuro, sombrio.
             A semana vai passando e mais um caso faz aumentar o mistério. A mãe de Vânia e encontrada caída no quarto do casal com um tiro na boca. O marido possui uma arma e ela sabia onde ele a guardava. O choro amargo do homem mistura tristeza e arrependimento. Márcia jamais viu casos como esses, muito menos Souza.

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            A noite, ainda lembrando das coisas boas que fizeram juntos. O viúvo da mãe de Vânia está jogado no sofá. O cansaço de ter passado o dia inteiro tendo que explicar porque possuía uma arma em casa sem ter porte o deixou exausto. Ele lembra das ultimas palavras de sua amada e as lágrimas brotam sem ele sentir. O profissional em informática se levanta e vai até a janela e a abre. O apartamento do casal fica no décimo andar de um bairro de classe media. Mais uma vez a ultima palavra que sua amada falou vem a mente, ele pula para a morte. Seu corpo bate no chão da calçada com força se esparramando. Logo todo o lugar está repleto de curiosos e loucos por corpos. Souza desce da viatura e abre caminho no meio da multidão. Em sua cabeça nada se encaixa. Que mistério é esse? Porque pessoas estão tirando a própria vida? Aquela pequena cidade nunca viveu momentos tão tenebrosos. A imprensa local já percebeu e polemizou o assunto colocando na primeira pagina “O extermínio” se a situação está ruim não precisa ficar pior.
         Os dias vão passando e a onda de suicídios só aumentando. Há manifestações nas ruas e celebrações nas igrejas lideradas por padre Ivan que prega exortando as pessoas:
          - Deus está nos dando uma lição para que possamos daqui pra frente vivermos uma vida diferente, sem rancores e medos. – a multidão que se aglomera para ouvir o conceituado padre falar, chora, lamenta e reza. Enquanto os religiosos estão ali pedindo ajuda dos céus, mais um adolescente interrompe sua longa vida pulando de um carro em alta velocidade, seu corpo foi triturado, foi atropelado por vários carros na estrada. Será mesmo um extermínio divino como estão dizendo por ai? Souza e Márcia acompanham de perto. Para eles resta apenas uma pergunta; qual de nós será o próximo?
          Ao termino da celebração padre Ivan abençoa os fieis que de alguma forma vê no sacerdote um conforto, um alivio. Souza espera pacientemente toda idolatria acabar e se aproxima do padre:
          - Acha mesmo que Deus está fazendo uma limpa? – pergunta cético.
          - O mundo anda complicado meu caro policial, a bíblia diz que no fim dos tempos o amor de muitos esfriaria e é o que está acontecendo, o amor pela própria vida se esfriando, não é que Deus esteja fazendo uma limpa, isso tudo Cristo profetizou, crê quem quer. – Márcia pede benção ao pároco e entra na conversa:
          - Mais padre Ivan, suicídio não vai de encontro com as leis divinas?
          - Sim, nesse caso o livre arbítrio entra em ação, Deus jamais vai interferir nessa história.
          - Quer dizer que Ele nos abandonou a própria sorte? – questiona Souza. Com ternura Ivan coloca a mão no ombro do policial:
          - Souza, você está acostumado a resolver as coisas do seu jeito, experimente deixar que Deus resolva, fale com Ele ao invés de confiar em ti ou em sua arma. – o sacerdote pede licença e se retira deixando a dupla ainda a refletir em suas palavras. Voltando para o departamento, Souza dirige a viatura sem fala nada. Márcia mexe em seu Tablet conferindo se há algo nas redes sociais. Se não fosse o ronco do motor o silêncio seria sepulcral. Faltando poucos metros para chegarem ao DP, Souza quebra o silêncio:
         - As vezes acho que estou fazendo parte de um dos filmes do Hitchcock. – Márcia franze o cenho.
         - O cineasta de “Psicose”?
         - Sim, com todo esse mistério que estamos vivendo, as vezes acho que estou vivendo em um de seus filmes.
         - Pois é meu amigo, o negocio é mais sério do que pensei. – diz olhando para o aparelho iluminado em suas mãos. – veja, mais um adolescente se suicidou. – Souza suspira e esfrega uma das mãos em seu rosto.




EXTERMÍNIO
Parte final

           Os casos de suicídios só aumentam fazendo piorar a dor de cabeça de Souza. Márcia confere as atualizações e lê algo que a deixa aterrorizada:
            - Meu Deus, uma família inteira se suicidou tomando veneno de rato. – olha para o parceiro que se debruça na mesa. – isso está parecendo uma epidemia.
             - Alguma coisa aconteceu naquela festa, Márcia, pelo que me lembro tudo começou lá. Temos que voltar a casa e revira-la. – Márcia mastiga a tampa da caneta.
             - Mais, Souza, já fizemos isso lembra? Não encontramos nada! – pondera Márcia.
             - Então o que se faz?

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            Padre Ivan reza com fervor pelas famílias das vitimas. Ele acredita piamente que está havendo o cumprimento das profecias bíblicas e que as pessoas precisam se consertar perante Deus. Com tantas mortes acontecendo quase que todos os dias, o céu parece que se entristeceu juntamente com os familiares e resolveu se esconder atrás de nuvens densas, escuras, deixando a cidade sombria. Poucas pessoas circulam pelas ruas. As igrejas vivem lotadas. Tanto Católicas quanto evangélicas estão com fieis até o teto. Os centros espíritas dobraram o número de reuniões e os que se consideram ateus, agora clamam por Deus e choram pedindo ajuda. Já faltam vagas nos cemitérios e já há sepultamentos em terrenos abandonados. A calamidade está instalada e as autoridades já não sabem o que fazer. Vez por outra a viatura da defesa civil passa nas ruas desertas dos bairros indo atender algum chamado desesperado.

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            Uma moça chega em seu quarto vestindo uma saia curta e justa. Se joga na cama e não consegue conter as lagrimas que teimam em descer. O término de um namoro para uma adolescente é doloroso demais, ainda mais se essa adolescente ama o namorado e faria qualquer coisa para reatar o relacionamento. Jéssica é dessas meninas grudentas que sufocam o namorado até não pode mais. Como era de se esperar, Renato não suportou tanta bobeira e terminou com Jéssica que ainda tentou convence-lo que iria mudar. Claro que o garoto não acreditou, ele já havia pedido para ela mudar e tudo ficou só na promessa. Mais hoje Renato pois um ponto final na historia e acabou com o namoro. Jéssica rola na cama e chora de soluçar. Jéssica e Renato eram amigos de João Victor e estavam na festa. Jéssica era coleguinha de Vânia e estavam na mesmo ano no colégio. Antes de se matar, Vânia foi a casa de Jéssica e as duas conversaram longamente. Vânia contou os problemas que vinha passando com o novo marido de sua mãe. Jéssica também desabafou sobre o namoro que já não andava tão bem das pernas. Agora ela está ali, no canto do quarto frio pensando sobre o fim do namoro. Alguns minutos depois a mãe de Jéssica bate duas vezes na porta e a menina não responde. Mais duas batidas e Fátima resolve quebrar a promessa de não invadir o quarto da filha enquanto ela estiver lá dentro e entra. O grito sai abafado seguido de:
           - Jorge, socorro! – o pai que já se encontrava deitado, deu um salto da cama e resmungando:
           - Na certa é mais um rato ou barata! – ao chegar ao quarto da filha, Jorge, vê seu mundo desmoronar com Fátima chorando em cima do corpo de Jéssica esvaindo sangue pelos pulsos. Jéssica já esta morta e mesmo assim a ambulância é chamada. O corpo sujo pelo sangue é retirado do quarto sob os gritos de Fátima que ainda está sem entender o porquê do suicídio da filha. Jéssica namorava sem a permissão dos pais.

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         Souza deita para dormir mais o sono não vem. O mundo desmorona lá fora. O veterano policial teme por seus familiares, conhecidos e até por ele próprio. Como Márcia falou, uma epidemia, mais parece uma epidemia. Ele se levanta. Precisa fazer alguma coisa. Souza nunca foi chegado a religião. Acredita em Deus e só. Abre a janela e dá de cara com uma noite escura, sem lua. O céu é tenebroso. O medo sopra em seus ouvidos e ele parece ouvir os lamentos das almas que tiraram a própria vida. Souza tapa os ouvidos e tranca os dentes:
          - Quem são vocês? – gira e cai. Em posição fetal ele treme no piso gelado.

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          O amanhecer é carregado. O silencio na cidade é sepulcral. Nada de burburinhos, nada de carros passando a cima de cem, nada de som alto nas casas. Dirigindo a menos de quarenta por hora, o elegante policial pode conferir de perto o luto coletivo dos moradores da cidade. Tudo o que estava ao alcance das autoridades foi feito. Nada de concreto foi esclarecido. Com tantas duvidas rondando sua cabeça, o negro investigador resolve voltar sozinho onde tudo começou. A casa de João Victor.

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          Ao estacionar o carro em frente a casa, algo de ruim passa na mente de Souza. Relutante ele sai do veículo. Tudo é muito estranho. A casa parece que atravessou séculos. O jardim que outrora bem cuidado, agora tem sua grama crescida e com moitas de capim. Souza toca no portão e ele está trancado. Sem hesitar o policial pula o muro vestindo terno e gravata. Meio desajeitado Souza cai no gramado alto. Restabelecido do tombo o policial anda até a porta de entrada e pela janela ele parece ter visto alguém no interior da casa. O coração acelera. Será algo da minha cabeça? Toca na maçaneta e a gira. Trancada. Souza pensa em arrombamento, mais para isso ele teria que ter um mandato. Que se dane o protocolo, o mundo está acabando mesmo. O chute na porta a faz bater com força na parede interna da simples casa. O ar é pesado e trás com ele um odor de comida estragada. Souza anda até a cozinha e a geladeira esta desligada com alimentos passados em seu interior. Olha o local em meio a penumbra e nada de suspeito. Vai até o quarto do casal, a cama desarrumada denuncia o desespero de sair logo da residência. Souza mexe no armário, nada de roupas ou sapatos. Olha em baixo da cama, só poeira acumulada. Ao se levantar ele sente a presença de alguém ali. Será o espírito de João Victor rondando por ali? Se Souza tivesse cabelo estaria com o couro cabeludo arrepiado. Toda a casa esta as escuras por isso ele procura nos bolsos do paletó sua pequena lanterna e a encontra no bolso interno. Sai do quarto do casal e vai até o quarto de João que fica ao lado. Tudo está como o finado adolescente deixou. A tristeza se aloja no coração do experiente policial e de repente ele deixa que uma lágrima brote. Aponta sua lanterna para os cantos do cômodo buscando algo que ele ainda não sabe o que é. Por um instante ele parece ouvir o barulho da festa que aconteceu antes de tudo começar. O som alto, os namoros, as bebidas proibidas, as risadas e João com sua mãe servindo os convidados.
          Ele olha tudo e nada que justifique a onda de suicídios naquela cidade. Quando já está desistindo, Souza resolve novamente quebrar o protocolo removendo o armário do adolescente. O celular vibra. Uma nova mensagem de Márcia; MAIS UM CASO. Ele balança a cabeça negativamente e lança o facho de luz atrás do armário e visualiza um volume. Se apertando ele consegue alcançar o tal objeto, um pequeno caderno, um diário. O diário está coberto de poeira causando espirros no investigador:
         - Droga! – espirra novamente. Souza vai folheando lentamente o caderno e quando vê esta sentado na cama de João lendo os segredos ali guardados. Lendo mais um pouco ele percebe que o tal diário não pertencia a João e sim a uma menina. – estranho, o que João fazia com um diário de uma menina? – passa mais folhas e uma delas chama sua atenção. – Querido diário, hoje foi o pior de todos os dias de minha sofrida vida. Mais uma vez meu pai me espancou tendo o apoio de minha mãe. Doeu bastante e pra falar a verdade está doendo até agora. Mais do que a dor física é a dor emocional, eu amo meu pai e minha mamãe, mais pra falar a verdade eu já não os suporto, por isso resolvi por um ponto final na minha historia. – Souza para e reflete. – resolvi dar fim aos espancamentos indo para o outro lado e sei que do outro lado é bem melhor. Por isso tomei o veneno que meu pai coloca para os ratos e acredite, já estou me sentindo mal, termino aqui me despedindo de você. – Souza para e pensa. Se levanta levando como ele o tal diário.

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         - Uma maldição! – afirma padre Ivan. – só pode ser isso Souza.
         - O senhor está certo disso padre?
         - Pode acreditar meu caro, com certeza esse garoto, João Victor, leu esse diário amaldiçoado.
         - O senhor realmente acredita nessas coisas! – diz Márcia.
         - Há coisas no mundo espiritual que nós nem imaginamos minha jovem. O espírito dessa menina está preso ao diário disso eu não tenho duvidas.
         - Me prove então! – fala Souza cético.
         - Leia sem falar essa frase aqui. – aponta. Souza lê só em pensamento. “Do outro lado é bem melhor”. – quem falou essa frase trouxe para si a maldição e logo..., vocês sabem muito bem.
         - O suicídio! – afirma Márcia. – agora tudo começa a fazer sentido, os familiares dos suicidas falavam que antes de cometerem tal coisa eles falavam coisas estranhas sem sentido.
         - Isso mesmo e provavelmente tudo começou com João Victor indo para Vânia chegando a sua família e logo se espalhando pela cidade. – fala Souza se dirigindo a janela. – e para quebrarmos a maldição? O que podemos fazer? – padre Ivan se levanta e recomenda.
        - Queime-o, tenha fé, só assim essa maldição terá fim.
        - Queima-lo. – olha para o diário em suas mãos.
        - Sim, agora.

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         Os três observam o pequeno diário em brasas no quintal da casa do padre que reza. Souza obre os olhos antes da oração terminar e vê as nuvens densas e escuras dando lugar ao sol que penetra no solo trazendo vida com seus raios. As chamas consomem o caderno e no coração do trio um único sentimento rege os corações; tudo chegou ao fim.
        Os suicídios acabaram. A vida dos moradores da cidade aos poucos vai se normalizando inclusive a de Souza e Márcia. Os dois estão tomando um café na lanchonete e conversam sobre tudo o que aconteceu:
         - Você sabe que eu nunca fui ligado a esse negocio de religião! – Márcia diz que sim com a cabeça. – mais esses acontecimentos me abriram os olhos e agora eu sei que...
         - Que existe um Deus no céu? – interrompe Márcia com um sorriso contagiante. Souza com um ar de riso afirma.
        - É, realmente existe um Deus lá em cima olhando para nós. – ele para e fica a contemplar a beleza da parceira que exibe seu par de olhos cor de mel e cabelos lisos. – eu vejo Deus em tudo inclusive em você! – Márcia cora:
        - Em mim? – sorrir sem jeito.
        - Sim, só ele mesmo para fazer uma mulher linda como você. – Márcia da mais um gole no café.
        - Por um acaso você está me cantando investigador Luis Souza?
        - Está funcionando?
        - Podes crê que está.

FIM


















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